Alexander Neves Lopes atua na Baixada Santista, no litoral de São Paulo, e estava responsável pela defesa de Paulo Cupertino. Advogado Alexander Neves Lopes defendia Paulo Cupertino, acusado de matar Rafael Miguel e os pais dele
Arquivo Pessoal e Divulgação/Polícia Civil
O advogado Alexander Neves Lopes deu detalhes ao g1, nesta sexta-feira (18), sobre o motivo que levou à desconstituição dele da defesa de Paulo Cupertino, acusado de assassinar o ator Rafael Miguel e os pais dele em 2019. A decisão ocorreu durante o intervalo do julgamento, que precisou ser anulado porque a lei não permite que um réu seja julgado sem um defensor.
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Paulo Cupertino, de 54 anos, está preso acusado de matar Rafael Miguel, de 22 anos, e o casal João Alcisio Miguel, de 52, e Miriam Selma Silva Miguel, 50. De acordo com a acusação, o empresário cometeu o crime por ciúmes. Ele não aceitava o namoro da filha Isabela Tibcherani com o ator.
O júri teve início em 10 de outubro, no Fórum Criminal da Barra Funda, na Zona Oeste de São Paulo. Alexander Neves é da Baixada Santista, no litoral de São Paulo, e entrou no plenário na capital paulista como advogado responsável pela defesa de Cupertino.
Ao g1, ele garantiu que a desconstituição não foi uma tática defensiva para adiar o julgamento.
“Conheço muito bem o processo, estudei muito o processo, conversei com ele antes do julgamento […]. Estava totalmente preparado para fazer a defesa dele”, relatou Alexander.
O advogado contou que chegou a acionar o juiz para fazer pedidos que beneficiaram o réu, como que ele usasse trajes civis ao invés do uniforme do Centro de Detenção Provisória (CDP). “Calça e camisa social. Isso é um direito dele, inclusive, bem como a apresentação dele sem algema. E isso ocorreu, o magistrado autorizou”, relembrou.
Segundo Alexander, o cliente foi autorizado a ouvir o depoimento de Vanessa, ex-mulher de Cupertino e mãe de Isabela, mas teve um problema e começou a se alterar no plenário. Mesmo assim, acompanhou o relato. Logo depois, o juiz suspendeu a sessão para alimentação dos jurados.
“Ele [Cupertino] falou para mim que não ia voltar se ele voltasse com algema. Eu conversei com o magistrado novamente, expliquei a situação e isso foi feito. O juiz autorizou voltar sem algema, porém, o próximo depoimento era da Isabela”, disse Alexander.
Cupertino, no destaque, durante julgamento
Divulgação/Tribunal de Justiça
De acordo com Alexander, o réu ficou ainda mais incomodado quando soube que não poderia assistir o depoimento da filha porque ela optou por não depor na frente dele. “Isso, na verdade, foi o grande estopim. […] Ele começou a falar alto, queria que eu desse essa possibilidade para ele presenciar o depoimento da Isabela, mas ela está amparada pela lei, eu não posso fazer nada”, afirmou.
Ainda segundo ele, Cupertino se alterou muito e começou a falar que não queria Alexander como advogado. “Essa foi a desconstituição. Gerou uma falta de confiança, tanto minha com ele, quanto dele comigo. É isso exatamente o que ocorreu”, relatou, dizendo que não foi agredido pelo cliente.
Na ata da audiência, que o g1 teve acesso, consta que o réu destituiu o seu então advogado, “informando que houve quebra da confiança”. Em seguida, Paulo Cupertino solicitou patrocínio da Defensoria Pública.
“Existe a falta de confiança, uma vez que ele queria, de qualquer forma, estar presente no depoimento da Isabela e isso não ocorreu, e houve depoimento de Isabela. No final, ele se alterou muito, inclusive falando dessa quebra de confiança que não queria que eu patrocinasse mais a causa, mas a verdade é que não tem o que fazer”, disse Alexander, que havia entrado no caso no segundo semestre de 2023.
A Justiça anulou o julgamento e constituiu um defensor público para Paulo Cupertino. Desta forma, um novo júri será marcado. Em nota, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) informou que ainda não há nova data para o julgamento.
Isabela Tibcherani e Rafael Miguel
Reprodução
Depoimentos
Um vídeo gravado pela Justiça com o depoimento da filha de Paulo Cupertino mostra o que Isabela Tibcherani falou sobre o pai. Além da filmagem de Isabela, também há a gravação do que a mãe dela, Vanessa, outra testemunha no caso, disse no plenário sobre o ex-marido (veja abaixo). As duas se emocionaram e choraram nos depoimentos, que duraram mais de duas horas no total.
Filha e ex de Paulo Cupertino depõem em júri em SP
Vanessa foi a primeira a depor e contou que o ex-marido era agressivo e batia nela. Isabela falou depois e lembrou que também apanhava do pai, principalmente quando ele descobriu que a filha estava namorando Rafael. Chegando ao ponto, segundo Isabela, de mantê-la presa dentro da própria casa durante oito meses.
Amigos réus
Além de Cupertino, os amigos dele, Eduardo Machado, de 45 anos, e Wanderley Senhora, de 59, são réus no mesmo processo e serão julgados no próximo júri. Eles são acusados de favorecimento pessoal por terem ajudado o empresário a fugir e se esconder após o crime. Ambos respondem em liberdade e, segundo as suas defesas, também negam as acusações.
No alto, da esquerda para a direita: Eduardo Jose Machado, Paulo Cupertino Matias e Wanderley Antunes Ribeiro Senhora. Os três são réus no processo que apura os assassinatos de Rafael Henrique Miguel e dos pais dele, João Alcisio Miguel e Miriam Selma Silva Miguel
Reprodução/TV Globo e Arquivo pessoal
Cupertino chegou a se esconder em outros estados e países. Ele só foi preso quase três anos após o crime, em 17 de maio de 2022, quando a Polícia Civil o encontrou escondido e disfarçado, com identidade falsa e nome de outra pessoa em um hotel em São Paulo.
Cupertino chegou a dizer aos jornalistas que acompanharam sua prisão que ele é “inocente” e não matou “ninguém”. Apesar disso, ficou em silêncio quando foi interrogado na delegacia e ainda não falou nada à Justiça sobre os assassinatos e sua fuga.
O empresário está preso preventivamente no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Guarulhos, na Grande São Paulo.
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