Lewandowski (Justiça) comentou revelações da Operação Contragolpe. PF aponta que um policial federal e quatro militares do Exército teriam articulado golpe e morte de autoridades. Ricardo Lewandowski em entrevista sobre o Caso Marielle
Ueslei Marcelino/Reuters
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afirmou nesta terça-feira (19) que o grupo golpista “chegou muito perto” de alcançar um de seus objetivos e que a Polícia Federal está “decepcionada” com o possível envolvimento de um agente da corporação no caso.
O ministro deu as declarações ao comentar a Operação Contragolpe, da PF, realizada na manhã desta terça-feira. A Polícia Federal é um órgão ligado ao Ministério da Justiça.
Lewandowski também disse ser “inadmissível agentes do Estado atentarem contra o próprio Estado”.
Na operação desta terça, agentes prenderam um policial federal e quatro militares do Exército Brasileiro suspeitos de planejar, após as eleições de 2022, um golpe de Estado e as execuções do ministro Alexandre de Moraes, do STF, e do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e do vice Geraldo Alckmin.
“A Polícia Federal está decepcionada porque um dos seus participou dessa ação de tentativa de abolição do estado de direito”, disse.
Lewandowski classificou os fatos como “extremamente preocupantes”, uma vez que apontam que os suspeitos, “por muitas semanas, seguiram de perto o ministro Alexandre de Moraes”.
“Realmente, [os golpistas] chegaram muito perto. Em vários momentos, rondaram o apartamento do ministro. Eu posso lhes dizer que os suspeitos chegaram muito próximo de materializar os seus esforços”, completou.
Apesar disso, o ministro disse acreditar que não houve “falha” por parte de equipes de segurança. “Não era possível suspeitar que um golpe de estado estaria sendo urdido de dentro do Palácio do Planalto”, afirmou.
Ele também disse que conversou com Lula sobre as revelações da Operação Contragolpe e que o petista ficou “estupefato” diante da possibilidade do golpe.
Tentativa de golpe
Barroso: estivemos próximos do inimaginável
A Polícia Federal deflagrou nesta terça uma operação que revelou um plano de militares do Exército para matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O plano foi traçado no fim de 2022, pouco antes de Lula e Alckmin, que venceram a eleição daquele ano, tomarem posse. Quatro militares do Exército e um agente da PF, envolvidos com a estratégia golpista e homicida, foram presos.
As informações sobre os preparativos para matar as autoridades e dar um golpe de Estado foram encontradas pela PF, com ajuda de um equipamento israelense, em celulares e computadores dos investigados.