Jornalista defende inclusão real e voz ativa de pessoas com deficiência nas empresas Flávia Cintra, jornalista e ativista
Lucas Seixas/ Globo/Divulgação
No mês de outubro, o Grupo Tribuna realizou o segundo encontro da Agenda ESG 2024, que trouxe debates fundamentais sobre a sustentabilidade e inclusão no mercado corporativo brasileiro. Uma das vozes do evento foi a da jornalista Flavia Cintra, conhecida por seu ativismo em prol das pessoas com deficiência e por sua jornada pessoal e profissional em defesa dos direitos desse grupo.
Flavia tem uma história marcante. Aos dezoito anos, um acidente de carro a deixou tetraplégica, mas isso não a impediu de lutar por seus sonhos e se tornar uma das mais destacadas ativistas do Brasil. Formada em jornalismo, Flavia fez da sua trajetória de superação uma plataforma para advogar pela inclusão e representatividade de pessoas com deficiência nas mais diversas áreas da sociedade, especialmente no mercado de trabalho. Sua atuação vai além do discurso; ela representa uma força prática que clama por transformações reais e sustentáveis na forma como o mercado vê e integra essas pessoas.
A jornalista e ativista pela inclusão de pessoas com deficiência teve uma participação na novela Viver a Vida, exibida pela Rede Globo em 2009. A trama, escrita por Manoel Carlos, trouxe uma abordagem sensível ao incluir Flávia como inspiração para a personagem Luciana, interpretada por Alinne Moraes, que sofre um acidente e passa a viver em uma cadeira de rodas.
Flávia participou da novela como consultora, auxiliando a construção da narrativa sobre as dificuldades e conquistas de pessoas com deficiência. Sua presença ajudou a trazer realismo e empatia à trama, além de inspirar a audiência sobre os temas de acessibilidade e inclusão.
Durante o evento, Flavia compartilhou sua experiência como representante do Brasil na Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, onde a frase “Nada sobre nós, sem nós” se tornou uma diretriz para as lutas de inclusão e igualdade. Ela ressaltou a importância de envolver as próprias pessoas com deficiência nas decisões que impactam diretamente suas vidas, uma perspectiva ainda pouco comum em um mercado onde as decisões, muitas vezes, são tomadas sem a consulta direta daqueles que mais entendem e vivenciam suas próprias necessidades.
“Ao longo da minha trajetória, eu percebi que muitas das soluções são planejadas sem a participação de quem realmente vive a realidade da deficiência,” afirmou Flavia. “Quando decisões são feitas sem a nossa voz, há desperdício de tempo, recursos e energia. Pergunte-me. Eu posso ajudar a construir a solução certa.”
Flávia é referência no jornalismo e ativismo
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Inclusão no mercado de trabalho: Um olhar necessário
A inclusão no mercado de trabalho é fundamental para construir ambientes diversos e igualitários, onde pessoas com diferentes habilidades, identidades e origens possam participar e contribuir com suas perspectivas únicas. A diversidade de experiências e vivências dos colaboradores enriquece a criatividade e a inovação, permitindo que as empresas alcancem um público mais amplo e variado.
Quando os trabalhadores se sentem representados e valorizados, eles tendem a ser mais engajados e motivados, o que, em última instância, beneficia a produtividade e a reputação da empresa.
Essa prática também desempenha um papel no desenvolvimento social, oferecendo oportunidades para pessoas que historicamente enfrentaram barreiras no mercado de trabalho, como mulheres, pessoas com deficiência, minorias étnicas e LGBTQIA+. Ao garantir que todos tenham acesso a essas oportunidades, as empresas promovem igualdade e contribuem para reduzir as desigualdades estruturais na sociedade.
Em um mercado que ainda contrata pessoas com deficiência, muitas vezes, apenas para cumprir a lei de cotas, Flavia Cintra trouxe uma crítica contundente durante a Agenda ESG. De acordo com ela, grande parte das empresas se limita a preencher funções de entrada e operacionais, restringindo o potencial dessas pessoas e muitas vezes esquecendo que a inclusão deve também abrir caminhos para cargos de liderança e desenvolvimento de carreira. Para ela, a verdadeira inclusão não é simplesmente cumprir uma obrigação legal, mas reconhecer a capacidade e o valor que essas pessoas trazem para a empresa.
Ela enfatizou que as empresas têm um papel crucial para assegurar que essas pessoas ocupem vagas e tenham oportunidades reais de crescimento e acesso a todos os níveis organizacionais. Empresas que promovem a inclusão genuína – com um ambiente de pertencimento e apoio – não apenas cumprem a lei, mas valorizam seu quadro com uma diversidade que impulsiona a inovação e o desenvolvimento organizacional.
A importância de romper barreiras e garantir pertencimento
Para Flavia, uma verdadeira cultura de inclusão é, além de um conjunto de políticas, um compromisso de cada empresa para garantir que todos os colaboradores sejam vistos como indivíduos completos, capazes de contribuir em diferentes áreas e níveis. Ela destacou que o termo ‘pertencimento’ é essencial para garantir que as pessoas com deficiência não apenas façam parte do quadro de funcionários, mas sintam que são ouvidas e respeitadas.