Governo argentino afirmou que tomou a decisão após a ex-presidente ter sido condenada por corrupção. Em resposta, Kirchner chamou Milei de ‘pequeno ditadorzinho’. Cristina Kirchner em maio de 2019
Juan Mabromata/ AFP
O governo de Javier Milei anunciou nesta quinta-feira (14) que suspenderá a aposentadoria vitalícia da ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner. A decisão acontece após a Justiça confirmar uma condenação contra ela por fraude.
O porta-voz presidencial, Manuel Adorni, anunciou em coletiva de imprensa que o governo ordenou a suspensão da “aposentadoria de privilégio” de Kirchner. Ela governou o país entre 2007 e 2015, além de ter sido vice-presidente entre 2019 e 2023.
A ex-presidente recebe, além de sua aposentadoria e dos benefícios vitalícios destinados a todos os ex-mandatários, uma pensão por viuvez de seu marido, o ex-presidente Néstor Kirchner, que morreu em 2010.
A suspensão “abrange tanto a aposentadoria pessoal quanto a derivada da pensão do falecido ex-presidente Néstor Kirchner. Isso significa para os argentinos uma economia de cerca de 21 milhões de pesos” (121 mil reais na cotação oficial) por mês, declarou Adorni.
Essa aposentadoria “constitui uma graça concedida em reconhecimento ao mérito e à honra”, argumentou o governo da Argentina em um comunicado.
Para a suspensão, a Presidência afirmou que Kirchner é indigna do benefício, por “ter sido considerada penalmente responsável pelo crime de administração fraudulenta”.
Após a decisão, a ex-presidente chamou Milei de “pequeno ditadorzinho” nas redes sociais. “Pare de dar ordens ilegais aos funcionários”, publicou.
“A pensão dos ex-presidentes não é concedida pelo bom desempenho, mas pelo mérito de terem sido escolhidos pelo povo”, acrescentou.
Na quarta-feira (13), a Câmara Federal de Cassação Penal confirmou uma decisão de primeira instância que condenou Kirchner a seis anos de prisão e inabilitação política por administração fraudulenta. Kirchner ainda pode recorrer à Suprema Corte.
Kirchner é a principal referência da oposição ao presidente ultraliberal e preside o partido peronista. Caso a sentença judicial contra ela se torne definitiva, a ex-presidente não irá para a cadeia, já que tem mais de 70 anos.