3 de janeiro de 2025

Famílias começam a voltar para casa após cheia histórica em município do AC e Defesa Civil mantém vistorias

De acordo com a prefeitura de Brasiléia, 10 dos 16 abrigos montados para receber a população que precisou deixar suas casas ainda estão funcionando. Município montou força-tarefa para retirada de entulho após 75% da cidade ser atingida pelas águas. 12 dos 15 bairros do município foram atingidos pelas águas do Rio Acre
Prefeitura de Brasiléia
Famílias que precisaram deixar suas casas por conta da cheia do Rio Acre em Brasiléia, no interior do Acre, começaram a voltar para suas residências após vistorias da Defesa Civil do município, que começaram quando o rio começou a dar sinais de baixa. Neste sábado (9), o manancial marcou 4,33 metros. Há 10 dias, o cenário era diferente: a cidade fronteiriça vivia a maior cheia de sua história, com mais de 10 metros acima do nível atual.
De acordo com a prefeitura do município, 10 dos 16 abrigos montados para receber a população que precisou deixar suas casas ainda estão funcionando. Nesta segunda-feira (11) um balanço do quantitativo de pessoas que já retornaram será divulgado.
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Prefeitura de Brasiléia
“Estamos trabalhando incansavelmente, dia e noite, com nossa equipe da prefeitura, governo do estado e governo federal para reconstruir de novo nossa amada cidade e ajudar a todas as famílias atingidas por essa que foi a maior alagação no nosso município. O povo de Brasiléia é um povo forte e resiliente e juntos vamos vencer mais essa luta. O momento agora é de esperança, solidariedade, união e reconstrução. Mas também de empatia de se colocar no lugar de cada família que foi atingida por essa alegação é que muitas delas perderam suas casas e não têm pra onde ir”, destacou a prefeita Fernanda Hassem.
No dia 28 de fevereiro, o Rio Acre ultrapassou a marca de 14,77 metros que era, até então, a maior já registrada, alcançada em 2012. A nova cota histórica passou a ser 15,58 metros, atingida este ano. Mais de 3,8 mil pessoas ficaram desabrigadas e pelo menos 600 ficaram isoladas na zona rural.
No bairro Leonardo Barbosa, que chegou a ficar isolado do lado brasileiro, uma cratera se formou. A área, porém, não sofreu rompimento definitivo do território nacional.
Bairro Leonardo Barbosa em Brasiléia, no Acre
No dia 4 de março, os ministros da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, e a ministra do Meio Ambiente Marina Silva, além de outros representantes do governo federal, chegaram ao Acre para visitar as áreas alagadas pelas enchentes dos rios. O governo federal liberou mais de R$ 20 milhões para as ações de assistência aos atingidos pelas enchentes no Acre, na capital e no interior do estado. As portarias foram publicadas nas edições dos dias 29 de fevereiro e 4 de março, no Diário Oficial da União (DOU).
Ainda no dia 4, Brasiléia iniciou uma força-tarefa para a retirada de entulhos e limpeza da cidade. Apesar do início de vazante do rio à época, a Defesa Civil não liberou de imediato o retorno dos moradores para suas casas. O coordenador da sala de crise de Brasiléia, subcomandante-geral do Corpo de Bombeiros do Acre, coronel Eden Santos, destacou que os impactos são intensos.
“Nós estamos fazendo todos os levantamentos, levantando todos os impactos nas ruas, nos órgãos públicos, tudo está sendo feito, então a tarefa ainda é muito grande para poder voltar pra casa, a gente percebe muitas pessoas chegando, muitas pessoas fazendo limpeza, mas assim, retorno para casa vai requerer um certo tempo pra poder deixar numa condição satisfatória, porque o cenário aqui é desastroso”, disse à época.
75% da cidade foi coberta pela maior cheia já registrada em Brasiléia
Prefeitura de Brasiléia
Cheia do Rio Acre
Poucos meses separam o ápice de uma seca severa e a chegada de enchentes devastadoras no Acre (leia mais abaixo). Para entender as crises sucessivas que levaram emergência para o estado é preciso considerar ao menos três fatores:
a influência do El Niño
o atraso do “inverno amazônico”, como é conhecida a estação chuvosa na região
o impacto do aquecimento do Oceano Atlântico
Em 2024, já são 51 bairros e 23 comunidades rurais atingidas pela cheia em Rio Branco, e mais de 4 mil pessoas estão desabrigadas, segundo a prefeitura da capital, com dados desta sexta (8). Os números ainda não foram atualizados no sábado. Mais de 70 mil pessoas foram afetadas, direta ou indiretamente, pela cheia do manancial em Rio Branco.
Enchentes no Acre começaram em Assis Brasil na segunda quinzena de fevereiro
Arte/g1
De acordo com a Energisa, companhia responsável pela distribuição de energia elétrica no Acre, já são mais de sete mil imóveis com fornecimento suspenso.
O Rio Acre alcançou a maior marca de todos os tempos em 4 de março de 2015. À época, mais de 100 mil pessoas foram atingidas pelo avanço das águas. O governo estadual decretou situação de emergência e estado de calamidade pública, que foram reconhecidos pelo governo federal. O manancial ficou 32 dias acima da cota de alerta, que é de 13,50 metros.
Em todo o estado, pelo menos 28.952 pessoas estão fora de casa, dentre desabrigados e desalojados, segundo a última atualização feita pelo governo do estado neste sábado (9). 19 das 22 cidades acreanas estão em situação de emergência por conta do transbordo de rios e igarapés. Ao menos 23 comunidades indígenas no interior do Acre também sofrem com os efeitos das enchentes e cinco pessoas já morreram em decorrência da cheia. O número aumentou nesta quarta após um bebê de 1 ano e 8 meses morrer afogado no quintal de casa na Comunidade Tapiri, zona rural de Cruzeiro do Sul.
Somente nos abrigos mantidos pela prefeitura de Rio Branco, no Parque de Exposições e escolas, são 4.147 pessoas desabrigadas, segundo a Defesa Civil Municipal nesta sexta (8):
Parque de Exposições Wildy Viana: 896 famílias – 3.584 pessoas
Escolas da capital: 184 famílias em 10 escolas da capital, um total de 563 pessoas
O trânsito no Centro e no Segundo Distrito da capital sofreram alterações na última segunda-feira (4) e na manhã desta terça pontos de congestionamento foram registrados na capital. A Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (RBTrans) orienta os condutores a evitarem o congestionamento do Centro da cidade.
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VÍDEOS: g1

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