6 de janeiro de 2025

Espécie rara de borboleta é registrada pela primeira vez no Espírito Santo

Ameaçada de extinção, a espécie Petrocerus catiena era conhecida apenas em localidades do Rio de Janeiro. Extensão de ocorrência da espécie passou de 252 km² para quase 6 mil km². Borboleta Petrocerus catiena foi encontrada no Espírito Santo, fora da área de ocorrência conhecida
Gustavo Magnago
Uma rara espécie de borboleta foi registrada pela primeira vez no estado do Espírito Santo. Ameaçada de extinção, a Petrocerus catiena tinha registros somente no Rio de Janeiro.
O clique foi feito por Gustavo Rodrigues Magnago, gerente da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), em dezembro de 2022. No momento da foto, ele estava a 1.100 metros de altitude, na Reserva Kaetés, município de Castelo (ES).
“A reserva hoje vive de doações, e saber que tem essas espécies ameaçadas aqui, é muito importante, porque reforça a importância da criação da reserva. Então, foi um motivo de muita alegria saber que a gente também está protegendo essa borboleta aqui”, conta Gustavo Rodrigues.
Os pesquisadores Laura Braga, do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA), Augusto Rosa e André Freitas, do Laboratório de Ecologia e Sistemática de Borboletas (LABBOR) da Unicamp identificaram a espécie e constataram que se tratava do primeiro registro dela fora do estado do Rio de Janeiro.
Borboleta está categorizada como “Em Perigo” (EN), pela lista nacional de espécies ameaçadas do ICMBio
Gustavo Magnago
Para isso, foram verificados dados da ocorrência do inseto em seis coleções científicas (privadas e públicas), onde estão depositados os 19 espécimes da borboleta e seis registros fotográficos de cientistas cidadãos.
Após a foto de Gustavo Magnano no Espírito Santo, a extensão de ocorrência estimada da espécie passou de 252 km² para quase 6 mil km², e a área de ocupação – área ocupada pela espécie no interior da sua extensão de ocorrência – passou de 10 km² para 16 km².
Maior área de distribuição
De acordo com Laura, a borboleta ocorre somente em floresta de altitude, acima de 1.100 metros. Por ter um habitat tão restrito e ser uma espécie mais rara, o desmatamento e degradação do habitat são grandes ameaças à espécie.
“A Petrocerus catiena foi descrita em 1875, não se tratando de uma nova espécie, mas ela era conhecida apenas de localidades no Rio de Janeiro, tendo uma distribuição geográfica muito restrita, por isso o primeiro registro no Espírito Santo foi tão importante”, explica ela.
Atualmente, a borboleta está na categoria Em Perigo (EN) da lista nacional de espécies ameaçadas do ICMBio. A pesquisadora ressalta a importância da criação de Unidades de Conservação (UCs) que protejam as florestas de altitude, auxiliando a continuidade dessa e outras espécies.
Registro da espécie feito após a publicação do artigo
Carlos Hartur Ribeiro Noia
“É importante manter o manejo adequado das UCs onde a espécie ocorre, como a Reserva Kaetés, evitando desmatamentos, queimadas, poluição e outros impactos. E, nas localidades de ocorrência que não são protegidas, é importante a criação de novas UCs”, explica.
Pensando na conservação da espécie, o biólogo Augusto Rosa explica a importância de envolver a comunidade local no processo.
“Isso é muito importante, pois grande parte dos registros atuais e o novo registro foram feitos por cidadãos cientistas, que não são pesquisadores, mas que tiveram colaborações fundamentais na pesquisa”, explica.
*Texto sob supervisão de Giovanna Adelle
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