A empresa sediada em Jacareí (SP) anunciou na última segunda-feira (28) que está sendo negociada com um investidor brasileiro, que ainda não teve o nome revelado. Funcionários discutem venda da Avibras em assembleia
Funcionários da Avibras se reuniram em assembleia na noite desta terça-feira (29) para discutir a venda da indústria bélica sediada em Jacareí (SP) para um investidor brasileiro.
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Em recuperação judicial por conta de uma crise financeira, a empresa anunciou na última segunda-feira (28) que está sendo negociada com um investidor brasileiro, que ainda não teve o nome revelado – leia mais detalhes abaixo.
A assembleia foi convocada pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, que informou que vai se reunir com esse investidor na sexta-feira da próxima semana, dia 8 de novembro.
Segundo o sindicato, a assembleia teve como objetivo debater a situação dos 924 funcionários da Avibras após a empresa concluir a negociação para passar o controle acionário para o investidor brasileiro.
Técnicos e funcionários dos setores produtivo, administrativo e de engenharia de empresa de Jacareí estão há dois anos em estado de greve. Os trabalhadores não recebem salários há 18 meses.
Os temas discutidos na assembleia serão levados à reunião entre o sindicato e o investidor brasileiro, que deverá arcar com os compromissos e multas abertos pela Avibras.
“Se o investidor compra e ele quer que a fábrica volte a funcionar, tem que fazer o pagamento desses salários em atraso. Além dos pagamentos, tem também as multas, o depósito do fundo de garantia e o depósito do INSS, que a Avibras não estava fazendo”, afirma Weller Gonçalves, presidente do sindicato.
Funcionários da Avibras discutem venda da indústria bélica para investidor brasileiro
Reprodução/TV Vanguarda
O sindicato acredita que o investidor vai propor um acordo e diz que nenhuma decisão vai ser tomada sem aval dos funcionários, que deverão ser aproveitados pela empresa compradora.
“O que nos foi passado, mas até o momento não é nada 100% (confirmado), é que a empresa vai querer ficar com todos os trabalhadores e que ela quer voltar a fábrica de imediato para ativar os contratos que existem vigentes”, diz Weller.
Venda da Avibras
A indústria bélica Avibras afirmou na segunda-feira (28) que a venda da empresa está sendo negociada com um investidor brasileiro. O nome do investidor e o valor do negócio não foram revelados.
Segundo a Avibras, no dia 25 de outubro, o investidor brasileiro assinou um acordo com a empresa, para adquirir o controle da companhia, o que a indústria bélica, que vive uma crise, classificou como um avanço significativo no “processo de recuperação financeira”.
Avibras, em Jacareí
Claudio Vieira/Sindicato dos Metalúrgicos
Apesar da assinatura, a Avibras informou que a conclusão do negócio ainda depende de outros fatores, com o cumprimento de condicionantes estabelecidas em contrato.
“O fechamento efetivo da aquisição somente poderá ocorrer se cumpridas todas as condições estabelecidas no acordo”, diz trecho da nota da Avibras. A empresa não detalhou o acordo firmado.
Ainda segundo a Avibras, nesta fase, estão sendo seguidas as etapas necessárias “para concretizar e validar a aquisição, com o intuito de restabelecer as operações da companhia”.
Por fim, a Avibras destacou que “a assinatura do acordo representa um marco importante no processo de reestruturação da empresa” e que o investidor brasileiro e a indústria bélica “estão trabalhando de forma colaborativa para concluir a transação”.
Nas redes sociais, o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, que representa os trabalhadores da Avibras, informou que tomou ciência do acordo da indústria com um grupo brasileiro e disse que realizará uma assembleia com os funcionários nesta terça-feira (29), para debater a situação.
A Avibras está em recuperação judicial há dois anos e os funcionários estão em greve quase que o mesmo período. Eles estão sem receber salários há pelo menos 18 meses, de acordo com o Sindicato.
A Avibras é uma empresa bélica localizada no interior de SP.
Reprodução/ TV Vanguarda
Crise e recuperação judicial
Em 22 de março de 2022, a Avibras pediu recuperação judicial, alegando uma dívida de R$ 600 milhões. Em julho de 2023, credores aprovaram o plano de recuperação judicial da empresa.
A recuperação judicial serve para evitar que uma empresa em dificuldade financeira feche as portas. É um processo pelo qual a companhia endividada consegue um prazo para continuar operando enquanto negocia com seus credores, sob mediação da Justiça.
Nesse cenário de crise, cerca de 400 funcionários da Avibras encerraram em maio o período de layoff (suspensão temporária do contrato de trabalho) na empresa e iniciaram o período de licença remunerada em junho.
Ao g1, a Avibras confirmou que são cerca de 400 funcionários nessa situação e que a licença remunerada será aplicada por tempo indeterminado.
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Projeto de lei quer que o governo federal compre a Avibras
A Avibras
A Avibras Aeroespacial é a maior indústria bélica do país e foi fundada em 1961 por engenheiros do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), de São José dos Campos (SP). Ela é uma das primeiras empresas nacionais a atender o setor aeroespacial.
A empresa desenvolve tecnologia para as áreas de Defesa e Civil. A organização foi uma das primeiras no Brasil a construir aeronaves, desenvolver e fabricar veículos espaciais para fins civis e militares.
Presente no mercado nacional e internacional, a empresa tem sede em Jacareí, no interior de São Paulo, e desenvolve diferentes motores foguetes para a Marinha do Brasil e para a Força Aérea Brasileira, além de produzir sistemas fixos ou móveis de C4ISTAR (Comando, Controle, Comunicação, Computação, Inteligência, Vigilância, Aquisição de Alvo e Reconhecimento) e Aeronave Remotamente Pilotada (ARP) – o Falcão.
Fábrica da Avibras em Jacareí
Reprodução/TV Vanguarda
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