Foram apreendidas 4,6 toneladas entre janeiro e novembro de 2024, o maior volume de crack interceptado no estado desde 2001, segundo a Secretaria da Segurança Pública. Homem foi preso com mais de um quilo de crack dentro do carro em Itaporanga (SP)
Reprodução/Polícia Militar
São Paulo registrou a apreensão de 4,6 toneladas de crack entre janeiro e novembro de 2024. Trata-se da maior quantidade de crack já apreendida ao longo de um ano no estado. É o que apontam dados da Secretaria Estadual da Segurança Pública (SSP), do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), obtidos pela GloboNews por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI).
A GloboNews obteve a série histórica de apreensão mensal de drogas do período pré-pandemia para cá, ou seja, desde janeiro de 2019. Essa série histórica reúne todas as apreensões de entorpecentes realizadas pelas policiais estaduais (Polícia Civil e Polícia Militar) no estado ao longo desse período.
A assessoria de imprensa da SSP complementou o levantamento com informações relativas às apreensões de crack feitas até novembro de 2024. Segundo o órgão, a quantidade de crack interceptada pelas policiais estaduais é a maior registrada desde 2001.
Todo dia 25, a SSP divulga as estatísticas criminais referentes ao mês anterior. Isso significa que apenas no dia 25 de janeiro deverão ser divulgados os principais indicadores – homicídios dolosos (intencionais), roubos, furtos, dentro outros – referentes a dezembro de 2024. Os volumes de drogas apreendidos, no entanto, não fazem parte do rol de informações divulgadas mensalmente pela pasta.
A secretaria disse, por meio de nota, que “os números reforçam o objetivo da atual gestão que é desarticular o ecossistema do crime organizado no Estado, que tem no tráfico de drogas uma das suas principais frentes” (leia mais abaixo).
De acordo com os dados obtidos por meio de LAI, 2024 já representa um recorde anual nas apreensões de crack no estado de São Paulo mesmo desconsiderando o volume apreendido entre novembro e dezembro. Isso significa dizer que, com a inclusão dos dados de dezembro, o recorde será ainda maior.
Segundo a série histórica, a pandemia da Covid-19 registrou um aumento expressivo no patamar de crack apreendido anualmente no estado. Em 2019 e em 2020, o estado registrou menos de duas toneladas de crack interceptadas a cada ano. Esse volume mais do que dobrou tanto em 2021 (4,06 toneladas apreendidas) e em 2022 (4,28 toneladas). Em 2024, a quantidade de crack apreendida aumentou ainda mais (4,6 toneladas entre janeiro e novembro).
2019: 1,9 tonelada
2020: 1,7 tonelada
2021: 4 toneladas
2022: 4,2 toneladas
2023: 2,3 toneladas
Jan. a nov. 2024: 4,6 toneladas
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Análise
Na avaliação de Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o aumento das apreensões de crack deve ser analisado à luz do contexto atual de alta tanto da oferta quanto da demanda de cocaína no mundo.
“É importante destacar que apreensões são muito influenciadas tanto pela quantidade em circulação de drogas, que têm aumentado em razão do crescimento da produção mundial de cocaína, quanto pela ação mais focada das polícias”, explicou.
De acordo relatórios do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), com dados relativos aos anos de 2021 a 2024, a produção e o consumo de cocaína no mundo cresceram ao longo dos últimos anos.
O crack é um derivado da cocaína. O Brasil, por ser a principal rota entre a Colômbia, maior produtor de cocaína no mundo, e Oceano Atlântico, por onde passa a droga que é transportada sobretudo à Europa, acaba sendo impactado por esses movimentos de oferta e de demanda da cocaína, segundo especialistas.
O que diz a SSP
A Secretaria da Segurança Pública disse em nota que “os números apresentados reforçam o objetivo da atual gestão que é desarticular o ecossistema do crime organizado no Estado, que tem no tráfico de drogas uma das suas principais frentes”. “Deste modo, a pasta tem investido em operações integradas entre as polícias, aliadas ao uso de inteligência e tecnologia, além do monitoramento de pontos sensíveis como o Centro de São Paulo, incluindo as Cenas Abertas de Uso, e a Baixada Santista”, informou a pasta.
A secretaria destacou que, “como resultado, em 23 meses de gestão foram apreendidas 456,8 toneladas de drogas, estimando-se um prejuízo de mais de R$ 2 bilhões ao crime organizado”. E que, “se considerados os números de janeiro a novembro do ano passado, o estado alcançou o maior recorde de apreensão de crack (4,6 t), desde 2001, que somado às apreensões de outras drogas, totalizou 189,4 t de entorpecentes retirados das ruas”.
A pasta disse ainda que “esses números impactaram os indicadores criminais, possibilitando quedas significativas e mais segurança ao cidadão”.