21 de setembro de 2024

Exército israelense expõe os erros da operação que matou agentes humanitários em Gaza

A ação militar também mexeu nas relações diplomáticas de Israel. Países como o Reino Unido, que já anunciaram apoio incondicional, têm sofrido pressão para reavaliar algumas políticas, como a venda de armas ao aliado. Israel revela falhas em ação que matou 7 agentes humanitários
O Exército de Israel admitiu, nesta sexta-feira (5), que militares confundiram civis com terroristas do Hamas na operação que matou sete agentes humanitários na Faixa de Gaza no início da semana. Um major e um coronel perderam os cargos.
As Forças Armadas encerraram uma investigação sobre o bombardeio e detalharam o passo a passo do que descreveram como “erros de tomada de decisões”.
Segundo o Exército, às 22h de segunda-feira (1º), o comboio da ONG World Central Kitchen saiu do píer usado para descarregar comida dos navios com ajuda humanitária. O comboio ia guardar os alimentos em depósitos, e cerca de uma hora depois se separou perto de dois armazéns. Em seguida, três carros fazem um novo deslocamento e são atingidos, um após o outro, em um intervalo de quatro minutos. Sobreviventes do primeiro ataque correram para o segundo carro. Os que sobreviveram a esse bombardeio fugiram para o terceiro veículo. No final da operação, todos estavam mortos.
Durante o trajeto, militares que monitoravam a situação com drones afirmaram ter visto homens armados. Mas a investigação concluiu que houve falha na identificação. Em um dos casos, os soldados confundiram uma arma com uma bolsa.
Ataque israelense mata 7 agentes humanitários que distribuíam comida em Gaza
O Exército disse, ainda, que os militares que fizeram o ataque também “não identificaram que os veículos estavam ligados à ONG”. Eles também não tinham conhecimento de que a organização havia combinado de coordenar o deslocamento com o próprio Exército.
A ONG World Central Kitchen pediu a criação de uma comissão independente para investigar o bombardeio; disse que sem mudanças estruturais, haverá mais famílias de luto.
A ação militar também mexeu nas relações diplomáticas de Israel. Países como o Reino Unido, que já anunciaram apoio incondicional, têm sofrido pressão para reavaliar algumas políticas, como a venda de armas ao aliado. As cobranças que bate à porta do primeiro-ministro vem de integrantes do próprio governo – do Partido Conservador – e de ex-juízes da Suprema Corte, que pedem a suspensão do envio de armamentos.
Nesta sexta-feira (5), o Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, aprovou uma resolução exigindo a paralisação das exportações de armas para Israel. O texto foi aprovado por mais da metade dos países no conselho – entre eles, o Brasil. Já o Reino Unido se absteve. Alemanha e Estados Unidos votaram contra.
Os americanos pressionam em outra frente. Depois do telefonema de quinta-feira (4) entre o presidente Joe Biden e o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, o governo de Israel anunciou a abertura da Passagem de Erez – localizada no norte de Gaza – para a entrada de ajuda humanitária. É a primeira vez desde o começo da guerra, em outubro de 2023, que a passagem será aberta.
A representação diplomática de Israel nas Nações Unidas, em Genebra, condenou a resolução que pede a suspensão da venda de armas para o país e afirmou que o Conselho de Direitos Humanos abandonou o povo judeu. As resoluções do conselho não têm força de lei e o cumprimento delas não é obrigatório.
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