19 de novembro de 2024

Faltando 3 meses para festa, casal que contratou empresa suspeita de golpes tem prejuízo de R$ 37 mil: ‘A gente nem sabe se vai ter casamento’

De acordo com a Polícia Civil, 300 boletins de ocorrência foram registrados contra a empresa de Maringá, que deixou o município alegando sofrer ameaças. Advogado afirmou que a dona da empresa ‘quebrou’. A meses do casamento, casal diz não saber se cerimônia será realizada por empresa
Quando a arquiteta Natalia Fransozio, de 26 anos, e o engenheiro civil Eduardo Camarini, 26 anos, decidiram casar, eles começaram a busca por uma agência de eventos que pudesse realizar a festa. E foi assim que encontraram a Filia, de Maringá, no norte do Paraná. Eles não imaginavam, contudo, que a empresa se tornaria suspeita de aplicar golpes em clientes.
“Antes de fechar alguma coisa com um valor muito alto, é claro que a gente pesquisa, vai atrás, mas no site de reclamações não tinha nada demais. Só coisas pequenas, nada que condenasse”, relembram.
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A empresa Filia é suspeita de cancelar e não entregar os eventos para quais foi contratada. A Polícia Civil abriu um inquérito para investigar e, de acordo com o delegado, Fernando Garbelini, até a última atualização desta reportagem, 300 boletins de ocorrência foram registrados contra a empresa.
O prejuízo estimado até o momento é de aproximadamente R$ 3 milhões. Um grupo de estudantes universitários que contratou a agência Filia para realizar a festa de formatura, por exemplo, afirma ter sofrido prejuízo de cerca de R$ 200 mil.
O advogado da dona da empresa afirma que a cliente ‘quebrou’ e que as vítimas devem procurar a Justiça. Leia mais abaixo.
Do contrato no valor de R$ 45 mil, o casal Natalia e Eduardo pagou R$ 37 mil para a empresa. Agora, eles se sentem de mãos atadas e não sabem se a cerimônia será realizada.
“A gente, recentemente, tinha feito um noivado, anunciado os padrinhos. Foi uma coisa muito legal, surpreendente, muito emocionante. A gente já estava entrando na reta final do nosso casamento, duas parcelas para pagar, estaria se aproximando da degustação da Filia, ajeitando os detalhes finais com os fornecedores de fora também e agora a gente nem sabe se vai ter casamento”, lamenta.
Após fechar o contrato, os noivos disseram ter ouvido reclamações de outros clientes da empresa, mas nada que alertasse para um possível golpe.
“A gente não desconfiava que era um golpe, mas a gente sabia que tinham coisas que eles começaram a entregar um pouquinho devendo. Tipo, reclamações de casamentos ‘minha comida deixou a desejar’, ‘meu bar de drinks ficou mais ou menos’… Em frente a essas coisas, a gente começou a fechar alguns fornecedores por fora”, contam.
Na manhã do sábado (10), o casal recebeu as primeiras informações de eventos cancelados pela empresa. Preocupados, eles procuraram a empresa.
A gente tentou entrar em contato com o jurídico, a gente não teve resposta. Tentamos contato com a dona da agência, que a gente queria um cancelamento porque ficou meio evidente, como ela afirmou até em entrevista, que ela entraria em falência e não conseguiria entregar”, explica.
Faltando três meses para a data marcada para o casamento, o casal afirma que ainda tenta negociar o cancelamento com a agência, mas recebem uma mensagem automática solicitando dados para cancelar o contrato.
Entre eles, está o número do cartão de crédito utilizados para pagamento.
“Como a gente vai ter confiança de passar dados que, na teoria, ela já tem e passar dados do meu cartão de novo? Jamais”, afirmam.
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Apesar do transtorno, os noivos afirmam que amigos, familiares e fornecedores da festa compreenderam a situação.
“A gente vê que tem gente mal caráter nesse mundo, que brinca com o sonho das pessoas, mas, do mesmo jeito, a gente vê que ainda tem gente muito boa, com coração”, finalizam.
União de amigos e parentes permitiu festa alternativa
Em 24h, amigos e familiares ajudaram casal vítima de golpe montar festa de casamento
Os noivos Danila Lima e Guilherme Teodoro ficaram sabendo na sexta-feira (9), por volta das 23h, que o casamento que eles contrataram com um ano de antecedência não iria acontecer. O evento estava marcado para o dia seguinte e o contrato no valor de R$ 22,5 mil tinha sido pago à vista.
“Eu recebi uma ligação da dona da empresa em dizendo que ela não conseguiria realizar a festa do meu casamento porque ela não tinha dinheiro para pagar os fornecedores do casamento. Ela disse que conseguiria realizar a minha festa, mas se eu fizesse um pix para ela de R$ 16 mil”, relembra a noiva.
Danila lembra que sentiu como se o mundo tivesse desmoronado. O casal, que mora em São Paulo, realizaria a festa em Campo Mourão, no centro-oeste do Paraná, para ficar mais perto dos familiares.
O casal comunicou aos amigos e familiares o que tinha acontecido e todos decidiram se mobilizar para realizar a tão sonhada festa de casamento.
“Juntamos convidados, padrinhos, pai, noivo, noiva… A gente começou a juntar. Foi pegando R$ 5 mil de um, R$ 10 mil de outro, R$ 3 mil de outro… Eu já tinha o contato de alguns fornecedores daqui de Campo Mourão e eu comecei a ligar para eles à meia-noite, pedindo pelo amor de Deus para eles me atenderem”, conta.
Foi com a união de amigos, familiares e fornecedores que o casal conseguiu realizar o casamento. No total, a cerimônia feita às pressas custou R$ 30 mil, mas a noiva afirma que o prejuízo maior foi emocional.
“Na madrugada de sexta para o sábado eu chorei muito, eu estava desolada. No sábado pela manhã também, quando a gente estava organizando lá, eu chorei muito. Quando você chega no salão para se arrumar, eles te colocam em um espelho enorme, né? A hora que eu sentei na cadeira, que eu olhei para a minha cara, eu falei para a maquiadora ‘eu não tenho nem cara para casar’”, relembra.
Danila e Guilherme se casaram no sábado (10) e dizem que a maior lição que aprenderam foi sobre a importância da amizade.
“Quem tem amigo e quem tem família, tem tudo. Então eu tive tudo. Meu casamento foi incrível, desde a decoração até a comida, a bebida… deu tudo certo no final, graças a Deus”, comemora.
O que diz a defesa
Defesa de empresa suspeita de aplicar golpes diz para clientes procurarem a Justiça
Na tarde desta quarta-feira (14), o advogado Sebastião da Costa Guimarães, responsável pela defesa de Simone da Luz Barbosa, afirmou que a cliente “quebrou”. Simone é dona da agência de eventos Filia.
“A Simone é o seguinte, ela quebrou, como qualquer comerciante quebra. Ela inadimpliu os contratos que ela tem com os clientes dela. Quem tiver dinheiro para receber da Simone, as prestações que não foram pagas devem pegar o cartão e cancelar. Agora, o que foi pago, tem a Justiça aí para fazer a devolução”, diz.
Nas redes sociais, a empresa informou que se mudou da cidade após sofrer ameaças. Imagens de câmeras de segurança do prédio onde funcionava o escritório da empresa mostram funcionários deixando o local na sexta-feira (9) levando móveis e documentos.
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