Presidente do PT foi escolhida por Lula para comandar a Secretaria de Relações Institucionais, responsável pela articulação com o Congresso. Ela voltará ao Palácio do Planalto após ter sido ministra no governo Dilma Rousseff. Deputada federal, Gleisi Hoffmann (PT) afirmou ser contra taxar combustíveis.
Reuters via BBC
Ex-braço direito de Dilma Rousseff, militante de esquerda e fiel ao presidente Lula até nos momentos mais difíceis, a deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR) assume um papel no governo: será a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, responsável pela articulação política entre o Planalto e o Congresso.
Atual presidente do PT, Gleisi sempre esteve na linha de frente da defesa do partido e de seus principais líderes. No impeachment de Dilma, em 2016, foi uma das ministras mais fiéis à ex-presidente até o último dia. Durante os 580 dias de prisão de Lula, em Curitiba, foi presença constante ao lado do petista, reforçando sua lealdade.
Agora, volta ao governo com um perfil que divide opiniões: é combativa, direta e crítica da agenda econômica de Fernando Haddad, frequentemente se posicionando contra medidas que buscam conciliar o governo com o mercado financeiro.
Gleisi Hoffmann é confirmada na Secretaria de Relações Institucionais do governo
A trajetória de Gleisi
Nascida em Curitiba, em 1965, Gleisi se formou em Direito e entrou na política pelo movimento estudantil. Filiou-se ao PT em 1989 e, ao longo dos anos, ocupou cargos técnicos e políticos dentro da administração pública.
Itaipu Binacional (2003-2006): foi diretora financeira da estatal durante o primeiro governo Lula.
Senadora (2011-2018): foi eleita pelo Paraná e, no primeiro mandato, licenciou-se para ser ministra da Casa Civil de Dilma Rousseff entre 2011 e 2014.
Presidente do PT (desde 2017): comandou o partido durante a Lava Jato, a prisão de Lula e a eleição de Bolsonaro.
Deputada federal (desde 2019): voltou à política parlamentar, mantendo forte atuação na defesa do governo e do ex-presidente.
Fiel ao PT, mas crítica da economia
Dentro do partido, Gleisi é um dos nomes mais respeitados pela militância de esquerda. Sua escolha para o governo não foi um movimento para fortalecer a articulação política no Congresso, mas sim para reforçar a base petista nos estados e garantir a mobilização para as eleições de 2026.
Apesar da lealdade a Lula, ela tem um histórico de atritos com setores do governo, especialmente com a equipe econômica de Fernando Haddad. Gleisi defende maior intervenção do Estado na economia e já criticou publicamente a política fiscal e monetária adotada pela Fazenda e pelo Banco Central.
O que esperar da nova ministra?
Diferente de antecessores na Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi não tem o perfil tradicional de negociadora de bastidores. Seu estilo é de embate, o que pode gerar desafios na relação com o Congresso, onde a pasta precisa dialogar com partidos de centro e centro-direita para garantir apoio ao governo.
Por outro lado, sua presença no Planalto dá um recado claro sobre os planos de Lula: mais do que negociar votos no dia a dia, a prioridade é a mobilização do PT e da base social para 2026.