16 de novembro de 2024

Governadora aliada de Trump que executou a tiros o próprio cachorro terá cargo estratégico em seu governo


Leal ao presidente eleito, Kristi Noem foi escolhida pelo presidente eleito para chefiar o Departamento de Segurança Interna. Governadora da Dakota do Sul, Kristi Noem, do Partido Republicano
Jack Dura/Associated Press
Indicada por Donald Trump para comandar um cargo estratégico no próximo governo dos EUA, a governadora de Dakota do Sul, Kristi Noem, tem duas características em comum com os demais escolhidos até agora pelo ex-presidente: foi leal a ele nos momentos mais difíceis e segue a linha-dura em suas convicções.
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Aos 52 anos, Noem cumpre o segundo mandato como governadora e vai liderar o Departamento de Segurança Interna, responsável por supervisionar agências cruciais, que tratam da proteção de fronteiras e imigração, da resposta a desastres e do Serviço Secreto. É uma função complexa —no primeiro governo de Trump, cinco pessoas ocuparam o cargo.
É bom lembrar que a governadora, que já cumpriu quatro mandatos como congressista, faz jus à fama de durona. Em seu livro de memórias, publicado este ano e comentado aqui neste blog, ela confessou ter executado a tiros o próprio cachorro, o filhote Cricket, de 14 meses, por considerá-lo indomável.
Relatado com frieza, o episódio desencadeou a indignação coletiva e tornou-a alvo de memes e deboches. Durante a campanha, Noem era cotada para ser a vice na chapa de Trump, mas a descrição da execução de Cricket, da raça pointer, parece tê-la afastado do páreo.
“Eu odiava aquele cachorro”, contou no livro “No going back”, ao descrever o filhote como “um assassino treinado, menos que inútil como cão de caça”. Noem decidiu abatê-lo ao ser mordida e ver o cão atacar galinhas de vizinhos. Ela levou o filhote para uma pedreira e alvejou-o a sangue-frio. A governadora contou ter abatido também uma cabra da família por considerá-la “má, nojenta e malcheirosa” e ter o hábito de perseguir seus três filhos.
Noem coleciona controvérsias. Nas primeiras versões do livro, a que alguns jornalistas tiveram acesso, ela revelou ter encontrado o ditador norte-coreano Kim Jong-un. “Tenho certeza de que ele me subestimou e não fazia ideia sobre minha experiência encarando pequenos tiranos (afinal, eu era pastora de crianças). Lidar com líderes estrangeiros exige resolução, preparação e determinação”, descrevia no trecho que acabou suprimido na edição final.
Questionada numa entrevista à CBS se havia conhecido o ditador, a governadora saiu pela tangente: “Não vou falar sobre meus encontros específicos com líderes mundiais, simplesmente não vou fazer isso. Esse episódio não deveria estar no livro e, assim que me foi trazido, certifiquei-me de que fosse ajustado.”
Na pandemia de Covid-19, Noem se inseriu rapidamente no mundo negacionista de Trump, ao resistir a decretar o lockdown e o uso obrigatório de máscaras faciais, entre outras restrições. Seu estado foi listado como um dos dez mais perigosos dos EUA para o contágio do novo coronavírus.
Em outra polêmica, a governadora foi proibida de visitar as terras de nove tribos indígenas de Dakota do Sul, que cobrem 15% do estado, após afirmar que algumas estavam infiltradas por cartéis de drogas.
Suas posições contundentes sobre a imigração ecoam as do presidente eleito: defende a deportação de imigrantes sem documentos e a proibição da entrada de cidadãos de países muçulmanas — razões que explicam a escolha para a chefia do Departamento de Segurança Interna como recompensa à obstinada fidelidade.

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