Thiago Martins Faria vai a júri quase dois anos após o crime. Ele foi preso em junho deste ano, durante uma abordagem policial na zona sul de São José dos Campos. Thiago Martins Faria foi preso em junho, no Campo dos Alemães, em São José dos Campos (SP)
Reprodução
A Justiça realiza, na manhã desta quarta-feira (21), o júri popular do homem acusado de agredir a professora Magda Faria, em setembro de 2022, em Jacareí (SP). Ela precisou fingir estar morta para sobreviver às agressões.
De acordo com o Tribunal de Justiça, o julgamento de Thiago Martins Faria está previsto para acontecer a partir das 10h.
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O julgamento de Thiago acontece pouco mais de dois meses após ele ser preso. Ele estava em um carro que foi parado durante uma fiscalização da polícia, na Zona Sul de São José dos Campos, em junho deste ano. A determinação do júri popular foi tomada pelo Tribunal de Justiça em setembro do ano passado.
Na decisão, a juíza destacou que o crime ocorreu por questões de gênero, se classificando como tentativa de feminicídio, relembrou que as agressões foram realizadas na frente do filho da vítima e ponderou que a mulher só sobreviveu por circunstâncias que fugiram do controle do agressor, já que a professora conseguiu pedir ajuda a vizinhos.
Thiago vai responder por tentativa de feminicídio, que é quando a violência praticada contra a mulher tem motivação por razões da condição de gênero.
O g1 entrou em contato com a defesa de Thiago Martins Faria, mas, até a publicação desta reportagem, não obteve retorno.
Professora de Jacareí finge estar morta depois de ser agredida pelo marido
O caso
Magda foi espancada no dia 4 de setembro de 2022, na própria casa em Jacareí e na frente do filho, que na época tinha de sete anos. Ela conta que era casada há 10 anos, quando o homem acordou desnorteado e a agrediu.
Ainda segundo a vítima, ela pediu diversas vezes para ele parar com os golpes e tentou fugir dele, mas não conseguiu. “Eu tentei tirar ele de cima de mim, mas não conseguia. Ele me jogou no chão e me espancou, esmurrando meu rosto e minha cabeça sem parar. O tempo todo ele falava que iria me matar e não parava com as agressões”, narrou na época ao g1.
Sem conseguir se defender e temendo não sobreviver, a mulher decidiu fingir que estava morta, para ver se o homem parava com os ataques.
“Eu prendi a respiração e fiquei sem me mexer, só recebendo os socos. Ele achou que eu tivesse morrido, então parou com as agressões e foi para o quarto voltar a dormir. Quando percebi que ele realmente estava dormindo, com muito esforço consegui me levantar do chão e pedir ajuda para os vizinhos”, disse.
Imagens fortes
g1
‘Só sobrevivi porque fingi estar morta’, diz professora que foi espancada pelo marido em Jacareí.
Arquivo pessoal
Sequelas e busca por justiça
Magda ficou com várias sequelas físicas e emocionais após a violência, perdeu a sensibilidade do lado direito do rosto, as lesões incharam o rosto dela a ponto de não conseguir abrir os olhos e passado mais de um ano das agressões, ela ainda sofre com dores pelo corpo.
O caso foi registrado pela Polícia Civil e uma medida protetiva foi expedida, que proíbe o homem de ficar a menos de 100 metros de Magda. Com o homem foragido, a professora não se sentia segura e temia novas agressões, por isso viveu por meses uma vida discreta, escondida e sendo monitorada por agentes de segurança.
O caso foi revelado pelo g1 em setembro de 2022 e ganhou repercussão nacional após a vítima denunciar o crime, pedir por justiça e mostrar as sequelas físicas severas que teve após as agressões.
‘Não foi lesão corporal, foi tentativa de feminicídio’, diz professora espancada pelo marido em Jacareí.
Reprodução/TV Globo
Além de dores de cabeça, Magda conta que ainda não consegue enxergar muito com o olho direito e perdeu a sensibilidade no rosto.
Enquanto o homem ainda estava foragido, Magda contou que se sentia insegura com ele nas ruas e que acreditava que só conseguiria recomeçar quando ele fosse preso. Aos poucos, no entanto, ela tentava retomar uma vida normal.
“A minha vida de antes não consigo retomar. Ainda tenho bastante medo, mas minha luta é para que a justiça seja feita. A gente sente medo, mas não pode se calar. Estou esperançosa que seja feita a justiça, que ele pague pelo que fez, que seja condenado e capturado pela polícia. Só assim eu e meu filho vamos voltar a viver”, afirmou.
Sobrevivente de violência brutal, professora Magda Faria foi homenageada pela coragem de denunciar o agressor
Arquivo pessoal
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