Governo de SP diz ter determinado abertura imediata de sindicância para investigar caso. Se comprovada denúncia de descumprimento das normas de boas práticas no transporte de cadáveres, empresa responsável pelo transporte será punida. Denúncia no Serviço de Verificação de Óbito de SP
Faltam itens para o transporte adequado de corpos e também para a lavagem dos carros funerários em São Paulo. As denúncias vêm de funcionários e familiares.
Um ex-colaborador da FVB, empresa contratada pelo governo do estado para fazer o transporte dos corpos para o Serviço de Verificação de Óbito (SVO) da capital, denunciou que o trabalho é feito sem equipamentos de proteção nem protocolos de higiene e segurança. Suzelane Lima Resende, doceira que recentemente perdeu a mãe, também apontou a falta de cuidado do serviço.
Quando acontece uma morte natural – que não tenha sido decorrente de violência nem acidente – cabe ao SVO determinar a causa. O órgão também é responsável por emitir a declaração de óbito, quando a morte ocorre em casa e sem assistência médica, e liberar o corpo para a família fazer a cerimônia de despedida.
A mãe de Suzelane morreu em 1º de junho, na Parada de Taipas, Zona Norte da capital. A família primeiro acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que atestou a morte da idosa. Em seguida, eles acionaram a empresa que seria responsável pelo transporte.
“Ficamos esperando irem buscar o corpo de minha mãe. Eles não tiveram respeito algum, pegaram de qualquer jeito, com um lençol que estava na cama”, afirma.
Suzelane passou 24 horas no SVO da capital até conseguir liberar o corpo da mãe para o velório. “Me disseram que se eu quisesse achar minha mãe teria que entrar nos ‘caveirões’, abrir as portas e procurar o corpo.”
Trecho de vídeo gravado por ex-funcionário.
Reprodução/ TV Globo
O ex-funcionário, que prefere não ser identificado, gravou uma série de vídeos na sede da empresa, em dezembro de 2023, onde funcionários conversam sobre a falta de material. Em um dos vídeos, outro trabalhador afirma que a recomendação é recolher os corpos com um “lençol, cobertor, essas coisas. A mortalha [saco de cadáver] não está no contrato”.
O homem também denuncia que eles eram obrigados a lavar os carros de transporte sem equipamentos de segurança, como luvas e macacões.
“O certo seria ter um local exato para fazer essa limpeza, com um próprio tratamento da Cetesb”, afirma.
Em nota, a Secretaria Estadual da Saúde considerou inadmissíveis as condutas apontadas nas denúncias e determinou a abertura imediata de uma sindicância para investigar o caso. Se comprovada a denúncia de descumprimento das normas de boas práticas no transporte de cadáveres, a empresa será punida.
Ainda segundo a pasta, o contrato com a FVB prevê o fornecimento de todos os materiais, inclusive a mortalha.
A FVB disse à TV Globo que não foi notificada formalmente de nenhuma denúncia e que cumpre as suas obrigações legais.