Segundo o MapBiomas, eventos naturais contribuíram no surgimento dos focos, mas a ação humana segue como a principal causa. Estudo da ong MapBiomas conclui que, em quase quatro décadas, o fogo atingiu quase um quarto do território brasileiro
Um estudo da ONG MapBiomas concluiu que, em quatro décadas, o fogo já atingiu quase um quarto do território brasileiro.
Os pesquisadores analisaram imagens de satélite e cruzaram dados de 1985 a 2023. Neste período, quase 200 milhões de hectares pegaram fogo ao menos uma vez no Brasil.
Segundo o MapBiomas, as causas naturais contribuíram no surgimento de focos, mas a ação humana segue como a principal causa. Os incêndios atingiram todos os biomas. O Cerrado e a Amazônia tiveram a maior área destruída, seguidos da Caatinga, Pantanal, Mata Atlântica e o Pampa.
Proporcionalmente, o Pantanal foi o bioma que mais sofreu com os incêndios. Em quatro décadas, o fogo atingiu quase 60% do bioma. E a situação se agravou nos últimos anos por causa das secas prolongadas.
“Já vem de um estresse hídrico provocado pela seca do ano passado. Vamos começar um período seco. Na realidade, a gente precisa ligar um pouco mais a ciência com a tomada de decisão para entender quando o clima pode ser um fator preponderante na ocorrência de grandes incêndios. E aí sim, decisões possam ser tomadas, como a redução do uso do fogo nas práticas agropecuárias”, explica Anne Alencar, coordenadora MapBiomas Fogo.
Estudo mostra que incêndios consumiram quase um quarto do território do Brasil em 40 anos
Jornal Nacional/ Reprodução
O estudo concluiu que quase a metade das áreas atingidas se concentra em três estados: Pará, Maranhão e Mato Grosso – onde o Pantanal é o bioma que mais preocupa. Segundo o INPE, o estado registrou quase 700 focos de calor em 2024 – um aumento de mais de 1.000% em relação ao mesmo período de 2023.
Desde segunda-feira (17), o estado de Mato Grosso proibiu o uso de fogo para limpeza e manejo em áreas no Pantanal. A medida vale até o fim de 2024. O governo também montou uma força tarefa para combater o fogo que atinge áreas no município de Poconé.
“Aqui no Pantanal, a gente tem uma dificuldade muito grande na questão da progressão do terreno, na questão da comunicação. A gente solicita que a população não coloque fogo. É um período que é muito complicado, que favorece a progressão dos incêndios”, fala tenente-coronel Pryscilla Souza, comandante do Batalhão de Emergências Ambientais do MT.