Dentro do veículo, está reproduzido o último apartamento em que a autora viveu nos anos 70, no Leme, Zona Sul da cidade. A curadoria fica exposta até este domingo (1). Exposição remonta casa de Clarice Lispector dentro de caminhão na Praça da Harmonia, no Rio
Uma exposição gratuita inspirada nos livros infantis de Clarice Lispector foi montada dentro de um caminhão na Praça da Harmonia, Gamboa, Zona Central do Rio. A curadoria fica exposta até este domingo (1).
Dentro do veículo, está reproduzido o último apartamento em que a autora viveu nos anos 70, no Leme, Zona Sul da cidade. Foi num sofá que a Clarice Lispector começou a escrever literatura infantil a pedido de um dos dois filhos que teve, Pedro e Paulo.
Nesta sexta (29), as crianças do segundo ano do Escola Municipal Júlio Verne descobriram que Clarice foi uma escritora brasileira. Ela nasceu na Ucrânia, mas veio para o Brasil com dois anos de idade e viveu até 1977.
A escritora morou em Maceió, Pernambuco, passou uma temporada nos Estados Unidos e retornou para o Rio de Janeiro. Ela se formou em Direito, mas gostava mesmo era de escrever. Todos os livros que criou para as crianças envolvem os bichinhos que ela teve ao longo da vida.
“Uma história que realmente aconteceu, que é fato, que tinham coelhos. Ficavam em casinha no quintal da casa em Washington, nos Estados Unidos, e os coelhos fugiam. Eles nunca entendiam porque tinha uma portinha que eles não tinham como sair. Então, aquilo era um mistério”, disse Eucanaã Ferraz, curador da exposição.
Ferraz diz que o conto “A mulher que matou os peixes” começa de um jeito sincero.
“Ela começa o livro dizendo: ‘vou logo dizer a verdade, eu sou a mulher que matou os peixes’ algo assim. Porque ela esquece de colocar comida e mata os peixes e ela passa grande parte desse texto pedindo que as crianças a perdoem. ‘Eu sou uma pessoa boa, confia em mim, eu sei que vocês vão me perdoar no final’”.
Móveis e objetos remontam a última casa da escritora e a curadoria fica exposta até este domingo (1).
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Thamires Lameiras, educadora, faz de conta que é a Clarice Lispector. Ela conta a história para as crianças e pergunta se elas a perdoam. Mikaela, de 8 anos, perdoou na hora.
“Ela não quis ficar sem dar, ela esqueceu. Não fez aquilo de propósito. Depois que os peixinhos do filho morreram ela quis dar um novo animal para os filhos. Aí ela falou que os filhos iam ficar mais felizes e ela falou que sempre queria ver os filhos sorrindo”, disse a menina.
Já o menino Thales, 8 anos, fez uma ligação importante.
“Eu tava falando com meu irmãozinho. Ele disse que eu tinha que fazer uma coisa: eu tinha que escrever um livro”, conta.
“Esse momento com eles é fantástico porque tem o lúdico que desperta criatividade onde podem pegar realidade deles, Mikaela fala dos bichos e o Thales que sempre leva o irmão pra sala de aula. Isso colabora pra construção de texto, enriquece muito a vida da criança além de despertar o prazer pela leitura”, afirma a professora Leiliane Oliveira.
Retrato de Clarice Lispector e seus dois filhos está presente na exposição que remonta a casa da escritora
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