9 de janeiro de 2025

‘Eu me sinto ofendida’, diz mãe de Isabella Nardoni sobre Alexandre Nardoni, condenado e preso por matar filha, poder sair da cadeia em abril

Ana Carolina Oliveira criticou decisão judicial que dará benefício ao pai de Isabella. Ana Carolina Oliveira fala ao Programa Encontro sobre ida de Alexandre Nardoni para o regime aberto em abril. Ele foi condenado pelo assassinato de Isabella, filha dos dois
Reprodução/TV Globo
“Eu me sinto ofendida. Como mãe e até em memoria da minha filha. A gente sabe que vai acontecer, mas não espera que isso aconteça”, disse Ana Carolina Oliveira, a Carol, mãe de Isabella Nardoni, sobre Alexandre Nardoni, condenado por matar a filha deles em 2008 em São Paulo, poder sair da cadeia em abril. A declaração dela foi dada nesta terça-feira (12) ao Programa Encontro da TV Globo.
Alexandre deverá receber a partir do dia 6 no próximo mês a autorização da Justiça paulista para progredir da prisão em regime semiaberto para o aberto. Carol fará 40 anos no dia 5 de abril. “Um dia depois do meu aniversário”, disse ela. “Sabendo tudo que aconteceu, sabendo essa história, vivendo esse luto, eu me sinto bem triste.”
Carol atualmente é bancária, está casada e tem dois filhos: um menino e uma menina.
Nesta semana, o pai de Isabella deixará temporariamente a penitenciária em Tremembé, interior paulista, onde cumpre a pena de 30 anos pelo assassinato de Isabella. Como está no regime semiaberto, Alexandre tem direito às saídas temporárias previstas na lei. Depois tem de voltar para a prisão. Ele tem 44 anos atualmente.
“Graças a Deus a Justiça na época foi feita e eu tive essa oportunidade porque a gente sabe quantos casos hoje isso não acontece. Mas é bem pouco tempo 16 anos pro tamanho do crime que aconteceu. E saber que minha filha não vai voltar, saber que minha filha não tem essa oportunidade. Ela não vai voltar, ela não vai viver”, falou Carol.
A madrasta de Isabella e esposa de Alexandre, Anna Carolina Jatobá, foi condenada a 26 anos de prisão pela morte da enteada. Em junho do ano passado, Jatobá também havia conseguido na Justiça o benefício da prisão em regime aberto.
O modelo aberto de prisão estabelece que a pessoa condenada cumpra o restante da pena em sua casa, devendo trabalhar durante o dia, não sair à noite e nos dias de folga, e fica proibido de sair da cidade onde está morando. Além disso tem de comparecer regularmente a um fórum para comunicar e atualizar informações sobre sua atividade profissional.
“Não tenho muito o que falar. Triste a decisão. Lamentável saber que nossa lei dá esses direitos”, havia dito Carol, ao g1 em 2023, sobre a decisão da Justiça que deu o regime aberto a Jatobá. A madrasta de Isabella também tem 39 anos.
A reportagem não conseguiu contato com a defesa do casal Nardoni para comentar o assunto.
Ana Carolina Oliveira e a filha Isabella Nardoni; ao lado, Anna Carolina Jatobá, presa e condenada por assassinar a enteada em 2008
Reprodução/Arquivo Pessoal/TV Globo
O crime
Isabella tinha 5 anos quando foi encontrada morta no Edifício London, na Zona Norte da capital paulista. Para a Polícia Civil, que investigou o caso como homicídio e não como uma queda acidental, Jatobá e seu marido, Alexandre, pai da criança, mataram a menina. A mãe dela, Carol, morava em outro local e havia deixado a filha passar alguns dias com o ex-marido.
Segundo o Ministério Público (MP), Jatobá e Alexandre agrediram e mataram Isabella dentro do apartamento. De acordo com a acusação, a madrasta esganou a menina e o pai jogou o corpo da filha do sexto andar em 29 de março de 2008. Eles foram acusados ainda de cortarem a tela de proteção da janela para fazer isso.
Os dois acusados sempre negaram o crime, mas foram presos logo depois. Jatobá e Alexandre alegavam que uma outra pessoa não identificada pode ter invadido a residência e matado a garota quando eles não estavam no imóvel. Essa suposta ‘pessoa’ nunca foi localizada pela investigação.
Casal Nardoni condenado
Em 2010, Jatobá e Alexandre, que ficaram conhecidos como o casal Nardoni, foram julgados e acabaram condenados pela Justiça. Ela recebeu pena de 26 anos de prisão; ele, 30 anos. O pai de Isabella está detido na Penitenciária masculina de Tremembé, no regime semiaberto.
Caso Nardoni: 15 anos após o crime, como estão os condenados pela morte da menina Isabella
Imagem de arquivo – Anna Carolina Jatobá, condenada pela morte da enteada Isabela Nardoni, em saidinha temporária em 2019.
Poliana Casemiro/ G1
Regime aberto
No regime aberto, o condenado cumpre pena fora da prisão e pode trabalhar durante o dia. À noite, deve se recolher em endereço autorizado pela Justiça.
A legislação determina que o preso se recolha no período noturno em uma casa de albergado – modelo prisional que abriga presos que estão no mesmo regime -, mas o Estado de São Paulo não dispõe desse tipo de unidade prisional. Por isso, na prática, os presos vão para casa.
Para não perder o benefício, o condenado precisa seguir algumas regras, como:
permanecer no endereço que for designado durante o repouso e nos dias de folga;
cumprir os horários combinados para ir e voltar do trabalho;
não pode se ausentar da cidade onde reside sem autorização judicial;
quando determinado, deve comparecer em juízo, para informar e justificar suas atividades.
Mesmo seguindo essas condições básicas, o juiz pode estabelecer outras condições especiais, de acordo com cada caso.
Jatobá era costureira na prisão
Caso Nardoni: 15 anos após o crime, como estão os condenados pela morte da menina Isabella
Nilton Fukuda/Estadão Conteúdo/Arquivo e Luiza Veneziani/g1/Arquivo
Jatobá trabalhou como costureira na penitenciária no interior de São Paulo e conseguiu reduzir a pena. Em 2017, ela progrediu ao regime semiaberto e, desde então, era beneficiada com as saidinhas temporárias.
Disse também planejar após ter a liberdade definitiva buscar apoio dos familiares, manter o relacionamento com o marido Alexandre Nardoni, fazer um curso de moda e abrir um ateliê de costura.
Pai e madrasta de Isabella Nardoni foram condenados pela morte dela em 2008.
reprodução TV Globo

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