12 de janeiro de 2025

Estudo revela que aumento dos casos de dengue está relacionado ao El Niño

Calor intenso e duradouro, chuva constante, água parada em grandes quantidades são um convite para o aedes aegypti depositar ovos e se proliferar. Estudo revela que aumento dos casos de dengue está relacionado ao El Niño
Pesquisadores brasileiros concluíram estudos que relacionam os fenômenos climáticos com o aumento dos casos de dengue no país.
Calor intenso e duradouro, chuva constante, água parada em grandes quantidades são um convite para o mosquito aedes aegypti, transmissor da dengue, depositar ovos e se proliferar.
Segundo meteorologistas, as temperaturas acima da média são, em parte, influência do El Niño, fenômeno climático que esquenta as águas do oceano pacífico, impactando na temperatura e as chuvas em regiões do planeta.
Estudos publicados em revistas internacionais mostram que em ano de El Niño o número de casos de dengue tende a aumentar. Ao longo de quase uma década e meia, em cada uma das cinco vezes que o fenômeno atuou durante o verão no Brasil passou de 1 milhão o número de pessoas infectadas.
Em 2024, até agora o mês de março, o número de pessoas infectadas com dengue já é quase o mesmo de 2023 inteiro.
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O médico brasileiro William Souza, professor da universidade americana de Kentucky, é autor de uma pesquisa sobre doenças provocadas por mosquitos. O estudo acaba de ser publicado em uma revista internacional especializada e diz que as mudanças climáticas e a movimentação em massa das pessoas podem estar potencializando a incidência de doenças como a dengue.
“Além do El Niño, pode estar desempenhando um papel importante desses números de dengue hoje do Brasil, isso inclui tanto mobilidade humana, quanto mais pessoas morando em centros urbanos, onde o mosquito é adaptado para viver na cidades, e além obviamente da introdução de novas variações do vírus da dengue que pode fazer com que a população, que não havia sido exposta previamente, seja exposta e atingido esse número que a gente tem observado hoje”, explica William.
Um outro estudo da Fundação Oswaldo Cruz, publicado na Scientific Reports, analisou dados do clima em um intervalo de 20 anos e viu uma relação entre o aumento do calor e a incidência da dengue onde antes a doença não era comum.
“Do interior do Paraná, Goiás, DF, Mato Grosso do Sul, isso está se tornando quase permanente. A gente tinha cinco dias de anomalia de calor. Agora, está tendo 20, 30 dias de calor acima da média ao longo do verão, isso dispara o processo de transmissão de dengue tanto por causa do mosquito quanto circulação de pessoas”, diz Christovam Barcellos, pesquisador do observatório do clima – Fiocruz.
Tércio Ambrize, diretor do Instituto de Energia e Ambiente da USP, diz que os fenômenos climáticos potencializam a duração dos ciclos do mosquito.
“O El Niño, ele deve desaparecer completamente para abril, início de maio. A gente passa por um período neutro e depois há uma grande tendência de ter o seu oposto, a La Niña. Ao acontecer isso, provavelmente as regiões Sul e Sudeste, você tem temperaturas mais amenas que é contrária proliferação do mosquito. Por outro lado, você ainda tem as temperaturas altas no Norte e Nordeste e você tem aí um prato cheio em chuvas temperaturas altas e, portanto, a proliferação do mosquito”, diz Tércio.
Pesquisadores apontam que a nova dinâmica de doenças como a dengue exige que as autoridades planejem melhor as ações de prevenção.
“Aumentar a vigilância para diagnosticar as pessoas é uma primeira etapa. Outra etapa é controle de vetores é uma necessidade crítica, porque sem o vetor não vai ter a doença. Vacinas que protejam não só contra uma única doença, mas que protejam contra múltiplas doenças. Isso é uma outra coisa que a gente observa que pode ser muito efetivo no combate desses patógenos. Então, são alguns dos fatores para que a gente consiga mudar”, acrescenta William.
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