Bruno Cézar Lucchesi, de 37 anos, chegou a fazer harmonização íntima em paciente. Delegada disse que ele trabalhava como médico há mais de oito anos. Polícia conclui inquérito de falso médico que atuava em clínica no Barreiro
O fisioterapeuta Bruno Cézar Lucchesi, de 37 anos, suspeito de se passar por médico, foi indiciado por exercício ilegal da medicina, estelionato, falsidade ideológica, emissão de atestado falso e exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo direto e iminente. Caso condenado, ele pode pegar até cinco anos de prisão.
Segundo a polícia Lucchesi atuava como “falso médico” em uma clínica no bairro Barreiro de Baixo, na Região do Barreiro, em Belo Horizonte. Ele chegou a fazer um procedimento de harmonização íntima em um paciente que acabou não dando certo.
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Reprodução/TV Globo
Ele está preso por força de um mandado judicial de prisão preventiva e os autos foram encaminhados para a Justiça.
De acordo com a delegada Gislaine Rios, responsável pela investigação, Lucchesi trabalhava como médico há mais de oito anos e era ele quem controlava todos os serviços da clínica.
O suspeito chegou a fazer parceria com profissionais da área da saúde como psiquiatra, dermatologista, endocrinologista, nutrólogo, psicólogo e biomédico. Ao todo eram oito especialistas.
Gislaine explicou que os profissionais também foram enganados e não tinham qualquer tipo de ligação criminosa com Lucchesi.
Vida de luxo
Ainda segundo a delegada, o fisioterapeuta atendia de cinco a seis pacientes, por dia, e as consultas custavam de R$ 270 a R$ 350. O faturamento semanal da clínica chegou a R$ 40 mil.
Com o dinheiro, Lucchesi alugava carros e fazia viagens ao exterior e, inclusive, havia uma prevista para a República Dominicana.
“Ele passou a vender sonhos. O sonho do emagrecimento rápido. Houve um caso em que ele cobrou R$ 8 mil para a pessoa emagrecer, mas como ela não emagreceu, ele disse que havia um problema psicológico e a encaminhou para um parceiro”, explicou Gislaine.
Além disso, conforme a delegada, o suspeito ainda fazia harmonizações corporais e faciais, peelings, infiltrações na coluna e joelho, entre outros procedimentos médicos e estéticos.
O falso médico atendia há seis anos nesta clínica no Barreiro de Baixo, em BH
Carlayle André/TV Globo
Medicamentos e ‘especializações’
Gislaine Rios falou que o falso médico usava medicamentos, ácidos e anestesia sem ter qualquer qualificação, já que ele é fisioterapeuta.
Ao ser levado para a delegacia, ele apresentou certificados de cursos feitos a distância, que não são reconhecidos pelo Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Coffito).
Gislaine disse que o “médico” se apresentava como especialista em várias áreas com mais de 15 anos de experiência. São elas:
Terapia ortomolecular,
Injetáveis,
Medicina do esporte,
Farmacologia,
Endocrinologia e metabolismo,
Ortopedia e traumatologia,
Emagrecimento,
Análise hormonal,
Hipertrofia,
Controle de dores articulares.
Atestados médicos
A delegada ressaltou ainda que ele emitia atestados médicos – o que é proibido para fisioterapeutas que podem somente dar atestado de comparecimento – e prescrevia remédios para colesterol e pressão, por exemplo.
Para fazer os documentos, ele usava números de CRMs de médicos falecidos, de outros estados e/ou que estavam inativos junto ao Conselho Regional de Medicina.
Um dos carimbos utilizados, conforme explicou a delegada, tinha o prenome e, coincidentemente, a mesma primeira letra do sobrenome dele.
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