Por conta da guerra, a polícia e o Exército israelenses reforçaram ainda mais a segurança e endureceram as restrições à circulação de palestinos cristãos que saem da Cisjordânia para a cidade sagrada. Centenas de cristãos acompanham Via Sacra em Jerusalém
Em Jerusalém, centenas de turistas e moradores acompanharam a procissão da Sexta-feira Santa com segurança reforçada.
Nada parou a fé dos fiéis. Algumas ruas estreitas de Jerusalém são a via dolorosa, o caminho que, segundo a fé cristã, Jesus percorreu até a crucificação há cerca de 2 mil anos.
Ao longo da via dolorosa, os fiéis vão parando em cada um dos pontos que eles acreditam que Jesus Cristo passou na sexta-feira. E o Jornal Nacional conversou com diversos fiéis que estão participando e eles vieram de diversas partes do mundo, apesar da guerra.
Mesmo antes do conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas, este já era um período do ano em que as tensões aumentavam em Jerusalém quando coincidiam feriados das três religiões que consideram a cidade sagrada. Em 2024, os muçulmanos celebram o mês do Ramadã. A religião judaica comemorou no início da semana o Purim. Os cristãos marcam a Semana Santa.
Por causa da guerra em Gaza, a polícia e o Exército israelenses reforçaram ainda mais a segurança e endureceram as restrições à circulação de palestinos cristãos que vêm da Cisjordânia para a cidade sagrada. Fiéis relatam não ter recebido autorização para participar da procissão.
O padre Amos Bazara fez questão de viajar do Quênia até a Terra Santa, mesmo durante a guerra.
“Jesus diz que nós nunca devemos ter medo, porque nunca andamos sozinhos, ele anda conosco, diz ele.
Apesar da dedicação destes e outros fiéis estrangeiros, a procissão teve muito menos turistas em 2024. O JN chegou no fim da via dolorosa. Uma portinha estreita onde todos os fiéis estavam tentando passar é a porta que vai dar para o Santo Sepulcro. A igreja foi construída no lugar exato em que Jesus foi crucificado e sepultado, de acordo com a tradição cristã.
A família de Wajeeh Nuseibeh é muçulmana e é responsável por cuidar da porta do Santo Sepulcro há 800 anos. O guardião participa da cerimônia todos os anos, e diz que em 2024 menos fiéis compareceram: “Está muito vazio”.
Charlotte é estudante francesa e se mudou para Jerusalém pouco antes da guerra. Ela nunca tinha acompanhado a procissão.
“Hoje eu sinto que podemos viver esse momento talvez com até mais gravidade sabendo que as pessoas sofrem a 100 km daqui”, diz ela.
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