26 de dezembro de 2024

Fotógrafa acompanha ninho de carcará em Uberlândia, MG

Valéria Boldrin, observadora de vida silvestre, começou a registrar as aves há cerca de 50 dias. Fotógrafa acompanha ninho de carcará em Uberlândia, MG
Desde o dia 29 de julho, a fotógrafa e observadora de vida silvestre Valéria Boldrin, moradora de Uberlândia (MG), tem se dedicado a acompanhar um ninho de carcará, localizado na jardineira do andar abaixo de sua casa.
Valéria chegou a observar a eclosão de um dos ovos, mas relata que dos três ovos iniciais, apenas um filhote sobreviveu, enquanto os outros dois foram deixados de lado pelos pais.
“Não evoluíram. Observei que após dois dias do nascimento do primeiro filhote o casal desistiu de aquecer os outros dois ovos. Que após alguns dias sumiram do ninho”, conta a fotógrafa.
Ninho de carcará foi registrado em Uberlândia (MG)
Valéria Boldrin
Segundo o ornitólogo Fernando Igor de Godoy, o fato dos ovos não eclodirem pode estar relacionado a diversos fatores, desde biológicos, (ovos inférteis, algum problema de reprodução, doença, anomalia); condições ambientais (como o excesso de temperatura, mudanças climáticas) e até mesmo interferência humana.
Em sua observação, Valéria destaca os cuidados com que os pais carcarás tratam o filhote. “O que mais me chamou a atenção foi a delicadeza com que os adultos tratam o recém-nascido. E, a confirmação de que o casal carcará divide os cuidados com o ninho”, afirma.
Ao longo de 55 dias de monitoramento, ela notou um desenvolvimento rápido do filhote, que já apresenta crescimento visível em suas asas e plumagem.
Atualmente, o filhote se desloca pela jardineira e emite sons, além de já ser alimentado com pequenas aves. Valéria conta que os pais estão trazendo uma variedade de alimentos, incluindo pequenos lagartos e aves, muitas vezes já em pedaços, facilitando a alimentação do jovem carcará.
A observadora diz que adotou uma abordagem cuidadosa em suas observações, mantendo uma distância segura para não perturbar a família. Com um tripé montado próximo à janela, ela garante que os carcarás se acostumem com sua presença.
“Estou muito feliz em conseguir acompanhar o desenvolvimento do filhote e toda dinâmica do ninho. Mesmo sendo uma ave comum, vê-los assim na intimidade é enriquecedor. E mais pessoas tendo acesso a este conhecimento, acredito que estaremos contribuindo para aumentar o respeito aos ninhos que encontramos perto de nós”, conta Valéria.
Sobre a espécie
Segundo Wikiaves, o carcará não é taxonomicamente uma águia, e sim um parente distante dos falcões. É tanto visto sozinho como em bandos numerosos em redor de mamíferos e carcaças.
Não é um predador especializado, e sim um generalista e oportunista. Onívoro, alimenta-se de quase tudo o que acha de animais vivos ou mortos até o lixo produzido pelos humanos, tanto nas áreas rurais quanto urbanas.
Carcará é ave amplamente distribuída no Brasil
José Leonardo de Souza/VC no TG
Possui uma distribuição geográfica ampla, que vai da Argentina até o sul dos Estados Unidos, ocupando toda uma variedade de ecossistemas, fora a Cordilheira dos Andes. Sua maior população se encontra no sudeste e nordeste do Brasil. 
*Texto sob supervisão de Lizzy Martins
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