26 de dezembro de 2024

Goiás tem média de 1,6 mil órfãos por ano desde 2021, aponta levantamento


Nos últimos quatro anos, 6.553 crianças e adolescentes de até 17 anos perderam pai, mãe ou ambos. Covid-19 e doenças relacionadas a ela deixou 1.243 órfãos em Goiás. Crianças no abrigo Abrigo Sol Nascente, em Goiás
Wildes Barbosa/O Popular
Um levantamento feito pelos Cartórios de Registro Civil do país apontou que Goiás registra uma média de 1,6 mil órfãos por ano desde 2021. O estudo foi realizado pela primeira vez com recorte para os números do estado.
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De acordo com a Associação dos Registradores de Pessoas Naturais de Goiás (Arpen-GO), nos últimos quatro anos, 6.553 crianças e adolescentes de até 17 anos perderam pai, mãe ou ambos. Do total de órfãos, 156 perderam pai e mãe, entre 2021 e 2024.
Evelyn Valente, presidente da Arpen/GO, informou que os dados são importantes para que sejam pensadas e estabelecidas políticas públicas para crianças e adolescentes que perdem os pais no estado.
“Ao desempenharem essa função [de fornecer dados confiáveis e consolidados], os cartórios se consolidam como um elo indispensável entre a sociedade e o poder público, garantindo que nenhuma criança permaneça invisível. Esse trabalho reforça o compromisso com a proteção de direitos e a construção de um futuro digno para cada jovem em situação de orfandade”, afirmou Evelyn.
Crianças em abrigo, em Goiás
Douglas Schinatto/O Popular
O conselheiro tutelar Elizio Alfenas afirmou que cabe ao poder público oferecer a órfãos prioridade em serviços públicos, providenciar o acolhimento familiar e o atendimento em centros de assistência social, quando for necessário.
Elizio explicou que órfãos em situação de vulnerabilidade social podem receber um benefício financeiro mensal. “O valor varia conforme o programa de assistência social em que ela vai enquadrar”, disse.
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Caminhos
O conselheiro tutelar Elizio Alfenas explicou que, quando uma criança fica órfã, o primeiro passo é buscar um familiar de vida idônea que queira assumir a guarda.
“Na verdade, muitos familiares não querem assumir a responsabilidade. Quando não conseguimos ninguém da família extensa, aí sim, é feito o acolhimento institucional”, explicou Alfenas.
Apesar dos desafios institucionais, Elizio lembrou que o mais difícil e importante é que as pessoas tenham consciência de que o cuidado com os órfãos é responsabilidade de todos.
“O que falta para elas [crianças e adolescentes órfãos] é toda sociedade entender e cumprir o artigo 4 do ECA, que diz que é dever de todos zelar pela integridade, pelo cuidado e pelo zelo das nossas crianças e adolescentes”, afirmou o conselheiro.
Covid-19
A Arpen-GO informou ainda que, em 2021, a pandemia de covid-19 foi responsável por um terço do número de crianças e adolescentes que ficaram órfãs no ano. Significa dizer que 654 crianças perderam seus pais por conta da doença em Goiás.
Se considerados os dados de 2019 até 2024 e contabilizadas as mortes de pais que tiveram doenças relacionadas à covid-19, como Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e insuficiência respiratória, o número de órfãos chega a 1.243 em Goiás, informou a associação.
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