27 de dezembro de 2024

Golpe da mala: suspeitos presos trocaram etiquetas de bagagem em esquema de envio de drogas para exterior, mostra investigação

80% das apreensões de drogas em aeroportos brasileiros acontecem em Guarulhos. O golpe da mala no aeroporto de Guarulhos
Na última quarta-feira (24), uma operação da Polícia Federal prendeu 4 pessoas. Todas suspeitas de envolvimento em esquema de envio de drogas para o exterior usando etiquetas retiradas de bagagem de viajantes. O golpe da mala
O brasileiro Lucas Pereira Lopes, gerente de ciência de dados, foi vítima desse grupo quando viajou para a África do Sul, em fevereiro. A mala foi em outro voo, que só chegou dois dias mais tarde, no hotel.
Parecia um caso normal de extravio, mas um dia depois de voltar ao Brasil, Lucas recebeu uma ligação.
“Apareceu uma fotinha da Polícia Federal. Eu falei: ‘é trote'”, disse Lucas.
Não era. A PF enviou um e-mail informando que o nome de Lucas aparecia numa investigação por tráfico de drogas.
“Tinha 21 kg de cocaína na minha mala, que ela foi encontrada em Brasília, então, eu nem passei por Brasília.”
Golpe da mala: suspeitos presos trocaram etiquetas de bagagem em esquema de envio de drogas para exterior, mostra investigação
Reprodução Fantástico
A descoberta da mala em Brasília deu início à investigação. Primeiro passo: descobrir o que tinha acontecido no Aeroporto de Guarulhos, onde Lucas tinha embarcado.
Na noite da viagem de Lucas, uma mulher, vestida de vermelho, entrou no terminal carregando uma mala preta e acompanhada de um homem. Logo depois, a mulher deixou o aeroporto sem a mala.
“Até o tamanho da mala é diferente da minha. A minha era menor”, conta Lucas.
Segundo a Polícia Federal, era essa a bagagem com as drogas que recebeu a etiqueta com o nome de Lucas, mas, por um erro, foi enviada para Brasília em vez da África do Sul.
“Minha mala era amarela, a droga tava numa mala preta. Então acredito que a gente tem prova suficiente para não se preocupar daqui em diante.”
Outros casos
No ano passado, o Fantástico mostrou os casos dois casos parecidos.
O empresário Ahmed Hasan e sua esposa, Malak, passaram 141 dias presos na Turquia. Duas malas com 43 quilos de cocaína e com etiquetas em nome dela foram apreendidas em outubro de 2022, no aeroporto de Istambul. O casal tinha se mudado do Brasil para a Líbia, com escala na Turquia.
Hasan só descobriu o caso quando retornou à Turquia sete meses depois e foi proibido de deixar o país.
E das goianas Kátina Baia e Jeane Paolini, que ficaram presas 38 dias na Alemanha até que a Justiça do país analisasse as provas enviadas pela Polícia Federal brasileira apontando que elas eram vítimas.
Sempre o mesmo padrão: etiquetas retiradas da bagagem de viajantes para o envio de malas com cocaína.
“Há semelhança no modus operandi desse grupo que foi desarticulado essa semana com o que aconteceu no ano passado”, disse Dennis Cali, delegado da Polícia Federal.
80% das apreensões de drogas em aeroportos brasileiros acontecem em Guarulhos, como reportagem especial do Fantástico no início deste mês.
O que dizem aeroporto e Agência Nacional de Aviação Civil
A concessionária que administra Guarulhos disse que ampliou o número de câmeras de alta resolução nos pátios das aeronaves e nos acessos ao aeroporto. E implementou a identificação com chave de acesso individualizada ao sistema de bagagens..
Mas, apesar do pedido da reportagem, não esclareceu quantas câmeras novas foram instaladas.
Já Agência Nacional de Aviação Civil informou que um estudo encerrado no fim do ano passado aponta as providência que devem ser implementadas para aumentar a segurança em Guarulhos e que o ministério de portos e aeroportos está cobrando uma fiscalização eficiente do monitoramento das câmeras.
Essas medidas já estavam em prática quando a mala de Lucas foi trocada dentro do aeroporto por uma outra cheia de cocaína.
“Os passageiros que precisam despachar malas no Aeroporto de Guarulhos eles não estão seguros. Eles estão entregando a mala e entregando a vida deles e a liberdade deles completamente em jogo”, disse a advogada.
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