14 de outubro de 2024

Fazenda cuida de aves feridas ou apreendidas em operações policiais; veja como cadastrar propriedades no ‘Projeto Asas’

Objetivo da iniciativa, desenvolvida pelo Ibama, é acolher os animais e oferecer atendimento até o momento da soltura no habitat natural. Em 2023, cerca de 100 pássaros passaram por cuidados na localidade da Zona da Mata. O endereço não é revelado por questões de segurança. Pixoxó é um dos pássaros em risco de extinção que o ‘Projeto Asas’ está ajudando a reabilitar
Reprodução/Site Pássaros
Acolher, cuidar e preparar para a soltura no habitat natural. É com essa proposta que uma área de preservação na Zona da Mata recebeu 100 pássaros de diferentes espécies para reabilitação e adaptação antes de retornarem à natureza.
A fazenda abriga animais silvestres feridos ou apreendidos em operações policiais, que precisam de cuidados especiais. Entre as espécies, está um Pixoxó, conhecido também como chanchão, que está em risco de extinção.
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A área que recebeu os pássaros é uma localidade de mais de 120 hectares de Mata Atlântica preservada, adaptada há cerca de um ano para acolher animais silvestres em reabilitação, por meio do ‘Projeto Asas’.
“Nós recebemos com frequência animais que são resgatados em áreas urbanas por estarem em situações de vulnerabilidade ou feridos. Temos casos envolvendo micos eletrocutados na rede elétrica e gambás, muitas vezes atropelados”, explicou o analista ambiental do Ibama, Bruno Cascardo Pereira.
Fazenda que faz parte do Projeto Asas na Zona da Mata mineira
Rodrigo Neves/TV Integração
Do trabalho realizado pelo Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), cerca de 60 mil animais foram atendidos somente em 2023 – 67% deles pássaros, 14% mamíferos, 15% répteis e 4% de outros grupos. Deste total, aproximadamente 40 mil foram reabilitados, segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), nas áreas de preservação ambiental, como esta localidade na Zona da Mata.
Por questões de segurança, a divulgação do endereço da propriedade não é permitida.
“Quando passam pela etapa final de reabilitação, os animais são soltos na natureza em um local bem preservado, permitindo que eles contribuam para a perpetuação da espécie e prestem seus serviços ambientais”, explicou Bruno.
Processo de reabilitação dos animais
Animais normalmente chegam feridos ou são oriundos de apreensão de tráfico de animais
Rodrigo Neves/TV Integração
Segundo o coordenador do Cetas, Glauber Barino, muitos animais são apreendidos e chegam debilitados.
“Quando chegam ao Cetas, muitos animais apresentam deficiência nutricional e comportamental. Eles passam por cuidados, incluindo alimentação adequada, vermifugação, atendimento veterinário e intervenções comportamentais, como enriquecimento ambiental e outras atividades, para que possam se readaptar nesses locais antes de serem soltos na natureza”.
Os espaços de reabilitação possuem um viveiro de aclimatação que segue um padrão estabelecido por órgãos ambientais. Eles oferecem mais qualidade de vida aos animais, que devem permanecer por cerca de dois meses, com vegetação nativa, fontes de água e alimentação.
Além disso, os pássaros recebem anilhas para facilitar a identificação, o monitoramento e o suporte de biólogos e veterinários.
Viveiros de aclimatação
Rodrigo Neves/TV Integração
No local, os animais têm a oportunidade de exercitar habilidades de sobrevivência e conviver entre espécies, o que os prepara para o retorno à natureza. “Durante o período em que eles ficam se adaptando ao microclima da região, à vegetação e aos recursos naturais disponíveis, é que eles estão prontos para serem soltos”, relata Glauber.
Para Glauber, o Projeto Asas reforça a importância da educação ambiental, mostrando que a preservação é responsabilidade de todos.
“Com o pouco que cada um pode contribuir, conseguimos realizar um trabalho tão bonito, reintroduzindo esses animais e proporcionando a liberdade para que voltem à natureza”.
Como proprietários rurais podem se cadastrar no Ibama
Proprietários de áreas rurais ou de locais que disponham de estruturas adequadas para a reabilitação de animais silvestres podem cadastrar as propriedades como ‘Asas’ do Ibama.
É necessário certificar-se de que há condições para implantar o viveiro de aclimatação, com no mínimo 24 m² de área construída, e de fornecer alimentação diária aos animais.
Além disso, a propriedade deve estar em dia com a declaração do Cadastro Ambiental Rural e não pode estar localizada dentro de condomínios, próxima a perímetros urbanos ou em um raio de até 6 km de unidades de conservação de proteção integral.
Existem quatro tipos de Asas que podem ser cadastradas pelo instituto:
Reabilitador sem Asas: propriedade/local que dispõe de estruturas para promover a reabilitação de animais silvestres
Asas Simples: áreas para soltura direta de animais silvestres
Asas com Reabilitação: áreas para soltura de animais que dispõem de estruturas a serem utilizadas no processo de reabilitação
Asas para Projetos de Experimentação e/ou Reintrodução: áreas para soltura de animais nas quais poderão ser realizadas ações planejadas de soltura experimental e de reintrodução de espécimes da fauna.
O cadastro não implica em custos, e o encaminhamento de animais à propriedade somente pode ser feito mediante interesse e concordância prévia do proprietário.
‘Projeto Asas’ cadastra áreas para soltura de animais silvestres resgatados
*estagiária sob supervisão de Juliana Netto.
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