Em Manguinhos, praticamente colado à Fiocruz, o domínio é do Comando Vermelho. Já na Vila do João, separada da fundação pelas pistas da Avenida Brasil, o domínio é de uma facção rival, o Terceiro Comando Puro (TCP). Fiocruz fica entre comunidades de diferentes facções
Editoria de Arte g1
A Fundação Oswaldo Cruz, invadida por traficantes em fuga durante operação da Polícia Civil na quarta-feira, tem diversas comunidades próximas à instituição com presença de traficantes.
Em Manguinhos, praticamente colado à Fiocruz, o domínio é do Comando Vermelho. Já na Vila do João, separada da fundação pelas pistas da Avenida Brasil, o domínio é de uma facção rival, o Terceiro Comando Puro (TCP). Em 2011, cinco traficantes foram presos após tentarem usar a Fiocruz como rota de fuga.
O Campus Manguinhos-Maré, como passou a ser chamada a sede da fundação no Rio de Janeiro, abriga mais de 200 edificações da Fiocruz.
Do lado da Maré, estão o Biobanco Covid-19, o próprio Centro de Pesquisa, o Prédio-Sede (antigo Prédio da Expansão), que abriga setores de várias unidades, como a Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp), a Casa de Oswaldo Cruz (COC) e a Presidência; e a sede da Fundação de Apoio à Fiocruz (Fiotec).
Em Manguinhos, estão o Castelo Mourisco; o Museu da Vida, gerido pela COC; a Biblioteca de Manguinhos, coordenada pelo Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict); o Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria (CSEGSF), da Ensp; o Complexo Tecnológico de Vacinas (CTV) do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos); os pavilhões do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), entre outras unidades.
Nesta quarta, pelo menos quatro suspeitos foram baleados, e uma funcionária foi ferida por estilhaços em Manguinhos. Imagens de drones mostraram os traficantes fugindo da fundação.
Drone mostra fuga de criminosos que invadiram a Fiocruz
Com a troca de tiros, as avenidas Leopoldo Bulhões e Dom Hélder Câmara, vias importantes da Zona Norte da Cidade, chegaram a ser interditadas, e alguns disparos atingiram a Cidade da Polícia, que também fica próxima. Por volta das 14h40, as duas vias já tinham sido liberadas.
Dez linhas de ônibus municipais tiveram seus itinerários desviados e um ônibus da linha 711 (Rio Comprido x Rocha Miranda) foi apedrejado, segundo a Rio Ônibus (veja abaixo a lista).
Veja o que disseram abaixo a Fiocruz e a Polícia Civil do Rio sobre a operação.
O que disse a Fiocruz
“Agentes entraram descaracterizados e sem autorização no campus da Fiocruz (campus Manguinhos-Maré) para o que seria uma incursão na comunidade de Varginha”, descreveu.
“Um projétil atingiu o vidro da sala de Automação, de Bio-Manguinhos, fábrica de vacinas da Fiocruz, e uma trabalhadora recebeu atendimento médico por conta dos estilhaços”, destacou.
“Um supervisor da empresa que presta serviços para a Gestão de Vigilância e Segurança Patrimonial da Fiocruz foi levado pelos policiais de forma arbitrária para a delegacia, algemado”, emendou.
“O vigilante fazia o trabalho de desocupação e interdição da área como medida de segurança para os trabalhadores, alunos e demais frequentadores do campus, no momento da incursão policial, e foi acusado de dar cobertura a supostos criminosos que estariam em fuga”, declarou.
“Toda a ação da Polícia Civil ocorre de forma arbitrária, sem autorização ou comunicação com a instituição, colocando trabalhadores e alunos da Fiocruz em risco.”
O que disse a Polícia Civil
“Policiais civis da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC), da 21ª DP (Bonsucesso) e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) realizam nesta quarta-feira uma ação da ‘Operação Torniquete’, na região do Complexo de Manguinhos, Zona Norte do Rio. Até o momento, houve apreensão de armas e drogas, e um funcionário da Fiocruz foi preso em flagrante. Ele estava auxiliando na fuga de traficantes da comunidade”, informou o delegado André Neves, pela manhã.
Posteriormente a informação da prisão foi corrigida. À tarde, a Polícia Civil disse que dois funcionários da fundação foram levados para a delegacia, mas ainda estava sendo apurado se eles auxiliaram bandidos na fuga ou foram coagidos.
“O objetivo da operação é o combate aos roubos e receptação de cargas praticados pela facção criminosa que explora as comunidades. As receitas advindas desses crimes financiam as atividades das organizações, as disputas territoriais e ainda garantem pagamentos a familiares de faccionados, estejam eles detidos ou em liberdade.”
“Durante as diligências, os agentes foram recebidos a tiros pelos criminosos e houve confronto”, destacou.
Nota da Rio Ônibus
“Devido a uma operação policial em Manguinhos, 10 linhas de ônibus municipais estão com seus itinerários desviados e um ônibus da linha 711 (Rio Comprido x Rocha Miranda) foi apedrejado. Mais uma vez reiteramos o apelo as autoridades de segurança pública, ressaltando a necessidade urgente de se tomar providências para devolver o direito de viver em paz da população carioca.”
Linhas desviadas:
350 (Irajá x Castelo)
371 (Praça Seca x Praça Tiradentes)
624 (Mariópolis x Praça da República)
634 (Bananal x Saens Peña)
711 (Rocha Miranda x Rio Comprido)
696 (Praia do Dende x Meier)
298 (Acari x Castelo)
296 (Irajá x Castelo)
265 (Marechal Hermes x Castelo)
SP 265 (Marechal Hermes x Term. Gentileza)”