12 de outubro de 2024

Foragido, contraventor que denunciou guerra do jogo do bicho agora diz que foi instruído por Bernardo Bello para citar ‘nova cúpula’

Em depoimento à Justiça do Rio, Luiz Cabral Waddington Neto diz que foi obrigado a citar os nomes de Adilson Oliveira Coutinho Filho, o Adilsinho, além de Rogério Andrade e Vinícius Drummond, filho de Luizinho Drummond. Ele ainda se disse ameaçado por Bernardo Bello. O contraventor Luiz Cabral Waddington
Reprodução/TV Globo
O contraventor Luiz Cabral Waddington Neto, que em 2023 falou que havia uma guerra entre a “Nova Cúpula” do jogo do bicho contra seu patrão, Bernardo Bello, desmentiu na Justiça do Rio o próprio depoimento dado à polícia sobre o assunto.
A declaração aconteceu durante audiência do caso em que três réus respondem a processo por suspeita de participarem do planejamento do homicídio de Fernando Marcos Ribeiro, conhecido como Fabinho, na Tijuca, Zona Norte do Rio.
Homem de camisa cinza caminha até o bar onde fez os disparos
Reprodução
Cabral está foragido e responde a processo por suspeita de participar de um ataque a tiros no bar Parada Obrigatória, em Vila Isabel. Neto foi ouvido por videoconferência. Durante o processo, a Justiça do Rio tentou intimá-lo para prestar depoimento em diversos endereços, sem sucesso.
No seu novo relato, o contraventor disse que, nos depoimentos à 6ª DP (Cidade Nova) e à Delegacia de Homicídios da Capital, ele foi “induzido” e “instruído” por Bernardo Bello a citar os nomes de Adilson Oliveira Coutinho Filho, o Adilsinho, além de Rogério Andrade e Vinícius Drummond, filho de Luizinho Drummond.
Contraventor que denunciou guerra do jogo do bicho depõe sobre mortes de PM e de miliciano
“Bernardo (Bello) mandou eu falar na delegacia o nome dessas três pessoas. Dei muitas declarações induzidas pelo Bernardo”, afirmou Luiz Cabral. “Ele criou esse boato, não sei porque”
Cabral disse que Fernando, executado em plena luz do dia na Zona Norte em meio a uma guerra por domínio dos pontos da contravenção, fazia parte da organização de Bernardo Bello com ele:
“Fernando era um coringa nosso, mais para a área da segurança”, afirmou Cabral, que explicou que o ex colega tinha a função de monitorar se os funcionários estavam trabalhando nos pontos de jogo do bicho é nos estabelecimentos onde havia máquinas caça-niqueis.
Procurado, o advogado de defesa de Cabral, André Bergeralck, disse ao g1 que não iria se manifestar sobre o que foi dito pelo seu cliente em audiência.
Delegado explica investigação
Três pessoas, presas em junho deste ano, respondem pela execução de Fernando Marcos na Justiça, acusadas de monitorar a vítima:
Marcos Paulo Gonçalves Nunes e Vitor Luis de Souza Fernandes
Reprodução/TV Globo
Allan dos Reis Mattos, policial do 15º BPM (Caxias), preso durante a investigação por estar com armas de numeração raspada e acusado de monitorar a vítima;
Marcos Paulo Gonçalves Nunes, gestor de caça-níqueis e considerado o número 2 na hierarquia da quadrilha suspeita de encomendar a morte.
Vitor Luis de Souza Fernandes, preso. Foi filmado junto com Marcos Paulo seguindo a vítima em Copacabana, um dia antes da morte de Fernando.
Durante a audiência, o delegado titular da Delegacia de Homicídios da Capital, Rômulo Assis, disse que toda a investigação leva ao nome de Adilson Oliveira Coutinho Filho, o Adilsinho, como mandante do crime.
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Ele citou que Luiz Cabral deu um depoimento de sete horas à especializada, que foi gravado, no qual a testemunha deu detalhes sobre a guerra da contravenção entre os grupos de Bello e Adilsinho.
Segundo ele, Marcos Paulo ganhou destaque na organização criminosa, e os três réus participaram de ataques às áreas de Bernardo Bello. “Marcos Paulo passou a administrar algumas áreas da Zona Sul. Os três participavam dessas investidas.
Suspeitos foram presos por monitorar Fernando Marcos Ferreira Ribeiro na véspera de sua execução
Reprodução
Ele ainda citou que munições idênticas encontradas nos locais dos crimes indicaram que a mesma arma foi utilizada na morte de Marcos Antônio Figueiredo Martins, o Marquinho Catiri, homem armado de Bernardo Bello, na execução de Fernando Marcos e na tentativa de matar Luiz Cabral, que acabou deixando ferido seu filho, Luiz Henrique.
Segundo o delegado, outra investigação foi aberta para chegar aos executores e o mandante do assassinato de Fernando Marcos, em abril do ano passado.
Ameaça e Abandono
Bernardo Bello, em foto na Delegacia de Homicídios em 2019
Henrique Coelho / G1
No seu depoimento, Cabral ainda disse que está sendo ameaçado por Bernardo Bello e que foi “abandonado” pelo patrão.
“Ele sumiu e me largou de mão. Me senti abandonado”, disse ele.
O contraventor confesso, que responde a processo, diz que está “escondido” e “fugido” por conta das ameaças.
“Ouvi de outros funcionários: ‘Some que você é o próximo'”, relatou durante a audiência.

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