Permanecer em uma temperatura acima de 40ºC por mais de 4 horas, por exemplo, aumenta em 50% a mortalidade de idosos com hipertensão, insuficiência renal, diabetes e Alzheimer. Prefeitura do Rio divulga estudo que relaciona calor extremo a aumento da mortalidade em hospitais
A Prefeitura do Rio de Janeiro divulgou um estudo que relaciona o calor extremo a um aumento da mortalidade em hospitais.
Praia lotada por causa do calor beirando os 40ºC no Rio de Janeiro. Hospitais lotados pelo mesmo motivo. Na medida em que a temperatura sobe, aumentam os riscos para a saúde.
“Observamos que de outubro para cá, nós tivemos 1,5 mil atendimentos motivados por essa exposição excessiva ao calor. E aí inclui tontura, dor de cabeça, diarreia, vômitos, náuseas, visões turvas, e até mesmo queimaduras”, diz Berger Elias Guimarães, diretor-geral CER Leblon.
Elizabeth de Araújo Pereira, de 86 anos, tem hipertensão. Foi para o hospital em um dos dias quentes do verão:
“Muito mal-estar e suando muito, com falta de ar”, conta.
Foi o calor também que levou o zelador Reinaldo Patrocínio da Conceição, diabético e hipertenso, para o hospital.
“Foi tonteira, mal-estar muito grande. Você não consegue realizar nada”, diz.
Um estudo inédito da Secretaria Municipal de Saúde revela que as consequências do calor intenso podem ser muito mais graves do que se imagina. As altas temperaturas têm relação com o aumento da mortalidade, especialmente entre idosos e pessoas com doenças crônicas.
Durante um ano e meio, o estudo analisou dados de mais de 466 mil mortes naturais, registradas entre 2012 e 2024, em toda a cidade do Rio de Janeiro, e relacionou com a intensidade do calor nos dias em que aconteceram as mortes.
Permanecer em uma temperatura acima de 40ºC por mais de quatro horas, por exemplo, aumenta em 50% a mortalidade de idosos com hipertensão, insuficiência renal, diabetes, Alzheimer. A explicação é que com o calor extremo, as proteínas do corpo – já debilitado – sofrem alterações, provocando a liberação de substâncias inflamatórias no organismo. A pessoa perde minerais essenciais e o corpo entra em choque com o comprometimento de vários órgãos. O sangue vai para as extremidades do corpo, para tentar regular a temperatura. Com isso, a pressão arterial cai, comprometendo o funcionamento dos rins, dos pulmões e do coração. É um risco também para pessoas saudáveis.
Estudo relaciona calor extremo a aumento da mortalidade em hospitais
Jornal Nacional/ Reprodução
Um dos dias mais quentes analisados pelo estudo foi 18 de novembro de 2023. Nesse dia, o calor matou Ana Clara Benevides, de 23 anos, enquanto esperava pelo show de Taylor Swift, no Rio, e também foi recorde de mortes de idosos.
“Só nesse dia foram 151 mortes em idosos, que foi o maior número da série histórica para essas causas que a gente analisou no estudo”, diz João Henrique Moraes, analista de vigilância em saúde da Fiocruz.
O estudo pode ajudar moradores do Brasil todo com recomendações para dias de calor intenso.
“A gente pode orientar que as pessoas não trabalhem com exposição direta ao sol. A gente pode reforçar a orientação aos idosos, aos hipertensos, aos pacientes diabéticos que têm maior risco de internarem. E é importante que a gente tome atitudes para prevenir que esses óbitos aconteçam”, afirma Daniel Soranz, secretário municipal de saúde do Rio de Janeiro.
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