23 de janeiro de 2025

EUA começam a mandar tropas para a fronteira com o México; governo planeja enviar até 10 mil soldados


Em um primeiro momento, 1.500 soldados estão sendo mobilizados para reforçar a segurança na região. Aeronaves militares poderão ser usadas para deportar imigrantes ilegais. Agente da Guarda Nacional dos EUA inspeciona fronteira entre o México e Estados Unidos
REUTERS/Cheney Orr
Os Estados Unidos começaram a enviar tropas para a fronteira com o México nesta quarta-feira (22), segundo o Departamento de Defesa do país. O governo anunciou que 1.500 soldados estão sendo preparados para reforçar a segurança na região. Ao longo dos próximos meses, até 10 mil militares podem ser enviados para atuar na área.
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Atualmente, cerca de 2.200 tropas do Exército, além de membros da Guarda Nacional, estão trabalhando na fronteira entre México e Estados Unidos. Nesta quarta-feira, 500 fuzileiros navais foram enviados para a região.
Fontes ouvidas pela agência Reuters afirmaram que número de soldados atuando na região deve crescer nos próximos meses. Isso, no entanto, dependerá de outros fatores que serão avaliados ao longo do tempo.
Autoridades do Departamento de Defesa afirmaram ainda que aeronaves militares podem ser usadas para deportar imigrantes ilegais.
“Isso é consequência da ação do primeiro dia de [governo Trump] para direcionar o Departamento de Defesa a tornar a segurança interna uma missão central da agência”, disse a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt.
O envio de tropas do Exército para a fronteira entre Estados Unidos e México é uma promessa de campanha do presidente Donald Trump.
Ainda nesta quarta-feira, a Casa Branca anunciou que o governo suspendeu a entrada de imigrantes ilegais pela fronteira com o México. Na prática, os Estados Unidos fecharam a porta para estrangeiros que tentavam ingressar no país sem visto para pedir asilo.
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Na segunda-feira (20), logo após tomar posse, Trump declarou emergência na fronteira com o México. Isso facilita a liberação de recursos federais para a região. Um dos objetivos do presidente é retomar a construção de um muro entre os dois países.
Outras medidas para deter imigrantes ilegais também foram assinadas. O republicano garante que vai fazer a maior deportação em massa da história do país, com milhões de imigrantes ilegais sendo expulsos. Veja algumas medidas adotadas a seguir.
🚨 Emergência nacional: uma das primeiras medidas de Trump foi assinar uma medida para declarar emergência na fronteira entre México e Estados Unidos.
O presidente anunciou que tropas do Exército e da Guarda Nacional serão enviadas à região para reforçar a segurança.
Além disso, agentes federais de imigração receberam poderes ampliados para deter suspeitos.
A medida também facilita a liberação de recursos para retomar a construção do muro na fronteira.
Por fim, o governo também encerrou programas que permitiam a entrada de estrangeiros por motivos humanitários.
👶 Fim da cidadania automática: Trump emitiu uma ordem executiva eliminando o direito à cidadania para filhos de imigrantes ilegais ou com vistos temporários nascidos nos EUA.
Antes, quando imigrantes em situação ilegal tinham um filho em solo americano, a criança ganhava cidadania americana automaticamente.
A mesma coisa acontecia quando a mãe viajava aos Estados Unidos com um visto temporário, como o visto de turista. Se a criança nascesse durante o período da viagem, ganhava cidadania também.
Celebridades brasileiras já usaram essa estratégia para obter a cidadania americana para seus filhos.
Juristas afirmam que a medida contradiz a 14ª Emenda da Constituição, que garante cidadania a qualquer pessoa nascida no país.
Estados governados por democratas entraram com ações judiciais contra a medida.
“Presidentes são poderosos, mas ele não é um rei. Ele não pode reescrever a Constituição com um simples golpe de caneta”, afirmou Matthew Platkin, procurador-geral de Nova Jersey.
✈️ Deportação expressa: o governo Trump ampliou o alcance da chamada deportação acelerada, que permite expulsões rápidas de imigrantes ilegais sem a necessidade de uma audiência judicial.
Qualquer imigrante que não comprove que reside há dois anos nos EUA pode ser alvo.
Sob Biden, a deportação expressa possuía algumas limitações. Por exemplo, a medida só era adotada em todo o país para quem entrasse nos Estados Unidos por via marítima e estivesse a menos de dois anos no país.
Ainda durante o governo Biden, quem entrava por via terrestre só poderia ser alvo da deportação expressa se fosse detido a até 160 km da fronteira e estivesse no país há menos de 14 dias.
Agora, todas essas restrições foram eliminadas. Segundo o governo, a medida está dentro dos limites legais estabelecidos pelo Congresso.
A deportação expressa já foi alvo de polêmica durante o primeiro mandato de Trump. O caso chegou a parar na Suprema Corte.
⛪ Prisões em áreas protegidas: o Departamento de Segurança Interna (DHS, na sigla em inglês) revogou uma proibição de 2021 sobre prisões de imigrantes em locais como hospitais, igrejas e escolas.
Antes, prisões de imigrantes não podiam ocorrer nesses locais, para garantir acesso seguro a serviços básicos.
O governo Biden também argumentava que operações do tipo poderia criar medo nas comunidades americanas.
Com a mudança, agentes podem realizar prisões de imigrantes em hospitais, igrejas e escolas.
Benjamine Huffman, secretário interino de Segurança Interna, afirmou que “assassinos e estupradores” não poderão mais usar esses locais como esconderijos.
“A Administração Trump não amarrará as mãos de nossos bravos agentes da lei e, em vez disso, confia que eles usarão o bom senso”, afirmou Huffman.
🟢 “Fique no México”: o governo Trump anunciou que está retomando um programa que foi adotado durante o primeiro mandato, mas que foi revogado por Biden.
A iniciativa obriga que estrangeiros que pedem asilo aos Estados Unidos, com exceção de mexicanos, aguardem a análise da solicitação no México.
Na segunda-feira (20), o governo tirou do ar um aplicativo usado para agendar entrevistas de asilo.
Todos os agendamentos para pedidos de asilo que já estavam feitos foram cancelados.
A medida gerou indignação e tristeza entre imigrantes que aguardavam para entrar nos Estados Unidos na fronteira com o México.
🌐 Restrição na entrada: o DHS emitiu uma diretriz para restringir o uso da chamada “parole”.
A ferramenta permite a entrada legal de imigrantes em situação de emergência e foi amplamente usada na gestão Biden.
A parole também serve para fins humanitários e beneficiou pessoas de várias nacionalidades, como ucranianos, cubanos e venezuelanos.
Segundo o DHS, o governo Biden permitiu que 1,5 milhão de imigrantes entrasse no país por meio do benefício de forma indiscriminada.
Agora, tudo será analisado caso a caso, de acordo com o departamento.
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