5 de março de 2025

Hambúrguer de coco babaçu: como parte do produto usada para ração virou alimento humano


Farinha da amêndoa era considerada um resíduo. Ela também pode ser ingrediente para biscoitos, pães, bolos, mingaus e sorvetes. Hambúrguer babaçu
Divulgação Embrapa
Já pensou em comer um hambúrguer de coco babaçu? O produto comercializado pelas quebradeiras de coco na Amazônia maranhense usa uma parte do alimento que era aproveitada apenas para ração animal.
A proteína é feita a partir da farinha da amêndoa do babaçu, que também pode ser ingrediente também para fazer biscoitos, pães, bolos, mingaus e sorvetes.
O coco babaçu nasce da palmeira que leva o mesmo nome, nativa da Amazônia. O fruto é extraído da floresta e seu principal produto é o óleo, que pode ser usado para produção de alimentos e cosméticos.
Antes da pesquisa desenvolvida pelas mulheres das comunidades tradicionais em parceria com cientistas, o bagaço da amêndoa era considerado um resíduo da extração do óleo.
“Sabíamos que [a amêndoa] ainda tinha bastante conteúdo de lipídios, carboidratos, podendo ser utilizada como um tipo de farinha por meio de bom tratamento e processamento. A ideia era reaproveitar 100% do produto e obtivemos êxito”, explicou o professor Harvey Villa, que participou do estudo.
O uso do babaçu também teve como objetivo gerar renda para as comunidades tradicionais, com uma produção de baixo impacto ambiental, disse a pesquisadora Guilhermina Cayres, líder do estudo.
“Aprendemos a assar e torrar o bagaço no forno para atingir o ponto certo e transformá-lo em farinha da amêndoa, um produto que substitui o coco ralado em todas as formulações, dá muito mais crocância e tem melhor aceitação pelos consumidores”, relata Rosângela Lica, da Cooperativa Mista da Agricultura Familiar e do Extrativismo do Babaçu (Coomavi).
O produto é voltado para consumidores específicos, como aqueles com restrição ao glúten ou à lactose, explica Cayres.
A pesquisa foi desenvolvida com a colaboração de um grande grupo: mulheres da Coomavi, da Associação Clube de Mães Quilombolas Lar de Maria e da Associação de Quebradeiras de Coco de Chapadinha do Assentamento Canto do Ferreira.
Também fizeram parte dos estudos pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e da Universidade Federal do Ceará (UFC), em parceria com a Rede ILPF e financiamento da Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ) no Brasil.
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Farinha da amêndoa do babaçu
Divulgação / Embrapa
O que vai na receita
Para ficar parecido com a carne de hambúrguer, os cientistas acrescentaram a casca da banana junto à amêndoa, para dar estrutura, sabor e maciez ao fritar.
Além disso, também é usada a farinha de arroz. Ela dá liga aos temperos e ajuda a melhorar a vida útil (que pode chegar a 6 meses para o hambúrguer congelado) e a qualidade nutricional, que contém 13,17% de proteína.
O hambúrguer foi saboreado por alunos do curso de gastronomia do Instituto Estadual do Maranhão (Iema). Só depois que eles aprovaram o produto, o alimento passou a ser comercializado nas feiras.
Quebradeiras de coco preparam o hambúrguer de babaçu
Divulgação / Embrapa
Coco babaçu
Embrapa / Divulgação
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