Presidente venezuelano disse que deu opinião ‘como cidadão’. ‘É preciso haver Justiça na Venezuela’, disse Maduro durante coletiva com jornalistas da imprensa internacional nesta quarta-feira (31). Nicolás Maduro diz que Venezuela está sofrendo uma tentativa internacional de desestabilização em reunião conjunta do Conselho de Estado, em 30 de julho de 2024.
Reprodução/Maduro no Youtube
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse nesta quarta-feira (31) que seus principais opositores, María Corina Machado e Edmundo González Urritia, “têm que estar atrás das grades”. Maduro havia dito na terça (30) que “a Justiça vai chegar para eles”.
A fala de Maduro, que segundo ele é uma “opinião na condição de cidadão”, foi uma resposta a uma repórter Madeleine García, da TV venezuelana “Telesur”, durante coletiva com membros da imprensa nacional e internacional.
“Se você pergunta minha opinião como cidadão, digo a você que essa gente (Corina Machado e González) têm que estar atrás das grades e que tem que haver Justiça na Venezuela. Te diria como chefe de estado que haja Justiça e que eles deveriam, em vez de se esconder, apresentar-se ao Ministério Público e dar a cara a tapa”, disse Maduro. Ele foi aplaudido por alguns presentes.
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Edmundo González foi o candidato da coalizão de oposição que disputou as eleições presidenciais contra Maduro. Corina Machado é a principal opositora do presidente venezuelana e foi impedida de concorrer pela Suprema Corte em janeiro. O Ministério Público venezuelano, chefiado por um chavista aliado de Maduro, investiga os dois.
Maduro também voltou a chamar seus opositores de covardes, fascistas e criminosos e os acusou novamente de estar por trás dos protestos que tomaram o país contra os resultados das eleições.
Durante a coletiva, Maduro afirmou também que há uma tentativa de golpe de estado em curso contra a Venezuela, que seria articulada pela oposição e pela comunidade internacional. Antes das eleições, o presidente venezuelano acusou a mídia internacional presente no país para observar o pleito de ser “assassinos de aluguel”.
“Não hesitarei para chamar o povo a uma nova revolução, nós não nascemos no dia dos covardes”, disse o presidente venezuelano.
Pedido para Suprema Corte apurar atas eleitorais
Mais cedo nesta quarta, Maduro disse que pediu à Suprema Corte do país que conduza uma auditoria da eleição presidencial.
A decisão do presidente venezuelano, que também disse que seu partido está pronto para mostrar a totalidade da apuração das atas eleitorais, vem em meio a apelos internacionais para a divulgação da contagem detalhadas de votos depois que a oposição contestou sua vitória.
O Supremo Tribunal de Justiça venezuelano, assim como o Conselho Nacional Eleitoral, que atestou a vitória de Maduro, é alinhado ao presidente.
Favorita para derrotá-lo nas eleições, a líder da oposição, María Corina Machado foi inabilitada para ocupar cargos públicos por 15 anos em uma decisão do órgão de janeiro deste ano.
Mais cedo, nesta quarta, o Centro Carter, órgão de monitoramento internacional que acompanhou a eleição de domingo (28) como observador, atestou que ela “não atendeu aos padrões internacionais de integridade e não pode ser considerada democrática” e que a autoridade eleitoral “demonstrou claro viés” em favor do atual presidente Nicolás Maduro.
Em resposta, Maduro disse que a nota do Centro Carter já estava pré-escrita e apenas com alguns detalhes para preencher.
Antes, a Organização dos Estados Americanos (OEA) havia afirmado também não reconhecer o resultado da eleição. Disse haver indícios de que o governo Maduro distorceu o resultado.
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Líder da oposição fala em 16 mortes em protestos
Também nesta quarta, María Corina Machado fez um ataque a Nicolás Maduro e à repressão violenta de protestos contra o anúncio de sua reeleição no X.
A líder da oposição na Venezuela afirmou que, nas últimas 48 horas, ao menos 16 assassinatos, 11 desaparecimentos e mais de 177 detenções arbitrárias foram registradas no país e falou em um alerta ao mundo sobre “a escalada cruel e repressiva do regime” de Maduro.
“Diante da contundente e indiscutível vitória eleitoral que nós venezuelanos conseguimos, a resposta do regime é assassinato, sequestro e perseguição. (…) É a resposta criminosa de Maduro ao povo venezuelano que saiu às ruas em família e em comunidade para defender sua decisão soberana de ser livre. Esses crimes não ficarão impunes”, postou Corina.
María Corina Machado e Edmundo González, durante coletiva de imprensa em 29 de julho de 2024
AP Foto/Cristian Hernández
Número de mortos chega a 12, segundo ONGs
O número de mortos nos protestos contra o anúncio da vitória de Nicolás Maduro nas eleições presidenciais da Venezuela subiu para 12, segundo ONGs que atuam no país e a Procuradoria-geral venezuelana.
O dia de manifestações intensas desta terça-feira (30), que foram marcados pela violenta repressão das forças de segurança, também deixou centenas de presos.
Liderada por María Corina Machado, a oposição afirma ter provas da sua vitória. Ela diz possuir cópias de 84% das atas, que provariam a fraude, e as publicou em um site.
Mulher cospe em foto de Maduro em protesto em Maracaibo, na Venezuela
REUTERS/Isaac Urrutia
A comunidade internacional também pressiona por uma recontagem transparente dos votos, com a OEA declarando não reconhecer resultado das eleições e com os observadores do Carter Center atestando que a votação “não atendeu aos padrões internacionais de integridade e não pode ser considerada democrática”.
Segundo fontes ouvidas pela Reuters, a oposição espera que o aumento dos protestos contra a vitória de Maduro e da pressão estrangeira sobre o governo possa abrir caminho para a divulgação das contagens das urnas ou para uma solução negociada.
As manifestações contra a reeleição de Maduro também cruzam as fronteiras venezuelanas. Na segunda (29), várias pessoas se juntaram para protestar em Madri, na Espanha, e na noite desta terça (30), o mesmo ocorreu na Cidade do México e em Buenos Aires, na Argentina.
As ONGs Pesquisa Nacional de Hospitais, que monitora a crise hospitalar e centros de saúde da Venezuela, e Foro Penal registraram 11 mortos nos protestos, todos civis: duas em Caracas, uma em Tachira (noroeste), três Aragua (norte), três em Yaracuy (noroeste) e duas em Zúlia (noroeste).
Já o procurador-geral da Venezuela, Tarek Saab, afirmou que um militar também morreu em Caracas durante os protestos.
Suspensão de voos para a Venezuela
Também nesta quarta, após anunciar a suspensão temporária de voos entre a Venezuela e o Panamá, o governo venezuelano ampliou a medida para voos entre o país e o Peru, segundo a Latam.
Em comunicado, a companhia disse que os voos saindo da Venezuela com destino a qualquer cidade peruana e os trajetos contrários estão suspensos até 31 de agosto.
A interrupção acontece um dia depois de a Venezuela romper relações diplomáticas com o Peru, após Lima afirmar que houve fraude nas eleições venezuelanas.
Protestos contra Maduro na Cidade do México
REUTERS/Henry Romero
Protestos contra Maduro em Buenos Aires
REUTERS/Tomas Cuesta
Protestos contra Maduro na Cidade do México
REUTERS/Henry Romero