Um dos artefatos quase atingiu visitantes que deixavam o prédio do Supremo na noite do ataque. ‘Quando ele acendeu a outra bomba, olhando para nós, eu me apavorei’, disse uma testemunha. EXCLUSIVO: Imagens inéditas mostram novos detalhes do atentado em Brasília
O Fantástico deste domingo (17) traz imagens inéditas e de alta definição do sistema de segurança do Supremo Tribunal Federal (STF) que mostram o atentado cometido por Francisco Wanderlei Luiz, na última quarta-feira (13).
A gravação revela que a segunda bomba jogada por Francisco quase atingiu pessoas que estavam saindo do prédio do STF. O ataque ocorreu por volta de 19h30. Ministros da Corte ainda estavam no local e foram retirados em segurança, assim como funcionários e visitantes.
Imagens mostram que artefato foi atirado na direção de pessoas que deixavam o prédio do STF.
TV Globo/Reprodução
O sistema de monitoramento e segurança do Supremo foi instalado depois da invasão de 8 de janeiro de 2023. São mais de 400 câmeras capazes de identificar qualquer ameaça. Uma delas mostra a correria dos visitantes, servidores e seguranças no momento do atentado.
Sistema de monitoramento alerta para situações de atenção.
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🚨Primeiro Alerta
Quando o autor do atentado se aproximou do prédio, o sistema de monitoramento deu um alerta. O secretário de segurança do STF, Marcelo Schettini, conta como foram os momentos de tensão.
“Ele [Francisco Wanderley] cruzou ali num dia chuvoso, parou em frente e veio um ‘pop up’ [aviso] na tela vermelha, um alerta de intrusão. O tipo de vestimenta, a forma como se portava, como se locomovia. E naquele horário, ali em frente, se agachando e voltando”, afirma.
Com nitidez, as novas imagens mostram o momento em que Francisco passa por trás do ponto de ônibus e se dirige ao STF. Ele acena para pessoas que aguardavam a condução, entre elas Layana Rocha.
“Ele passa e meio que dá um joinha para todo mundo. Acho que, hoje, eu parando para analisar, é como se ele estivesse falando assim: ‘olha o que vai acontecer'”, conta Layana.
Testemunhas no STF
A advogada Patrícia Pita e o marido, o consultor agrário Roberto Pita, estavam na rampa do Supremo na hora do ataque. Foi tudo muito rápido.
“Quando ele estava gesticulando muito e gritando, não dava para discernir o que ele falava. Não dava para a gente assimilar. Mas a gente via que ele falava muito. O segurança foi para o lado dele e aí ele gritou alguma coisa e foi afastando. Correndo de costas. E o segurança também se afastou dele”, diz Patrícia.
Casal deixava o STF quando os artefatos foram lançados em direção ao prédio.
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Em depoimento à Polícia Federal, o segurança que abordou Francisco disse que o homem ameaçou explodir uma bomba caso alguém se aproximasse e começou a lançar artefatos contra o Supremo.
Roberto Pita afirma que, ao ver a primeira explosão, ele e a esposa decidiram correr. Foi o momento mais tenso para o casal.
“Ele [Francisco] virou para nós e acendeu outra bomba. Quando ele acendeu a outra bomba, olhando para nós, aí eu me apavorei”, diz.
Patrícia completa: “Foi quando ele se deitou. Colocou do lado dele o explosivo e a gente ouviu o barulho. Eu me lembro dele chegando perto do carro. Eu me abaixei para me proteger da bomba, de algo que poderia me atingir”.
A advogada se emociona ao comentar o desfecho do atentado, que acabou com a morte de Francisco Wanderley. “A gente vê aquele corpo ali no chão e é uma sensação de impotência. De não poder ter feito nada.”
Imagens mais nítidas
As câmeras do Supremo registraram com precisão os vestígios da cena do crime.
o primeiro artefato que Francisco atirou contra o prédio, e que não explodiu;
o chapéu que o criminoso usava;
um pedaço de pano que Francisco jogou na estátua da Justiça; e
um detalhe revelador: perto do corpo, ficou um pequeno extintor de incêndio que, segundo os investigadores, estava cheio de gasolina.
Imagem mostra primeiro artefato lançado em direção ao STF.
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Chapéu de Francisco Wanderley após a explosão.
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Extintor de incêndio com combustível foi levado pelo autor do atentado.
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Outras imagens foram feitas pelo robô antibombas da Polícia Militar do Distrito Federal, que foi utilizado para se aproximar do corpo.
“As câmeras do robô indicaram que ainda havia a presença de um circuito, de um display com timer e de um cinto que a gente foi identificando aos poucos. O robô utilizou a garra e retirou o que aparentava ser um timer. A a gente viu que não estava conectado”, explica o capitão Edson Pinto, da PM do DF.
Emboscada em casa alugada
Além da Praça dos Três Poderes, a polícia encontrou artefatos na quitinete alugada por Francisco Wanderley em Ceilândia, nos arredores de Brasília.
Imagens exclusivas de dentro do imóvel mostram tudo bem arrumado, mas alguns detalhes deixaram os investigadores em alerta. Em alguns lugares, havia etiquetas com a inscrição “cuidado”. Um cão da polícia indicou a presença de explosivos na casa.
Imagens de robô mostram casa antes da explosão em Ceilândia.
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No dia seguinte do atentado, o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, explicou que uma bomba foi detonada após o robô abrir uma gaveta. “Estamos falando aqui de armadilhas para matar policiais que estavam fazendo a investigação”, disse.
Depois da explosão, o robô ficou um pouco afetado, mas resistiu aos danos.
Ao Fantástico, a dona do imóvel que foi alugado para Francisco Wanderley disse que o primeiro contrato foi feito em 2022.
Neste ano, diz ela, ele pagou o aluguel a partir de fevereiro, mas só apareceu no fim de julho.
“Todo mês ele depositava sem estar aqui. Eu achava estranho, por que uma pessoa paga o aluguel sem estar morando? Ele veio um dia sem avisar. Do nada, chegou sem avisar”, disse a mulher, que pediu para não ser identificada por estar com medo.
“É muita tristeza ver tudo destruído. Se a polícia não tivesse achado, qualquer um da gente poderia ter morrido. Porque a gente ia entrar na casa. Quem ia saber que tinha uma bomba na casa?”, diz ela.
Uma vizinha de Wanderley conta que chegou a ouvir barulhos estranhos à noite.
“Uma coisa furando devagarinho. Tipo assim, para ninguém ouvir […] Daqui a pouco eu ouvi a fita, tipo essas fitas que fecham caixa de papelão. Eu ouvia aquele barulho, tipo enrolando alguma coisa. Depois disso tudo que a gente viu, caiu a ficha: o barulho, ele enrolando a fita, só pode ter sido ele enrolando as bombas.”
O trabalho da perícia agora vai tentar resolver as lacunas deste caso. Na quinta (14), o ministro Alexandre de Moraes, do STF, relacionou o atentado à tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023.
A equipe de segurança do Supremo afirma que, desta vez, a segurança funcionou.
“Qualquer pessoa que atravesse naquela linha azul vai ser identificada. Pula um alerta aqui no nosso painel para que a gente tenha atenção àquela pessoa que está passando naquele perímetro”, diz Marcelo Schettini.
Segundo o responsável pela segurança da Corte, entre os exemplos de ameaça que podem ser identificadas imediatamente pelo sistemas está a presença de pessoas com mandados de prisão em aberto ou a aproximação de algupem tem tenha ameaçado o STF.
“A gente consegue identificar e buscamos quem são essas pessoas automaticamente”, afirma.
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