Atualmente, Parque Estadual Sumaúma não desempenha as atividades para as quais foi planejado, como programas educativos, pesquisas e turismo ecológico. Local está com estruturas degradas pela falta de manutenção.
Apesar de ser a única Unidade de Conservação Estadual (UCs) de Proteção Integral em área urbana do Amazonas, o Parque Estadual Sumaúma (Parest), localizado na Zona Norte de Manaus, permanece fechado desde o início da pandemia da covid-19, em 2020, sofrendo com o abandono e falta de manutenção.
Atualmente, o espaço não desempenha as atividades para as quais foi planejado, como programas educativos, pesquisas e turismo ecológico. Confira a seguir.
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🌳 Criado por decreto em 2003, o Parque Estadual Sumaúma recebe o nome da árvore ‘rainha’ da Amazônia, que pode chegar a 50 metros. Ele ocupa uma área de mais de 52 hectares de floresta amazônica em plena capital amazonense e integra as Unidades de Conservação com proteção integral, cuja principal finalidade é preservar a natureza.
O uso dos seus recursos naturais é restrito, com exceção dos casos previstos em lei:
“Preservar os ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico”.
Por se tratar do único parque estadual de proteção integral em área urbana, o Sumaúma apresenta necessidades específicas de intervenções e manejo. No entanto, a realidade atual do parque está distante dos objetivos para os quais foi concebido.
Esculturas pelo parque representam personagens do folclore amazônico.
Luis Paulo/Rede Amazônica
A ideia de criar o Parque Estadual Sumaúma surgiu nos anos 90, por meio da mobilização de líderes comunitários da região, que contaram com a parceria do poder público. A proposta era transformar o espaço em um “laboratório vivo de educação ambiental”, conforme contou o diretor-presidente do Instituto Sumaúma, Augusto Leite.
“Como a região é cercada de escolas estaduais, municipais e privadas, nossa intenção era que esse espaço fosse utilizado pelas escolas para trabalhar a educação ambiental, sensibilizando crianças e adolescentes”, explicou Augusto.
Mesmo com a criação do Instituto Sumaúma, com o intuito de auxiliar na gestão do parque, a colaboração com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) nunca se concretizou. Em 2016, o governo estadual assinou um termo de cooperação com o Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas (CBMAM) e, desde então, o parque abriga a sede do Batalhão de Incêndio Florestal e Meio Ambiente.
Abandono e precariedade
Leite relembrou que as primeiras estruturas do parque só foram construídas graças a recursos vindos de multas aplicadas à empresas que cometeram crimes ambientais. O dinheiro foi utilizado para construir um barracão, a biblioteca e algumas trilhas.
No entanto, com a falta de investimentos ao longo dos anos, a infraestrutura do parque piorou consideravelmente. Antes de ser fechado em 2020, a Sema chegou a anunciar a transformação do local em uma área de lazer para a Zona Norte de Manaus – o que não aconteceu.
O centro de visitantes, construído há duas décadas, encontra-se em ruínas e depredado.
“Está caindo, cheio de chupim por falta de manutenção”, disse Augusto Leite.
Abandono de centro de convivência do Parque Estadual Sumaúma
Divulgação/Instituto Sumaúma
A sala destinada à biodiversidade, onde eram realizadas palestras para estudantes de escolas da região, agora é usada como um depósito improvisado de armários e eletrodomésticos. A escadaria de acesso ao centro está quebrada e tomada pela vegetação.
“Não temos mais acesso ao parque para realizar as atividades de educação ambiental, e a única área que ainda existe está trancada”, lamentou Augusto ao se referir a biblioteca fechada.
Outro problema recorrente relatado por Leite é o roubo de frutos de açaizeiros no interior do parque, prática ilegal que prejudica a alimentação de espécies como o sauim-de-coleira, um primata ameaçado de extinção. Embora o plano de gestão do parque tenha identificado essa prática desde a sua elaboração há mais de duas décadas, ela persiste até hoje.
Além disso, o monitoramento da fauna, especialmente de espécies ameaçadas, como o sauim-de-coleira, não tem sido suficiente, informa o diretor-presidente do Instituto que representa os moradores da região.
Veja abaixo o antes e depois da sala de biodiversidade do Parque Estadual Sumaúma:
Sala da biodiversidade no Instituto Sumaúma que antes recebia estudantes, hoje é depósito improvisado.
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Reabertura
O parque continua fechado, sem previsão de reabertura. “A justificativa de manter o parque fechado até agora é a falta de infraestrutura, mas só estão prometendo uma reforma que nunca acontece”, afirmou o diretor-presidente.
“Nós, enquanto sociedade civil, suplicamos que por favor nos socorram, nos ajudem a resgatar esse espaço para a população que tanto precisa de um espaço verde, tanto para a educação ambiental, quanto para o lazer das famílias e das crianças”, pediu Augusto Leite.
O g1 entrou em contato com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) para questionar sobre um possível planejamento para a reabertura do local, reformas previstas e ações para reverter a situação de abandono, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.
Um dos principais atrativos é uma árvore Sumaúma, de cerca de 40 metros, que dá nome ao parque.
Luis Paulo Dutra/Rede Amazônica
Vídeo: “Bora Turistar” do g1 Amazonas fez um passeio pelo Parque Estadual Sumaúma; confira
g1 Amazonas visita o Parque Sumaúma