12 de outubro de 2024

Homem é condenado a 16 anos de prisão por homicídio de travesti em Fortaleza

Vítima foi morta em fevereiro de 2017, apenas dez dias após o assassinato da travesti Dandara, também na capital cearense. Homem é condenado a 16 anos de prisão por participar de homicídio de travesti em Fortaleza
MPCE
Um homem foi condenado a 16 anos e seis meses de prisão por homicídio triplamente qualificado contra uma travesti de 26 anos conhecida como Beyoncé. O crime aconteceu em fevereiro de 2017 no bairro Messejana, em Fortaleza.
✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Ceará no WhatsApp
Conforme o Ministério Público do Ceará (MPCE), o condenado, identificado como Josimberg Rodrigues de Abreu, participou da série de agressões que levaram à morte de Beyoncé.
O Josimberg utilizou o dorso de uma faca para agredir a vítima, que já havia sido espancada com socos e pontapés. De acordo com laudo da Perícia Forense, ela faleceu em decorrência de uma hemorragia abdominal.
No júri, o promotor Marcus Renan Palácio de Morais Claro dos Santos, responsável pela acusação no caso, defendeu que o crime foi cometido por motivação transfóbica e que Josimberg agiu com crueldade, uma vez que submeteu a vítima já ferida a intenso sofrimento físico e psíquico.
O tribunal do júri condenou Josimberg a pagar de R$ 20 mil de indenização à família da vítima, além de cumprir 16 anos e seis meses de prisão por homicídio triplamente qualificado – por motivo torpe, meio cruel e emprego de recurso que impossibilitou a defesa da vítima. O condenado pode recorrer da sentença, mas já vai começar a cumprir a prisão imediatamente.
A morte de Beyoncé aconteceu apenas dez dias após o assassinato da travesti Dandara no bairro Bom Jardim, também em Fortaleza. O caso teve repercussão internacional e levou à condenação de 7 dos 8 envolvidos no crime – um deles morreu antes de ir a julgamento.
O promotor Marcus Renan, que também atuou no processo que levou à condenação dos oito responsáveis pela morte de Dandara, destacou que o Ceará é o terceiro estado do Brasil com o maior número de assassinatos de pessoas trans e travestis. “Os números, provavelmente, são maiores, já que muitos dos casos são subnotificados”, destacou.
Fórum Clóvis Beviláqua
Natinho Rodrigues/SVM
LEIA TAMBÉM:
Relembre a história de Dandara dos Santos, travesti que dá nome ao projeto de lei que aumenta a pena de LGBTcídio
Rua de Fortaleza homenageia Dandara dos Santos e será a 1ª do Ceará com nome de uma travesti
O crime
No dia 25 de fevereiro de 2017, Beyoncé e uma amiga estavam caminhando e passaram em frente a um estabelecimento, no qual havia um grupo que passou ofender as amigas com xingamentos transfóbicos.
A vítima, então, reagiu e se aproximou do grupo para reclamar. Nesse momento, teria iniciado a agressão, com Beyoncé sendo atingida por socos e murros. A amiga com quem ela estava conseguiu tirá-la do foco da agressão, e as duas saíram cambaleando do local.
Contudo, pouco mais à frente, Beyoncé caiu desfalecida na calçada de uma peixaria, na qual Josimberg trabalhava. Ele então teria se juntado à agressão e lesionado a travesti com o dorso de uma faca que usava para cortar peixe.
Após esta segunda agressão, as duas amigas conseguiram fugir e chegar à casa de uma terceira amiga, a partir da qual Beyoncé foi socorrida para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Messejana, reclamando de fortes dores abdominais. Ela veio a óbito no local, com hemorragia abdominal fechada.
Conforme o Ministério Público, Josimberg concorreu com a prática do crime, isto é, ele contribuiu para o assassinato da vítima. Os outros envolvidos na agressão inicial não foram identificados.
Assista aos vídeos mais vistos do Ceará

Mais Notícias