Ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Diogo Zacarias/MF
Interlocutores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) alertam que o governo não pode perder, de novo, o timing para divulgar novas medidas fiscais que sejam capazes de reverter a crise de confiança entre investidores nacionais e estrangeiros, que está mantendo o dólar acima de R$ 6.
Esses interlocutores lembram que o próprio ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reconheceu que o governo demorou a baixar o pacote fiscal do ano passado. Quando ele foi anunciado acabou frustrando o mercado. Veio tarde e numa potência considerada insuficiente.
“Agora o governo tem uma nova oportunidade de baixar novas medidas fiscais. A expectativa no mercado é zero, então o melhor seria surpreender o mercado e lançar novas medidas para garantir uma queda da dívida pública da União”, disse um desses interlocutores.
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Para ele, o “timing” é agora. O risco, segundo analistas com interlocução com a equipe econômica, é o governo ser obrigado a adotar as medidas diante de um dólar alto e inflação subindo.
“É o pior dos mundos, reagir a um cenário em deterioração. Melhor agora, para mostrar que está disposto a fazer as correções necessárias”, acrescenta.
Nesta quarta (8), o dólar fechou novamente em alta, desta vez de 0,10%, ficando em R$ 6,1099. Um dado divulgado ontem pelo Banco Central mostrou como o Brasil vive uma crise de confiança.
Em dezembro, o fluxo negativo de dólar no país ficou em US$ 26,410 bilhões, resultado da saída de US$ 28,861 bilhões via conta financeira e da entrada de US$ 2,450 bilhões via conta comercial, a maior saída registrada num mês desde o início da atual série histórica, que começou em 1982.
O governo pode não concordar que o país esteja vivendo uma crise de confiança dos estrangeiros no país, mas os dados de dezembro demonstram isso claramente.
Não enxergar esse movimento é sério, alertam economistas. E não adianta ficar criticando o mercado, porque ele é responsável pelo refinanciamento de 92% da dívida pública.