14 de janeiro de 2025

Filha de idoso morto em assalto em São Carlos lamenta crueldade: ‘Vivendo à base de calmantes’


Cristiele Balbino está revoltada com violência envolvendo a morte do pai durante roubo a depósito de sucata. Para ela, prisão de suspeito, que trabalhou no local, é um “primeiro alívio”. Cristiele e o pai, Aparecido Donizetti Balbino, de 65 anos. Ele foi morto durante roubo em São Carlos.
Arquivo Pessoal
A vida de Cristiele Balbino, de 29 anos, mudou completamente depois do último dia 8 de janeiro. A data marcou uma despedida inesperada: o pai dela, Aparecido Donizetti Balbino, de 65 anos, foi espancado e morto durante um assalto a um depósito de sucatas no Jardim Morumbi, em São Carlos.
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Cristiele, que trabalha como copeira, conversou com o g1 na segunda-feira (13), dia da prisão do autor do crime. Ela está afastada do trabalho e passou em consulta com psicólogo por causa do abalo emocional sofrido.
“O meu pai estava com a saúde ótima. Ele foi morto na madrugada de quarta-feira. Eu já tinha combinado com ele que, na quinta, finalmente começaríamos a correr atrás da aposentadoria dele. E aí isso acontece. Se a pessoa vai roubar, leva tudo de uma vez, mas não precisava agir com essa crueldade. Eu não consigo entender, não entra na minha cabeça. Para tentar seguir, estou vivendo à base de calmantes”, declarou.
Depois da conversa, Cristiele foi avisada sobre a prisão do homem de 48 anos e afirmou que a notícia era “um primeiro alívio”.
A violência do crime realmente chamou a atenção: o idoso foi atingido por golpes na cabeça, tórax, dorso e braço, sendo socorrido para a Santa Casa ainda com vida. A vítima teve laceração no baço e passou por cirurgia, mas não resistiu aos ferimentos. O caso foi registrado como latrocínio.
Pai: o herói
Cristiele carrega boas lembranças do pai. Quando era criança, a família chegou a morar em uma fazenda porque Aparecido trabalhava no local. E ele era extremamente carinhoso, segundo ela. “Lembro dele me chamando de princesa, fazendo meus gostos. Se eu tiver um filho um dia, espero que possa ser pelo menos metade do que meu pai foi.”
Aparecido Donizetti Balbino, de 65 anos, trabalhava em depósito em São Carlos
Arquivo Pessoal
A copeira lembra que o pai sempre foi uma pessoa muito simples e trabalhadora. Ela chegou a pedir algumas vezes para que ele deixasse o trabalho no depósito, mas Aparecido respondia que amava separar e vender os materiais recicláveis — antes do ocorrido, nenhum episódio violento havia acontecido no local, conforme Cristiele.
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Por causa da correria do dia a dia, eles não vinham se encontrando muito. Estava certo que veria o pai no dia 9 de janeiro, o que não foi possível.
“E eu cheguei no hospital e não pude nem ver meu pai direito. Depois, o coração dele já estava parado. Essa crueldade toda não deixou nem que meu pai me ouvisse pela última vez.”
Prisão do autor do crime
A Polícia Civil prendeu nesta segunda-feira (13) o homem envolvido na morte do idoso. O delegado João Fernando Baptista, da Delegacia de Investigações Gerais (DIG), disse em entrevista ao g1 que o autor do crime tem 48 anos já havia trabalhado no local.
“Ele confessou com riqueza de detalhes. Entrou para furtar e, quando se deparou com a vítima, pegou uma barra de ferro e deu vários golpes, na cabeça e no abdômen”, disse o delegado.
Idoso foi morto após assalto em depósito de sucatas na Avenida Morumbi em São Carlos
Google Street View
Os investigadores chegaram até o autor após analisarem as imagens de câmeras de segurança do depósito de sucata e colher o depoimento de testemunhas.
O delegado disse que o homem conhecia a vítima e sabia onde ficavam os objetos de valor.
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