21 de setembro de 2024

Fugitivos de Mossoró: operação de buscas chegou a mobilizar mais de 600 agentes de segurança

O Ministério da Justiça concluiu que falhas nos procedimentos de segurança possibilitaram a fuga dos dois condenados e que as investigações não encontraram indícios de corrupção dos funcionários no presídio. Buscas mobilizaram mais de 600 agentes de segurança
A operação de buscas chegou a mobilizar mais de 600 agentes de segurança.
No dia da fuga, os bandidos invadiram uma casa a cerca de 10 km do presídio. Levaram roupas e outros itens pessoais. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, afastou o diretor da prisão.
Após 50 dias, fugitivos da penitenciária de Mossoró são presos em Marabá (PA)
No dia seguinte, o governo anunciou medidas para aumentar o nível da segurança em todas as penitenciárias federais. Em uma coletiva, o ministro a descreveu a fuga como de baixo custo e sem planejamento.
“Não imaginamos que tenha sido algo orquestrado de fora, algo que tenha sido arquitetado com muito dinheiro, com muito custo, com veículos aguardando, enfim, os fugitivos”, disse Lewandowski.
As polícias Federal e Rodoviária Federal enviaram forças especiais para auxiliar nas buscas.
No dia 16 de fevereiro, policiais encontraram pistas em uma área de mata em um raio de 15 km do presídio: pegadas que seriam dos fugitivos e peças de roupa usadas e furtadas por eles. Os fugitivos foram incluídos na lista de procurados da Interpol.
No dia 18 de fevereiro, o Fantástico mostrou as falhas na segurança da penitenciária. O repórter Paulo Renato Soares teve acesso às duas celas de onde eles escaparam. Uma das hipóteses da investigação é que os detentos tenham retirado pedaços de ferro das paredes da cela e usado como ferramenta para retirar a luminária.
“Olha só o espaço que eles conseguiram ao retirar a luminária. E como é pequeno, eles tiveram que aumentar um pouco o buraco ali para, provavelmente, poder passar a cabeça”, contou o repórter.
Fantástico entra nas celas de presídio de segurança máxima em Mossoró e mostra falhas de segurança que levaram à fuga de presos
Depois de chegar ao teto das celas, os presos tiveram apenas o trabalho de tirar uma das telhas de lugar e pular para o pátio. Essa é uma das poucas imagens da fuga, porque a maioria das câmeras de segurança não funcionava.
A área externa estava cercada por um tapume de metal por causa de obras no presídio. Os detentos passaram pelo tapume e usaram um alicate deixado pelos operários da obra e cortaram a primeira parte da grade. Andaram mais alguns metros, abriram a passagem na segunda tela e fugiram.
Oito dias após a fuga, a polícia prendeu três suspeitos de ajudar os fugitivos: dois no Rio Grande do Norte e um no Ceará. Um dia depois, cerca de 100 agentes da Força Nacional chegaram a Mossoró para reforçar as buscas dos fugitivos. A polícia prendeu o irmão de um dos foragidos no Acre.
No dia 24, a Polícia Federal encontrou uma casa que teria sido usada como esconderijo de 17 a 23 de fevereiro, e anunciou recompensa de até R$ 30 mil por informações sobre fugitivos. Um documento obtido pelo Jornal Nacional mostrou que um morador do Complexo do Alemão fez um depósito por PIX de R$ 5 mil para o dono da casa, que relatou ter entregue o dinheiro nas mãos dos fugitivos. O Complexo do Alemão, localizado na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro, é dominado pela facção criminosa Comando Vermelho. O dono da casa foi preso no dia 26 de fevereiro, suspeito de ter escondido os foragidos.
No dia 3 de março, a força-tarefa faz um cerco em uma área rural de Baraúna – dia em fugitivos foram vistos pela última vez. Ainda no começo de março, a Polícia Federal prendeu em Fortaleza outro suspeito de ajudar os foragidos.
Quase um mês após a fuga, Polícia Federal divulgou imagens com simulações de possíveis aparências e disfarces deles.
O ministro Ricardo Lewandowski esteve em Mossoró para acompanhar os trabalhos da força-tarefa.
“Eles estão recebendo, sim, apoio externo e essa é uma das razões pelas quais eles têm, digamos assim, escapado desse cerco que tem sido feito”, disse o ministro na ocasião.
Depois de um mês e meio, os cem agentes da Força Nacional deixaram o Rio Grande do Norte.
Até as prisões desta quinta-feira (4), a última manifestação do Ministério da Justiça tinha sido na terça-feira (2). O ministério concluiu que falhas nos procedimentos de segurança possibilitaram a fuga dos dois condenados e que as investigações não encontraram indícios de corrupção dos funcionários no presídio de Mossoró.
O Ministério da Justiça demitiu, nesta quinta-feira (4), o diretor da Penitenciária Federal de Mossoró, Humberto Alencar – que já estava afastado do cargo desde dia seguinte à fuga.
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