15 de janeiro de 2025

Hamas aceitou proposta de cessar-fogo em Gaza e devolução de reféns, diz agência; gabinete de Netanyahu nega


Negociações se intensificaram e um novo acordo deve sair ainda esta semana. Grupo extremista diz que ainda não deu resposta por escrito, mas Autoridade Palestina afirma que aprovação verbal já foi dada. Palestinos de luto por mortos no conflito em Gaza
REUTERS/Ramadan Abed
O Hamas já concordou com a proposta de cessar-fogo em Gaza e de devolução de reféns compartilhada pelos negociadores do Catar, afirmou uma autoridade israelense à agência de notícias Reuters nesta quarta-feira (15).
No entanto, o gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, nega a informação e diz que o grupo extremista ainda não aceitou a proposta.
“Ao contrário dos relatos, a organização terrorista Hamas ainda não respondeu ao acordo”, disse o gabinete em comunicado.
À Reuters, um oficial do Hamas confirmou que ainda não deu uma resposta por escrito à proposta.
Um representante da Autoridade Palestina afirma que a aprovação verbal já foi dada e que o grupo só aguarda mais informações para seu aval oficial ao acordo.
Segundo a agência AFP, a trégua também foi aprovada pelo grupo aliado do Hamas Jihad Islâmica.
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Autoridades do Catar, Egito e Estados Unidos, bem como de Israel e do Hamas, participam das negociações, que seguem nesta quarta.
Um dia antes, nesta terça-feira, várias delas afirmaram que um acordo estava mais próximo do que nunca, apesar do conflito continuar deixando mortos no território palestino.
Caso a proposta debatida agora seja aprovada, o primeiro passo será um cessar-fogo inicial de seis semanas com a libertação de 33 reféns israelenses em troca de prisioneiros palestinos e uma retirada gradual das forças israelenses do centro de Gaza e o retorno dos palestinos deslocados ao norte do enclave.
Uma segunda fase prevê a libertação de todos os reféns restantes, um cessar-fogo permanente e a retirada completa dos soldados israelenses. Segundo o site “Axios”, 98 reféns israelenses sob o poder de Gaza ainda estariam vivos.
Uma questão mais polêmica e ainda sem resposta é quem governará Gaza depois da guerra. Israel rejeitou qualquer envolvimento do Hamas, que governava Gaza antes da guerra, mas se opôs quase igualmente ao governo da Autoridade Palestina, o órgão criado pelos acordos de paz provisórios de Oslo há três décadas e que tem poder de governo limitado na Cisjordânia.
O primeiro-ministro palestino, Mohammad Mustafa, disse nesta quarta-feira que a Autoridade Palestina deve ser o único poder governante em Gaza após a guerra, ideia que foi defendida nesta terça pelo chefe da diplomacia americana, Antony Blinken.
Negociações a todo vapor
Parentes de reféns na fronteira de Israel com a Faixa de Gaza
REUTERS/Amir Cohen
Na segunda-feira (13), as autoridades envolvidas nas negociações divulgaram que uma versão “final” do acordo havia sido entregue. Horas depois, o assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, também afirmou que considera possível um acordo de trégua em Gaza “esta semana”.
“Estamos perto de um acordo e ele pode ser fechado esta semana. Não estou fazendo uma promessa ou uma previsão, mas está ao nosso alcance”, disse Sullivan aos repórteres.
A delegação do Hamas que participa das negociações afirmou que as conversas estão progredindo bem. Já o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, garantiu que o acordo está próximo de ser fechado.
Jake Sullivan
Andrew Harnik / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP
O avanço nas negociações foi feito em Doha durante a noite de domingo (12), após conversas com representantes de Israel, dos Estados Unidos e do Catar.
Horas antes, o presidente americano, Joe Biden, conversou com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, por telefone. Os dois discutiram iniciativas já em andamento, que visam colocar um fim aos combates no enclave palestino e libertar os últimos reféns, disse a Casa Branca em um comunicado.
Biden “insistiu na necessidade imediata de um cessar-fogo em Gaza e no retorno dos reféns, com um aumento na ajuda humanitária possibilitado pela cessação dos combates como parte do acordo”, escreveu a Casa Branca.
As autoridades dos EUA estão trabalhando para obter um acordo antes da posse de Trump, em 20 de janeiro.
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Sa’ar, disse nesta segunda-feira (13) que o país estava “trabalhando duro” para garantir um acordo que encerraria a guerra e permitiria a libertação de reféns mantidos no território palestino.
“Israel realmente quer libertar os reféns e está trabalhando duro para chegar a um acordo. As negociações estão avançando”, disse ele em uma coletiva de imprensa conjunta ao lado do chanceler dinamarquês, Lars Lokke Rasmussen.
À agência de notícias Reuters, o Hamas afirmou na segunda que as conversas sobre algumas questões centrais para o cessar-fogo em Gaza progrediram e que seus representantes estão trabalhando para concluir o que resta discutir em breve.
Prédios destruídos na Faixa de Gaza durante conflito entre Israel e Hamas, vistos do sul de Israel
Kai Pfaffenbach/Reuters
Cerca de 100 reféns israelenses, vivos ou mortos, ainda estão nas mãos do Hamas desde os ataques de 7 de outubro de 2023 pelo grupo palestino no sul de Israel.
A represália de Israel já deixou mais de 46 mil mortos em Gaza, de acordo com autoridades de saúde palestinas. O enclave está destruído e enfrenta uma crise humanitária. A maior parte da população foi deslocada.

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