17 de novembro de 2024

Ex-marido de mulher atropelada três vezes e morta no DF registrou boletim de ocorrência contra suspeito de feminicídio

Juliana Barboza Soares, a mãe dela, e a filha, de 5 anos, foram atropeladas quando voltavam da comemoração de aniversário da vítima. Wallison Felipe de Oliveira, preso pelo crime e ex-namorado de Juliana, ‘tinha um perfil de uma pessoa muito violenta’, disse primeiro marido da vítima e pai da criança. Juliana Barboza Soares morreu após ser atropelada duas vezes pelo mesmo motorista no Gama, no Distrito Federal
Montagem/g1
Wallison Felipe de Oliveira, de 29 anos, é investigado por feminicídio depois de passar o carro três vezes por cima da família da ex-namorada, na noite de terça-feira (20), quando Juliana Barboza Soares voltava da comemoração do seu aniversário de 34 anos. O crime ocorreu por volta das 23h, na região do Gama, no Distrito Federal (veja vídeo mais abaixo).
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Juliana Barboza Soares morreu na hora. A filha dela, de 5 anos, e a mãe de Juliana foram hospitalizadas.
Antes do crime, o ex-marido da vítima e pai da criança, Antônio Adonel Gomes, já tinha registrado um boletim de ocorrência contra o suspeito de feminicídio por conta de ameaças (veja entrevista abaixo).
“Ele tinha um perfil de uma pessoa muito violenta. Ele muitas vezes me ligava de madrugada pra me ameaçar. Eu cheguei a registrar uma ocorrência aqui na 14ª Delegacia de Polícia de ameaça”, diz o ex-marido de Juliana Barboza Soares.
Ex-marido de Juliana fala sobre ameaças que recebeu de suspeito de feminicídio.
Testemunhas afirmam que o relacionamento de Juliana e Wallison durou cerca de dois anos e era marcado por brigas e violência. Antônio Adonel Gomes afirma que a ex-esposa ligou para a polícia algumas vezes após ameaças de Wallison.
“Algumas vezes a Juliana teve até que chamar a polícia, tanto a Polícia Civil como Polícia Militar pra atender situações na casa dela, dele querer agredi-la, se apossar do celular dela, ficar esmiuçando celular”, conta Antônio Gomes.
Wallison Felipe de Oliveira, preso na quarta-feira (21), ficou em silêncio durante depoimento à polícia. O advogado de Wallison disse que ele “só vai se manifestar perante a Justiça”.
Segundo o delegado da 14ª Delegacia de Polícia, William Andrade Ricardo, a Justiça expediu o mandado de prisão temporária – que tem prazo de 30 dias. Wallison Felipe de Oliveira foi levado para o Instituto Médico Legal e depois para o Complexo Penitenciário da Papuda.
De acordo com o delegado, o homem deve responder por feminicídio qualificado e por duas tentativas de homicídio qualificado. Juliana é a 12ª vítima de feminicídio no DF em 2024.
O atropelamento
Motorista atropelou três vezes mãe, filha e avó no Gama, no DF.
Mãe, filha e avó foram atropeladas quando saiam, a pé, da comemoração do aniversário de 34 anos de Juliana. Testemunhas contam que Wallison apareceu na festa e reclamou por não ter sido convidado.
Nesse momento, a família decidiu voltar para casa. Os atropelamentos foram gravados por uma câmera de segurança (veja vídeo acima).
Wallison Felipe de Oliveira passou pela avenida, parou e, na sequência, atingiu a família. As duas mulheres e a menina de 5 anos foram arremessadas.
Em seguida, o motorista fugiu na direção contrária. As vítimas tentaram se levantar e uma testemunha se aproximou para ajudar, mas o carro voltou, em alta velocidade, e atingiu mais uma vez duas das três vítimas. A criança só não foi atingida porque conseguiu correr.
Depois de alguns minutos, o motorista voltou ao local e conversou com testemunhas que ajudavam a família. Ele então deu uma nova volta, retornou para o início da rua onde as vítimas estavam, acelerou e atropelou pela terceira vez a família.
O carro foi abandonado a três quilômetros do local dos atropelamentos, no estacionamento de uma escola. O veículo tinha um pneu estourado, para-brisas quebrado e marcas de sangue.
Estado de saúde das vítimas
Segundo o Corpo de Bombeiros, a avó da criança foi levada para o Hospital Regional do Gama com ferimentos e em estado de choque. A família disse que Maria do Socorro Barboza Soares está em estado grave.
O ex-marido de Juliana, Antônio Adonel Gomes, conta que a ex-sogra deu entrada no hospital do Gama com duas costelas quebradas, pulmão perfurado, braço quebrado e um coágulo na cabeça, e que foi transferida para o Hospital de Base.
Já a criança foi encaminhada ao Hospital de Santa Maria consciente, mas com dores pelo corpo. Ela está estável, segundo familiares. O pai da criança, Antônio Adonel Gomes, disse que a filha está fora de risco, mas fraturou a perna e está com hematomas, inclusive na cabeça.
Medida protetiva
Em 2022, Juliana Barboza Soares registrou denúncia por ameaça, segundo o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT). A Justiça determinou a medida protetiva, mas Juliana pediu a revogação.
O processo foi arquivado em janeiro de 2023. Depois disso, não houve registro de outra ocorrência de violência, segundo o TJDFT, ou seja, não havia medida protetiva em vigor desde janeiro de 2023.
Suspeito é CAC
Wallison Felipe de Oliveira foi preso nesta quarta-feira (21), no Gama.
Reprodução/TV Globo
De acordo com o Exército, Wallison Felipe de Oliveira tem registro de CAC (Colecionador, Atirador e Caçador). Quando ele foi preso, duas armas que estavam na casa dele foram apreendidas pela Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF).
O Comando Militar do Planalto, órgão do Exército Brasileiro responsável pelas forças sediadas no Distrito Federal, Goiás, Tocantins e no Triângulo Mineiro, confirmou a informação de que o homem é atirador.
O Exército disse que vai suspender o Certificado de Registro e iniciar o processo de cancelamento do documento de Wallison Felipe de Oliveira.
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