20 de outubro de 2024

Filmes ‘cults’ e obras nacionais são exibidos em cinemas gratuitos em Sorocaba: ‘Arte que pode se comunicar com muitas pessoas’

O g1 conversou com os responsáveis pelos projetos que apontam a necessidade de ampliar o acesso à cultura como fator determinante para promover as sessões gratuitas de cinema. Iniciativas promovem sessões de cinema de graça em Sorocaba
Se a história do cinema fosse um filme, seria um daqueles enredos cheios de efeitos especiais que mostram o avanço tecnológico que a sétima arte viveu. O primeiro filme foi exibido em 1895, quando os irmãos Lumière promoveram a primeira sessão de cinema, em La Ciotat, no sul da França.
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Mais de 100 anos depois, ir ao cinema é considerado um passeio comum. Mas será que a atividade é acessível para todos os públicos? O g1 visitou dois projetos de cinema gratuito promovidos em Sorocaba (SP) que são uma opções para quem gosta de acompanhar obras que não costumam sair em cartaz nos cinemas particulares.
Uma das iniciativas é o Cineclube, que surgiu em 2011 a pedido das oficinas culturais, promovidas pelo Governo Estadual de São Paulo. A ideia foi levada para as mãos do Cleiner Micceno, que segurou firme e até hoje não soltou mais.
“Eu acho que o cinema é uma arte que pode se comunicar com muitas pessoas de formas diferentes. Acho que levar isso às pessoas é importante”, ressalta Cleiner.
Depois de mudar de endereço algumas vezes, o Cineclube funciona atualmente em uma sala dentro da Estação Paula Souza, que fica Rua Dr. Paula Souza, 420, Centro. Todas as quartas-feiras, a partir das 19h, um filme é exibido no local.
Segundo Cleiner, a curadoria dos filmes leva em consideração obras que não costumam ser sucesso de bilheteria quando são exibidas nas salas de cinema. No cineclube, só filmes “cults” são exibidos.
“O filme cult é um filme cultuado por um nicho de pessoas. Geralmente, o filme não faz tanto sucesso quando foi lançado, mas se torna ‘queridinho’ por parte de um determinado público anos, talvez décadas depois.” explica Micceno.
Cleiner Micceno, responsável pelo projeto Cineclube
Larissa Pandori/g1
A sala do cineclube conta com 35 assentos, que vieram de um antigo cinema. Há, também, um retroprojetor, um telão e duas caixas de som. A intenção é tornar a atmosfera de uma sala comum em uma sala de cinema.
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Depois que o filme acaba, Cleiner bate um papo com o público para saber a opinião dos participantes sobre a obra.
“É importante este espaço porque nós podemos levar para as gerações atuais, para os estudantes, a vivência em um clube de cinema. Algo que existia nas décadas de 70 e 80”, afrma Valter Chanes, ator e dramaturgo.
Sempre que pode, o aposentado Beto Ribeiro está no Cineclube. Ele diz que os filmes exibidos lá são obras “que ele não costuma ter a chance de assistir na televisão”.
“E aqui tem a vantagem que você assiste o filme, depois tem informações complementares que esclarecem sobre o filme. Eu adoro viver aqui”, comenta.
Beto Ribeiro, aposentado, diz que adora frequentar as sessões no Cineclube
Larissa Pandori/g1
Cleiner diz que o público que frequenta as sessões é bem diversificado.
“De todos os estilos, todas as idades, gêneros. Eu só não exibo filme infantil, então este público não vem. Mas todas as outras faixas etárias se encontram aqui”.
E afirma: “Levar isso para as pessoas é muito satisfatório para mim. Falar sobre cinema, trazer filmes que eu acho interessantes, ver as pessoas gostando e discutindo sobre esses filmes. É meu estilo de vida”.
Após a exibição do filme, Cleiner comenta sobre a história da obra com o público
Arquivo Pessoal
Cine Smetal
Outra iniciativa de cinema gratuito é promovida pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região. É o Cine Smetal, que foi lançado em julho do ano passado e já exibiu mais de 80 obras desde então. A iniciativa tem apoio do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo e do Depois Bar e Arte.
No auditório, que comporta 120 pessoas, são exibidos apenas filmes e documentários nacionais. As sessões ocorrem às quintas-feiras, a partir das 19h, na sede do Smetal, que fica na Rua Júlio Hanser, 140, Jardim Faculdade.
Cine Smetal exibe filmes e documentários nacionais em Sorocaba (SP)
Smetal/Divulgação
De acordo com o sindicato, a iniciativa busca facilitar o acesso dos trabalhadores e da comunidade a cultura, criando um espaço de reflexão e debate, conectando o público às realidades brasileiras retratadas nas produções.
“A ida ao cinema tem perdido adeptos, em parte devido à popularização das plataformas de streaming, que oferecem conveniência e uma vasta biblioteca de filmes. Além disso, o custo elevado dos ingressos em salas comerciais e a facilidade de assistir em casa têm contribuído para essa diminuição.” analisa Leandro Soares, presidente do sindicato.
Às quintas-feiras, sindicato dos metalúrgicos de Sorocaba e região promove sessões de cinema gratuito em Sorocaba (SP)
Smetal/Divulgação
Para o sindicato, manter o Cine SMetal é uma prioridade porque oferece uma oportunidade de crescimento intelectual e social.
“O cinema é uma ferramenta poderosa para educar, conscientizar e mobilizar. Um filme pode provocar reflexões profundas, despertar novas perspectivas sobre questões sociais, históricas ou pessoais. Pode também inspirar mudanças de comportamento, atitude ou visão de mundo. É uma experiência transformadora”, afirma o presidente do Smetal.
Os interessados em exibir produções cinematográficas no Cine SMetal podem entrar em contato pelo WhatsApp (15) 99707-0999 ou e-mail renatafotografia1807@gmail.com, para falar com a curadora Renata Rocha.
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