12 de fevereiro de 2025

Governo decide desativar presídio da Polícia Civil e mudar para prédio de penitenciária feminina na Zona Leste de SP


Decisão foi tomada após uma vistoria localizar 23 telefones celulares, carregadores e mais de R$ 21 mil em espécie nas dependências da unidade na Zona Norte. Guilherme Solano, diretor da penitenciária, foi afastado do cargo. Prédio do novo presídio da Polícia Civil
Reprodução
O Governo de São Paulo decidiu desativar o presídio da Polícia Civil, localizado na Zona Norte de São Paulo, e mudar as instalações para o prédio onde atualmente funciona um presídio feminino administrado pela Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), que fica em São Miguel Paulista, Zona Leste da capital.
A decisão foi tomada após uma vistoria localizar 23 telefones celulares, carregadores e mais de R$ 21 mil em espécie nas dependências da unidade na Zona Norte.
O presídio da Polícia Civil funciona há muitos anos num imóvel de dois andares em Santana e é administrado pela Corregedoria da corporação. A descoberta das irregularidades levou ao afastamento do antigo diretor, o delegado Guilherme Lazo Solano Filho.
A apreensão dos telefones, do dinheiro e as suspeitas de que dois presos — conhecidos como Xixo e Bolsonaro — estavam ameaçando uma testemunha de dentro da cadeia geraram mal-estar tanto na classe policial quanto em promotores de Justiça e no juiz responsável pela unidade.
A reação dos órgãos — Secretaria da Segurança Pública (SSP), SAP, Ministério Público e Justiça — foi a de mudar o endereço do local.
O presídio da Polícia Civil tem 69 presos no regime fechado e 22 no semiaberto.
A ideia é que eles sejam levados para o novo presídio assim que a SAP oficializar a transferência do prédio para a SSP e levar as poucas presas que estão na unidade da Zona Leste para a Penitenciária Feminina do Butantã, na Zona Oeste.
O g1 pediu à SSP mais detalhes sobre a mudança e aguarda retorno.
Força-tarefa
A Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo afastou o diretor do presídio um dia após a força-tarefa que investiga o caso Gritzbach ter encontrado 23 celulares e outros objetos proibidos dentro das celas dos presos.
Promotores e delegados da Corregedoria checaram a denúncia de que policiais presos usavam os aparelhos para se comunicarem com outras pessoas do lado de fora da prisão.
Diretor de presídio em SP é afastado após encontrarem celulares em celas
O nome do substituto não foi divulgado pela Secretaria da Segurança Pública (SSP).
Em nota, a pasta afirmou que a “Polícia Civil não compactua com desvios de conduta e pune exemplarmente aqueles que infringem a lei e desobedecem aos protocolos da Instituição”. Acrescentou ainda que “o presídio está funcionando e não houve remanejamento de presos”. (Leia a íntegra da nota ao final da reportagem.)
A equipe de reportagem não localizou a defesa do ex-diretor para comentar o assunto.
Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo
Reprodução/TV Globo
Os telefones foram achados em celas de diversos agentes detidos, entre eles, dois policiais que haviam sido delatados à Justiça por Vinicius Gritzbach: Valdenir Paulo de Almeida, o Xixo, e Valmir Pinheiro, conhecido como Bolsonaro. Ambos estão na prisão da Polícia Civil antes mesmo da morte do empresário, mas por suspeita de tráfico de drogas.
Antes de ser morto a tiros, em novembro do ano passado, Gritzbach denunciou Xixo e Bolsonaro por corrupção. Segundo o empresário, os dois extorquiam dinheiro de bandidos para não incriminá-los. Gritzbach, que lavava dinheiro do tráfico de drogas para o Primeiro Comando da Capital (PCC), também havia delatado membros da facção criminosa.
Os policiais Valdenir Paulo de Almeida, apelidado de “Xixo”, e Valmir Pinheiro, conhecido como “Bolsonaro”, estão presos
Reprodução
O que foi encontrado nas celas:
23 celulares;
R$ 21.672,15;
11 smartwatch;
14 carregadores de celular;
26 fones de ouvido;
Pequena quantidade de droga.
Pelas regras do Presídio da Polícia Civil não são permitidos aos policiais presos o uso de telefones. O g1 não conseguiu localizar as defesas de Xixo e Bolsonaro para falarem do caso.
Segundo a força-tarefa, 26 pessoas estão presas atualmente nos desdobramentos do caso Gritzbach, sendo 22 policiais, entre civis e militares. Entre elas, três suspeitos de terem participado diretamente da execução do empresário.
Entre as hipóteses investigadas para esclarecer o assassinato de Gritzbach estão a de que o PCC cooptou policiais, os contratando para matar o empresário. O motivo seria o fato de ele ter delatado criminosos e agentes.
Vídeos mostram por diferentes ângulos execução de empresário no Aeroporto de Guarulhos

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