28 de outubro de 2024

Existe vida inteligente na direita fora de Bolsonaro

Eleições municipais mostraram que o ex-presidente não é o cacique da direita que ele acredita que é. Octavio Guedes: Existe vida inteligente na direita fora de Bolsonaro
Existe vida inteligente na direita fora de Bolsonaro. Uma direita que tem propostas e dialoga com o centro.
E o maior exemplo disso é Goiás.
Depois de 35 anos em que encarnou a extrema-direita, o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) impôs a derrota mais rotunda para Bolsonaro nestas eleições. O candidato Mabel, do mesmo partido do governador, venceu a disputa no 2º turno contra Fred Rodrigues (PL), do partido do ex-presidente.
Bolsonaro não admitiu o lançamento da candidatura a presidente de Caiado em 2022 porque Bolsonaro se acha o “cacique da direita”. E o que essa eleição municipal mostrou que ele não é este cacique. Caiado venceu Bolsonaro neste domingo com o ex-presidente em Goiânia.
O partido saiu derrotado com cinco capitais nestas eleições. Em quase todas, o partido chegou liderando, mas perdeu o segundo turno. Perdeu em Palmas, Belo Horizonte, Fortaleza e Manaus.
Mesmo assim, o PL de Bolsonaro elegeu quatro prefeitos em capitais, no melhor resultado desde o surgimento do partido. Foram dois no primeiro turno e dois no segundo turno. O partido do ex-presidente vai governar João Pessoa com JHC, Rio Branco com Tião Bocalom, Aracaju com Emília Corrêa e Cuiabá com Abílio Brunini.
A derrota de Bolsonaro, por outro lado, não significa uma vitória de Lula. O PT ganhou apenas a prefeitura de uma capital, Fortaleza. Evandro Leitão foi eleito prefeito da capital cearense com 50,38% dos votos válidos, contra o candidato André Fernandes, do PL. A diferença foi de apenas 0,76%. Apesar do resultado fraco, houve uma melhora para a performance do PT, que não vencia em capitais desde 2016.
O governo Lula precisa deixar de ser um “governo de cabeças brancas” e parar de ficar falando apenas do passado.
É necessário mudar o discurso. A esquerda precisa se reinventar. A mensagem da esquerda precisa ser outra. Não está mais encantando o eleitor a luta de classes, do explorado contra o burguês. O explorado quer ser o buguês, quer subir de vida, quer ter prosperidade. Esse eleitor não acredita no Estado e não quer pagar imposto. Aquele mundo da década de 1980, de que o PT vem pra defender o explorado do capitalismo, não funciona mais.

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