Exame foi realizado neste domingo (17) e nível de dificuldade, no geral, foi de médio para difícil, segundo os professores de cursinho. Candidatos tiveram cinco horas para responder a 90 questões de conhecimentos gerais, no formato múltipla escolha. Estudantes fazem prova da 1ª fase da Fuvest 2025
Gian Dias/TV Globo
Professores de cursinhos pré-vestibulares de São Paulo ouvidos pelo g1 analisaram as questões da primeira fase da Fuvest 2025 que foi aplicada neste domingo (17) e ressaltaram a interdisciplinaridade e a atualidade das questões.
A prova teve o índice de abstenção mais baixo da história, de 7,48%: entre os 107,3 mil inscritos, 8.031 candidatos deixaram de comparecer nesta edição. Em 2023, a taxa foi de 8,6%.
Segundo Vera Lúcia da Costa Antunes, coordenadora pedagógica do Objetivo, o nível da prova foi de “médio para difícil”, além de “inteligente, porque não é fácil fazer questões de interdisciplinares do tipo que a Fuvest fez”, e contemporânea. “Uma prova muito bem elaborada, criativa, que provocou para os alunos um certo trabalho, uma prova com questões difíceis.”
“O aluno tem que realmente ter consciência desses problemas sociais e para se sair bem nas questões e ler essas alternativas com certo cuidado”, afirmou.
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Breno Silva, professor de filosofia e sociologia da Escola SEB Lafaiete, disse que “a melhor definição da prova é a interdisciplinaridade e atualidade das questões”.
Interdisciplinaridade é um conceito que busca a intersecção entre conteúdos de duas ou até mais disciplinas para permitir que o aluno tenha uma visão mais ampla a respeito de um determinado tema.
“Teve uma questão sobre o manto Tupinambá na perspectiva do líder indígena Davi Copenawa e da artista Glicéria Tupinambá. Isso é importante porque o manto já foi abordado nas provas do ano passado como a Unicamp, mas como ele foi devolvido ao Museu Nacional pelo Museu da Dinamarca, a gente esperava que o tema voltasse”, comentou Breno.
O professor ressaltou também questões ligadas à “cultura do cancelamento, uma sobre a mídia digital a partir do Byung Chul-Han, com uma a discussão bem atual. Além disso, uma questão clássica de Max Weber falando da ética protestante e o espírito do capitalismo. Uma prova com dificuldade média para cima”.
Viktor Lemos, diretor-geral do Curso Anglo avaliou que, “mais uma vez, foi uma prova exigente, conteudista, de nível médio para difícil, mas que trouxe algumas novidades em relação aos anos anteriores. Em relação a inglês e física, foram os grandes destaques de dificuldade da prova”.
“No geral, a prova trouxe temas muito atuais e foi bastante adequada para selecionar os bons alunos para a segunda fase da Fuvest. Por exemplo, em geografia, questões de comércio global, envolvendo, inclusive, o Polo Norte, ilhas de calor, mineração e questões de trabalho”, disse Lemos, “o que mostra como a Fuvest tem estado cada vez mais moderna e atual em relação à temática”.
Veja abaixo a análise dos professores por disciplina.
Biologia
Vera Lúcia da Costa Antunes, coordenadora pedagógica do Objetivo: “Foi uma prova difícil. As questões do crescimento da dengue, a do consumo de gorduras saturadas, a de célula-tronco, foram questões muito bonitas, mas que o aluno tinha que ter muito cuidado”.
Viktor Lemos, diretor-geral do Curso Anglo: “Em relação à biologia e física, uma prova que exigia dos candidatos muitas contas”.
Inglês
Vera Lúcia da Costa Antunes, coordenadora pedagógica do Objetivo: “Muitas questões interdisciplinares, onde você lia o texto em inglês, mas, na verdade, estava falando um assunto de física. O inglês foi considerado difícil pela coordenação de inglês [do Objetivo]”.
Viktor Lemos, diretor-geral do Curso Anglo: “Uma prova de inglês bastante difícil e exigente, com duas questões interdisciplinares, uma com biologia, outro com física, o que é uma novidade”.
Física
Vera Lúcia da Costa Antunes, coordenadora Pedagógica do Objetivo: “Física foi cansativa, difícil. O aluno tinha que ter conhecimento mais aprofundado. Tem a 19, efeito Compton, era uma questão de física moderna. Então, a Fuvest teve essa preocupação de fazer, de trazer na sua prova, assuntos bem modernos. Esta exigia também habilidade matemática”.
Viktor Lemos, diretor-geral do Curso Anglo: “Em relação à biologia e física, uma prova que exigia dos candidatos muitas contas. E um conhecimento técnico muito específico da área de física”.
Geografia
Altieris Lima, professor de geografia da Escola SEB Lafaiete, ressaltou a transdisciplinaridade, “com questões de inglês falando sobre mudanças climáticas, um tema muito abordado pela geografia; questões de matemática, usando dados do IBGE. Foi uma prova bastante ampla, exigindo esse conhecimento mais complexo do aluno. A ideia de gavetas tem sido superada, e as provas tendem a acompanhar essa análise da ciência como um todo”.
Matemática
Jeferson Petronilho, professor de matemática da Escola SEB Lafaiete avaliou que, neste ano, a prova vio bastante diferente em relação às anteriores. “Uma prova com mais questões interdisciplinares e leitura gráfica. Em relação a questões de matemática, tinha poucas questões de matemática pura. Achamos que há uma tendência de as próximas provas terem questões mais ainda interdisciplinares com a ausência de questões puras da matéria matemática.”
Vera Lúcia da Costa Antunes, coordenadora pedagógica do Objetivo: “As questões de matemática foram bastante trabalhosas, abordaram assuntos clássicos, mas, embora clássicos, fizeram com que o aluno tivesse operações trabalhosas, que ele teria que tomar cuidado ao fazer”.
Viktor Lemos, diretor geral do Curso Anglo: “Foi uma prova que trouxe muitos textos longos nos enunciados e que o aluno precisava interpretar esses textos antes de resolver as questões. Inclusive, uma prova não apenas parecida com a do Enem em relação aos textos, mas também em relação à exigência de muitas contas. O candidato, na prova de matemática da Fuvest, o que não era comum até então, precisou fazer muitas contas para chegar aos resultados”.
Português
Vera Lúcia da Costa Antunes, coordenadora pedagógica do Objetivo: “Uma prova onde nós vamos ver, por exemplo, nas questões de literatura um número muito grande de questões, o que não é comum na primeira fase, com textos literários. Inclusive, uma [pergunta] muito interessante relacionada com biologia onde o aluno tinha que saber o que era o batimento cardíaco, o sistema nervoso simpático, da biologia, junto com o texto literário. Muito importante, torno a repetir, análise crítica do vestibulando. Ele tem que ter um olhar crítico sobre os textos propostos”.
Viktor Lemos, diretor geral do Curso Anglo: “Em relação à literatura, nós tivemos nove questões das obras de leitura obrigatória, ao invés de seis, como nos anos anteriores. Todas as obras da lista foram cobradas, com exceção de ‘Água Funda’, o que provavelmente deve acontecer na segunda fase”.
História
Viktor Lemos, diretor-geral do Curso Anglo: “Questões de história da África se destacaram e também história indígena. O que mostra como a FUVEST tem estado cada vez mais moderna”.
Química
Vera Lúcia da Costa Antunes, coordenadora pedagógica do Objetivo: “Muito interdisciplinar a [prova de] química, talvez, de todas, a mais interdisciplinar. Muitos temas atuais, mudança climática, célula combustível, exigiu do aluno conhecimentos químicos, como PH, concentração de gases. Importante termos nesta prova o cuidado de saber que o nosso estado de São Paulo foi bastante explorado, que meio ambiente foi bastante explorado, que os indígenas foram também temas de várias questões”.
Calendário Fuvest 2025
Divulgação da lista de convocados para 2ª fase: 2 de dezembro;
Provas da segunda fase: 15 e 16 de dezembro;
Divulgação da primeira lista de chamada para matrícula: 24 de janeiro de 2025.