26 de dezembro de 2024

Eu Te Explico #113: entre a luta contra o racismo e a beleza negra, 50 anos do Ilê Aiyê são celebrados com documentário na TV Bahia


Participam do episódio Vovô do Ilê, a estilista Dete Lima e a cantora Graça Onasilê. Entrevista conta ainda com a participação dos jornalistas Alexandre Lyrio, Ricardo Ishmael e Sheiliane Santos. Primeiro de novembro de 1974. O Brasil vivia os anos difíceis da ditadura militar e, em Salvador, nascia o primeiro bloco afro do brasil, o Ilê Aiyê. Ao completar 50 anos, um dos marcos da celebração é o lançamento do documentário “Ilê Aiyê: a casa do mundo”, uma produção do jornalismo da TV Bahia e que dá início a série de conteúdos especiais produzidos pela emissora para as reflexões do Novembro Negro.
📺 ASSISTA: o documentário “Ilê Aiyê: a casa do mundo” será transmitido pela TV Bahia e g1 Bahia na sexta-feira (1º), no horário da Sessão da Tarde. Além disso, ficara disponível no g1 Bahia e na Globoplay.
Nesta edição do podcast Eu Te Explico, o apresentador Fernando Sodake conversa com três pessoas que fazem parte dessa história: Vovô do Ilê, um dos fundadores do bloco, Dete Lima, estilista responsável pelos figurinos e cores das roupas nas apresentações, e Graça Onasilê, primeira cantora a assumir os vocais do bloco afro.
Documentário da TV Bahia em homenagem aos 50 anos do Ilê Aiyê tem pré-estreia em Salvador
Participam também três jornalistas que cuidaram da produção do documentário: Alexandre Lyrio, coordenador e roteirista do projeto, Ricardo Ishmael, que atuou na coordenação e reportagem, e Sheiliane Santos, que esteve à frente da pesquisa e edição.
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Vovô do Ilê, Dete Lima (de turbante) e Graça Onasilê participam do podcast Eu Te Explico
g1 BA
Memórias do Ilê Aiyê
Fundador do Ilê, Vovô lembrou o primeiro desfile do bloco em 1974. Em suas lembraças estão os rituais de candomblé feitos pela matriarca do Ilê Aiyê, Mãe Hilda, que faleceu em 2009, e uma falta de energia elétrica que trouxe nervosismo aos organizadores da iniciativa.
“Foi um negócio muito forte. Nós subimos o Curuzu e as pessoas perguntavam. Mãe Hilda começou a fazer o ritual da saída e se tornou espetáculo à parte, algo muito forte e que até hoje atrai muita gente para a saída do Ilê”, recordou.
Mãe Hilda Jitolu
Redes sociais/ Instituto Mãe Hilda Jitolu
A figurinista Dete Lima aproveitou para contar como sua vivência no terreiro de candomblé foi crucial para que a identidade visual do Ilê se tornasse algo emblemático.
“Desde muito nova ficava imaginando o que poderia fazer na cabeça e no corpo de uma mulher negra com os tecidos. Tinha uma frase muito forte que Mãe Hilda sempre falava para os filhos: ‘vocês são negros, bonitos e têm que se orgulhar disso'”, disse.
A cantora Graça Onasilê, primeira voz feminina do Ilê, lembrou dos desafios enfrentados ao lidar com um ambiente ocupado até aquele momento apenas por homens.
“Senti uma responsabilidade grande. Estava representando as mulheres, mostrando força e poder”, comentou.
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Jornalistas relatam desafios na produção
Documentário sobre o Ilê Aiyê foi conduzido pelos jornalistas Alexandre Lyrio, Ricardo Ishmael e Sheiliane Santos
g1 BA
Os jornalistas envolvidos no documentário “Ilê Aiyê: a casa do mundo” relataram ao Eu Te Explico os desafios e emoções no trabalhou que envolveu quase 60 entrevistas e profunda pesquisa. Entre os artistas entrevistados estão Gilberto Gil, Caetano Veloso, Daniela Mercury, Lazzo Matumbi, Ivete Sangalo e Carlinhos Brown.
“Me vi em alguns momentos, por ser uma mulher negra, nas falas das mulheres que representam o Ilê”, disse a jornalista Sheiliane Santos.
O apresentador Ricar Ishmael, que durante a produção do documentário acompanhou o Ilê Aiyê em uma turnê pelo Marrocos, no norte da África, reforçou que o documentário apresenta a importância da luta antirracista que ganha força com o Ilê Aiyê.
“É um documentário sobre nós, sobre o que somos enquanto povo, Estado e País. É sobre a vida de mulheres e homens que há cinco décadas lutam e enfrentam o racismo na nossa sociedade. São mulheres e homens que, através da música e da poesia, dão aulas sobre o que é afirmação, identidade e busca por mais espaço”, completou.
A sensação de devem cumprido está também com o jornalista Alexandre Lyrio. Ele contou que, após o carnaval de 2024, surgiu a ideia de produzir algo especial para o bloco afro que ganhou o mundo e passou a ser chamado de o mais belo dos belos.
Com a experiência de quem pesquisa o Ilê Aiyê, ele acredita que ponto forte da produção é a presença constante de Mãe Hilda.
“Todo mundo agradece Mãe Hilda e o terreiro Jitolu, onde tudo acontecia, principalmente no início. Isso ficou muito claro na pesquisa. Futucamos o acervo do Ilê, foram três caixas com muitas fotos e fita VHS antigas”, finalizou.
Você pode ouvir o Eu Te Explico no g1, GloboPlay, Spotify, Deezer e Amazon Music. Siga o Eu te Explico para ser avisado sempre que tiver novo episódio.
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Estilista do Ilê Aiyê fala sobre criação das roupas do 1° bloco afro do Brasil
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