16 de novembro de 2024

‘Gerações’: em uma família, bebê nasce com ajuda de faxineira para não cair no chão e jovem morre por trombose em Nova Iguaçu

Série do RJ2 traz, no terceiro episódio, desafios da saúde vividos por moradores da Baixada Fluminense. RJ2 mostra dificuldades sofridas por uma mesma família para acessar serviços de saúde em Nova Iguaçu
Os desafios na saúde foram o tema, nesta quinta-feira (22), do terceiro episódio da série Gerações do RJ2, que mostra gerações de moradores do estado do Rio que convivem com os mesmos problemas, que podem ser atenuados por eleitos nas próximas eleições municipais.
Dessa vez, o telejornal conta as dificuldades sofridas por uma mesma família em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.
Kauê nasceu em uma maternidade, como a maior parte dos bebês. Mas, foi uma faxineira quem ajudou no seu parto no lugar de uma médica.
“O Mariana Bulhões estava super lotado, então eles colocaram nas poltronas, cadeiras. A faxineira viu a cabeça dele saindo e só gritou ‘seu filho tá nascendo’. Ela tirou a luva, porque não tinha o que fazer, e segurou ele para mim. Era isso ou meu filho ir de cabeça no chão”, relembra a mãe Rafaela Marmelo.
Kauê precisou fazer uma traqueosmia por causa de uma infecção hospitalar, e até hoje não conseguiu fazer o procedimento correto para fechar o local. A criança está na fila de espera.
A mãe convive com a espera de uma vaga, enquanto tenta um diagnóstico neurológico para ele e aguarda até para si. Ela sofre de uma dor na lombar há anos e não sabe o que tem.
Desde 2000, o Ministério da Saúde estima quantos moradores da cidade têm acesso a esse direito básico. De 786 mil moradores de Nova Iguaçu, o índice variou, nos últimos anos, entre 30 e 60%.
O problema da saúde em Nova Iguaçu se arrasta há décadas. A avó do Kauê tenta, há anos, uma vaga para retirar pedras da vesícula.
A Dona Ana teve dificuldades até mesmo para conseguir os exames e diagnosticar o problema. Até hoje, ela sente dores enquanto espera.
Para ela, a morte de outros dois parentes podem ter sido causadas pela falta de atendimento. A sogra dela estava internada com dores nas costas. Ela conta que pediu que fizessem um raio-x, mas a equipe médica disse que a dor era por causa da cama.
Dois dias depois, a mulher teve alta e faleceu no dia seguinte com pneumonia. Já o neto dela, de 27 anos, era um jovem ativo, gostava de jogar bola, esbanjava saúde quando começou a sentir dores na perna.
A idosa lembra que o rapaz foi duas vezes ao hospital, e a família só descobriu que era trombose quando já era tarde demais.
“Minha sogra já tinha idade, mas meu neto tinha a vida toda. É difícil”, desabafa ela.
Para a médica especialista em Saúde Pública e professora da UFRJ Ligia Bahia, problemas como esse seriam revertidos, ao longo das décadas, com investimento em atenção primária.

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