Espécie está entre os maiores peixes ósseos do planeta. Animal foi flagrado no mar de Bertioga (SP). Fotógrafo flagra peixe-lua rodeado por golfinhos no litoral de SP
Um dos maiores peixes ósseos do planeta, o peixe-lua, foi flagrado no mar de Bertioga, no litoral de São Paulo. O fotógrafo de natureza Rafael Mesquita registrou o momento em que o animal foi rodeado por golfinhos na superfície (assista acima).
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Ao g1, Rafael contou que o flagrante ocorreu na terça-feira (8), a aproximadamente sete quilômetros da costa de Bertioga. Ele estava indo de barco até a Ilha Montão de Trigo quando, na altura da praia de Guaratuba, um grupo de golfinhos-pintados-do-atlântico passou a acompanhar a embarcação.
O fotógrafo iniciou uma transmissão ao vivo nas redes sociais para mostrar os animais. “Durante a live, uma parte do grupo se reuniu em um mesmo lugar e eu percebi um comportamento diferente deles. Vi a ponta da nadadeira e achei que pudesse ser um peixe-lua para fora da água. Desliguei a live e subi o drone para confirmar se era um peixe-lua mesmo e realmente era”, disse.
Segundo o profissional, dois golfinhos estavam interagindo com o peixe. No entanto, eles logo perderam o interesse no animal e o peixe-lua retornou ao fundo do mar. “Não apareceu mais”, relembrou Rafael.
Peixe-lua
O biólogo marinho Eric Comin explicou que a espécie vive nas profundezas do oceano, mas costuma subir para superfície entre a primavera e o verão por conta de uma corrente marinha chamada Água Central do Atlântico Sul (Acas), que é rica em nutrientes.
“A Acas vem para próximo da costa e o peixe-lua vem junto com a Acas, até por questões de alimentação e tudo mais. Então, ele pode ser encontrado próximo à superfície”, explicou Comin.
Peixe-lua foi rodeado por dois golfinhos em Bertioga (SP)
Rafael Mesquita
A subida do animal para superfície também traz benefícios ao ecossistema marinho. “Essa espécie possui alguns parasitas, ou seja, o fato de subir e vir próximo à superfície também serve para que outros peixes se alimentem desses parasitas que ele tem. Ele vem para uma estação de limpeza, uma ‘clean station’ que a gente chama, então ele vem para ser limpo” contou o biólogo.
Em contrapartida, o peixe-lua se alimenta de água-viva e organismos gelatinosos. Segundo o fotógrafo Rafael Mesquita, o mar de Bertioga estava repleto de várias águas-vivas quando a espécie foi vista.
“Pode explicar a aparição deles, que são bem raros de ver perto da costa”, afirmou o profissional, que já encontrou com a espécie em outras oportunidades, mas em outras regiões do país.
Peixe-lua encontrado em praia no Oregon
Tiffany Boothe/Seaside Aquarium via AP
Um dos maiores e mais pesados peixes
Com corpo oval que lembra a lua, o peixe-lua é dócil, muito grande e vive próximo de ilhas oceânicas, por isso, não é visto em praias. De acordo com Eric Comin, o animal pode ter mais de 2,80 metros da ponta de uma nadadeira até a outra. “É uma espécie que chama muito a atenção pelo formato peculiar do seu corpo”, afirmou.
A espécie, inclusive, é uma das maiores e mais pesadas entre os peixes ósseos do mundo. Em dezembro de 2021, um peixe-lua foi encontrado morto em Portugal e considerado o maior peixe ósseo já registrado pela ciência, com mais de 2.700 kg.
O estudo, que descreve o animal, foi publicado em outubro de 2022. O biólogo português José Nuno Gomes-Pereira, da associação Atlantic Naturalist, disse que o animal encontrado em Portugal “não é um indivíduo anormal cujo tamanho extremo se deve a uma mutação genética”, pois a espécie pode chegar a ter esse tamanho. Segundo o biólogo, finalmente um grupo de cientistas conseguiu pesar e medir um deles.
Um peixe-lua encontrado morto perto da ilha do Faial, em Portugal, em dezembro de 2021 é o maior peixe ósseo já registrado pela ciência
Atlantic Naturalist/Reprodução
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