Estudo concluiu que mancha aumentou de 160 km em 2023 para 207 km. Desses, 131 km têm água de qualidade ruim e 76 km, péssima. O pior trecho é entre Suzano e Guarulhos, na Grande SP. Extremos climáticos estão entre principais causas para aumento da mancha de poluição no Rio Tietê
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Os extremos climáticos estão entre as principais causas para o aumento da mancha de poluição no Rio Tietê, que corta o estado de São Paulo.
No passeio de barco pelo Tietê, o que mais se vê é lixo. Todos os dias, as máquinas removem cinco mil metros cúbicos de resíduos – o que inclui esgoto sem tratamento. Isso equivale a duas piscinas olímpicas.
A Letícia é voluntária da ONG SOS Mata Atlântica e analisa a qualidade da água do rio. Ela diz que nunca viu o Tietê sem lixo. Mas a poluição vinha diminuindo.
“O ano passado a gente teve uma média de monitoramentos regulares. Chegou em janeiro desse ano regular também. Aí, fevereiro ruim. Março veio uma surpresa de um monitoramento péssimo. Depois a gente voltou para o ruim, médio. E agora esse mês a gente teve ruim de novo”, diz Letícia Romero Trombeta, voluntário SOS Mata Atlântica.
Extremos climáticos estão entre principais causas para aumento da mancha de poluição no Rio Tietê
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O novo estudo do SOS Mata Atlântica concluiu que a mancha de poluição no Tietê aumentou de 160 quilômetros em 2023 para 207. Desses, 131 têm água de qualidade ruim e 76, péssima. O pior trecho é entre Suzano e Guarulhos, na Grande São Paulo.
Os pesquisadores foram atrás das causas dessa piora. E verificaram que a população, por exemplo, não cresceu de forma significativa a ponto de justificar o aumento na poluição. Eles concluíram que esse problema é mais uma consequência das mudanças climáticas.
Gustavo Veronesi, que coordenou o estudo, diz que a estiagem prolongada é um dos problemas.
“Quando está muito seco, a gente vai ter um problema e vai ter um acúmulo da poluição. Não vai ter a diluição dos poluentes e aí quando chove, os poluentes que estão no ar, na terra caem no rio”, explica.
A secretária de Meio Ambiente do estado afirma que esse diagnóstico era esperado e que o programa de despoluição vai melhorar as condições do Tietê, principalmente com a ampliação do tratamento de esgoto.
“Até 2029, a gente espera alcançar a universalização do saneamento. Além disso, a gente tem também uma atuação muito forte de policiamento ambiental, fiscalização, o desassoreamento que é outro eixo que a gente colocou também no curto, médio e longo prazo”, destaca Natalia Resende, secretária de Meio Ambiente, infraestrutura e logística do estado de São Paulo.
Extremos climáticos estão entre principais causas para aumento da mancha de poluição no Rio Tietê
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Trazer a natureza de volta é possível, mas é preciso levar em conta esse clima mais bagunçado. E lembrar que é um desafio coletivo.
“Tem que ter todos os esforços, é principalmente poder público, mas são os empresários, são os agricultores e somos nós cidadãos e cidadãs”, diz Gustavo Veronesi, coordenador da causa água limpa SOS Mata Atlântica.
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