A americana que teve uma infância difícil, com muitos abusos, é agora uma das figuras centrais da política dos Estados Unidos. Ex-presidente dos EUA, Donald Trump, e a atriz pornô Stormy Daniels
Reuters e AP Photo
Na última semana, Donald Trump se tornou o primeiro ex-presidente dos Estados Unidos a ser condenado na justiça criminal. Doze jurados decidiram por unanimidade que ele falsificou documentos financeiros para justificar a compra do silêncio da atriz e diretora pornô Stormy Daniels.
Um documentário inédito no Brasil conta a vida da estrela de filmes adultos e pivô de um escândalo político que pode influenciar a eleição presencial, em novembro.
Infância difícil
Stephanie Gregory Clifford nasceu em 1979, em um bairro violento de Baton Rouge, capital da Louisiana. A futura estrela pornô teve uma infância difícil, com os pais se divorciando quando ela ainda tinha quatro anos.
“Ela virou uma mãe desleixada. Nunca me bateu nem nada disso, mas ficava muito tempo sumida”, diz Stormy Daniels.
Sozinha em casa, ela dependia dos vizinhos até para comer. E foi estuprada por um deles. Segundo ela, o abuso não era novidade para a mãe.
“Ela sabia que um vizinho abusava de mim quando eu tinha nove anos”, conta.
Ao saber que o abusador morreu, ela disse que ficou triste, pois queria matá-lo.
Sonho e realidade
A atriz Stormy Daniels no lançamento de seu livro Full Disclosure, em 2018
Charles Sykes/AP
Ela começou a trabalhar aos 11 anos, quando passou a ter aulas de equitação e pensava em ser veterinária. Até que, aos 17 anos, uma festa e uma jovem em um carrão mudaram tudo.
A mulher disse que o carro era dela, e que ela comprou trabalhando como dançarina. “Dia desses vem me ver dançar”, disse a mulher.
Stephanie foi e recebeu um convite para performar no que chamam de “dança exótica”, com teor erótico. Em uma noite, ela diz que ganhou mais dinheiro do que um mês inteiro dando aulas de equitação.
“Quando comecei a dançar mais e mais, comprei minha casa. Comprei meus peitos”, diz.
Donald Trump
Em pouco tempo, ela chamou a atenção da indústria pornô na Califórnia. En 2006, a vida dela passou por uma nova reviravolta.
O estúdio em que ela trabalhava patrocinou um torneio de golfe para celebridades num resort luxuoso em Nevada. Um dos convidados era Donald Trump, já casado com Melania.
O empresário estava no auge da fama na televisão, com o programa “O Aprendiz”. Na ocasião, a conversa no campo rendeu um convite para jantar e um encontro no quarto de hotel.
“Achei que tínhamos respeito um pelo outro. Por isso foi quando, sem nenhum alerta, sai do banheiro e ele me imprensou”, recorda.
Ela diz que não se lembra como foi para a cama. “Foi horrível, mas eu não disse não’.
Após o encontro, ela diz que os dois passaram a se falar por telefone. Ela diz que um dia Trump ligou para contar que ela não ia ser convidada para o programa, como ela esperava que pudesse acontecer.
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Caso público
Em 2011, cinco anos depois da noite no hotel, Trump anunciou que pensava em se candidatar à presidência dos Estados Unidos. Uma amiga de Stormy, então, aproveitou para tentar vendera a história do caso extraconjugal, que Trump diz que nunca aconteceu.
Uma revista de fofocas chegou a se interessar pela história, mas desistiu de publicar a entrevista. Em 2015, já durante a candidatura, Trump se reuniu com o amigo David Pecker, dono de uma publicação sensacionalista, que topou ficar atento a possíveis histórias negativas sobre o político.
Pecker foi uma das testemunhas-chave do julgamento encerrado nesta semana e admitiu ter agido sob ordens de Trump. E, pela primeira vez, admitiu que a operação que a imprensa chama de “Capturar e Matar”, ou seja, identificar histórias prejudiciais à reputação de alguém para então pagar por elas e nunca publicá-las.
Mas quem fechou o negócio foi o então advogado de Trump Michael Cohen. Ele adiantou o pagamento de US$ 130 mil a Stormy em outubro de 2016, um mês antes das eleições.
Em 2018, um jornal descobriu a negociata e o Trump disse que não sabia do pagamento. Com a investigação, o advogado de Trump virou testemunha da promotoria.
As operações financeiras que reembolsaram Cohem fizeram o estado de Nova York processar Trump por fraude financeira. As transferências de dinheiro para o advogado foram registradas como “despesas legais”, uma mentira, segundo promotores e o próprio Cohen.
Para eles, o silêncio comprado evitaria problemas na campanha eleitoral. A sentença vai ser anunciada no dia 11 de julho e os advogados disseram que vão recorrer.
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