19 de outubro de 2024

Exposição ‘Constituinte do Brasil Possível’ propõe uma nova história do país com a inclusão real de negros logo após a abolição

Artistas criaram obras imaginando como seria se, no dia seguinte à abolição, todos fossem vistos como sujeitos decisivos em debates políticos, sociais e culturais do Brasil. Mostra está em cartaz até o fim de novembro, no Centro Cultural dos Correios, no Centro. Exposição ‘Constituinte do Brasil Possível’ está no Centro do Rio
Uma exposição no Centro Cultural dos Correios, no Centro do Rio, apresenta obras de artistas que imaginaram uma identidade nacional para o Brasil, com mais inclusão e respeito à diversidade.
A mostra “Constituinte do Brasil Possível” propôs um exercício de imaginação aos artistas: como seria se, em 14 de maio de 1988, dia seguinte à abolição da escravatura, pretos e pardos fossem vistos – ao contrário do diz a História – como sujeitos decisivos nos debates e encaminhamentos de projetos políticos, sociais e culturais do país?
“A ideia era pensar um dia após a abolição. Se agora a gente está em direitos iguais, todos com cidadania plena, vamos trazer todas as pessoas, sejam povos originários, negros para pensar que país é esse, para que esse país de fato seja feito para todas as pessoas”, explica a cineasta Mariana Luiza, uma das idealizadoras e curadoras do projeto.
Os abolicionistas Maria Amanda Paranaguá e José do Patrocínio, figuras que lutaram por um Brasil mais inclusivo
Divulgação
Materiais de arquivo também foram recuperados para a exposição, como fotografias raras do fotógrafo paulista Militão Augusto que refletem a realidade da época.
“A Constituinte é um momento de negociação, onde as partes que constituem aquelas leis, que fazem aquilo valer, elas precisam se fazer representadas. Então, eu imaginei a possibilidade de as pessoas negras e intelectuais daquele momento poderem se colocar também de uma forma ainda mais contundente, ainda mais veemente, para que a gente se fizesse ser ouvido”, diz o artista plástico Airá Ocrespo, que expõe a tela “O Banquete de Ilu-Aiê”.
Em paralelo à mostra, um site foi criado com toda a pesquisa do projeto – conteúdos gratuitos voltados para a educação antirracista.
“A gente vai desde o século 13 até a Marcha de Mulheres Negras de 2015. Nessa Constituinte, a gente também quer estimular esse imaginário, esse espírito político de que a gente também, de fato, dispute todos os dias, de maneira permanente, essa Constituição que está em vigor. A gente oferece uma série de repertórios que não nos são apresentados”, diz Thula Pires, professora de Direito Constituional da PUC-Rio e também idealizadora e curadora da mostra.
‘Constituinte do Brasil Possível’
Curadoria: Yago Lima, Mariana Luiza, Ana Flávia Magalhães e Thula Pires
Local: Centro Cultural Correios (R. Visconde de Itaboraí, 20, Centro)
Data: em cartaz até 30 de novembro,
Horário: de terça a sábado, das 12h às 19h
Entrada: gratuita

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