Antônio Vinicius Lopes Gritzbach foi morto à luz do dia, na sexta-feira (8), na área e desembarque do aeroporto de guarulhos. Ele era investigado por envolvimento com o PCC e havia firmado um acordo para delatar crimes da facção e de policiais. Polícia investiga execução no Aeroporto de Guarulhos, em SP, como queima de arquivo
Uma equipe da Polícia Federal deve se reunir com investigadores da Polícia Civil de São Paulo nesta segunda-feira (11) após o delator e empresário Antônio Vinicius Lopes Gritzbach ser executado à luz do dia em frente ao Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.
Gritzbach, de 38 anos, era investigado por envolvimento com o PCC e havia firmado um acordo para delatar crimes da facção e de policiais.
O delator foi alvejado por volta das 16h, na saída da área de desembarque do Terminal 2 por dois homens que desceram de um carro preto. Até a publicação desta reportagem, os autores estavam foragidos.
Fora ao menos 29 disparos de calibres diversos. Gritzbach foi atingido por 4 tiros no braço direito, 2 no rosto, 1 nas costas, 1 na perna esquerda, 1 no tórax e 1 no flanco direito (região entre a cintura e a costela).
Um motorista de aplicativo que havia sido ferido durante a execução a tiros de Gritzbach, morreu no sábado (9), segundo a família e autoridades. Celso Araujo Sampaio de Novais, de 41 anos, foi atingido por um tiro de fuzil nas costas e estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Geral de Guarulhos. Morador de Guarulhos, ele deixa três filhos.
Duas armas foram apreendidas pela polícia: um fuzil e uma pistola. As duas estavam próximo ao local em que o carro foi abandonado, a pouco mais de 7 km do aeroporto, ainda em Guarulhos. Até a publicação desta reportagem, não havia confirmação pericial de que foram elas as usadas no crime.
Outras duas pessoas foram feridas no atentado: um funcionário terceirizado do aeroporto, que trabalhava no momento do ataque, teve ferimentos na mão e está em observação no hospital; e uma mulher de 28 anos que foi atingida por um tiro de raspão no abdômen. Ela já recebeu alta.
O promotor de Justiça Lincoln Gakiya disse em entrevista ao Em Ponto, da GloboNews, que o Ministério Público aceitou o acordo de delação porque Gritzbach “era um participante muito importante da engenharia financeira na lavagem de dinheiro não só do PCC, como de integrantes do PCC”.
O promotor traçou paralelos entre a atividade da facção criminosa e a da máfia italiana.
Um assassinato na frente do maior aeroporto do país, à luz do dia, demonstra claramente que o que a Itália viveu nos anos 1990 e 2000, estamos vivendo no Brasil hoje. Embora Vinícius Gritzbach tenha sido vítima, todos nós lamentamos esse assassinado bárbaro, ele estava ligado ao PCC há mais de 10 anos. Ele era um arquivo vivo”, disse.
Infográfico mostra áreas do corpo de Antônio Vinicius Grizbach atingidas por tiros
g1
Empresário fez acordo para delatar PCC e policiais
Gritzbach era investigado por envolvimento com o Primeiro Comando da Capital (PCC) e, em março, havia fechado um acordo de delação premiada com o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) com a promessa de entregar esquemas de lavagem de dinheiro.
Nos depoimentos, o empresário acusou um delegado do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de exigir dinheiro para não o implicar no assassinato de um integrante do PCC (Anselmo Santa, o Cara Preta).
Além disso, forneceu informações que levaram à prisão de dois policiais civis que trabalharam no Departamento de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc).
PMs que fariam escolta alegaram falha em carro para não estar no local
O Ministério Público de São Paulo afirma que ofereceu mais de uma vez segurança ao empresário e que ele sempre recusou a proteção.
O empresário, então, contratou 4 seguranças, todos policiais militares.
Nenhum dos 4, porém, estava com Gritzbach no momento do assassinato.
Segundo depoimento de 2 deles, um dos carros em que iriam buscar Gritzbach e a namorada no aeroporto – o casal voltava de Maceió – teve um problema na ignição. O outro, ainda de acordo com os policiais, estava com quatro pessoas, e teve de fazer meia volta para deixar um dos ocupantes em um posto de combustível.
Investigadores desconfiam dessa versão (leia mais). Uma das linhas de investigação do DHPP é que os seguranças teriam falhado de forma proposital.
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