4 de outubro de 2024

Homenagens dão a medida da importância de Cid Moreira para profissionais do jornalismo, do rádio e da televisão

A história da TV passa pela imagem de Cid na bancada do Jornal Nacional. A parceria mais longa foi com Sérgio Chapelin e ficou na memória de milhões de brasileiros. Veja depoimentos de colegas de Cid Moreira em homenagem ao jornalista
Nesta quinta-feira (3), a notícia da morte do Cid Moreira motivou manifestações de admiração e de respeito de inúmeras pessoas. Declarações públicas que dão a medida da importância dele para os profissionais do jornalismo, do rádio e da televisão.
A história da TV passa pela imagem de Cid Moreira na bancada do Jornal Nacional. E ele não estava só.
“A nossa parceria foi bastante longa. Me ajudou muito porque, na verdade, eu tinha que me superar para conseguir ficar no mesmo patamar dele. Ele sempre foi determinado. Sempre foi de trabalhar muito, muito, muito”, diz Sérgio Chapelin, jornalista e ex-apresentador do Jornal Nacional.
Os apresentadores que estiveram ao lado de Cid Moreira também tinham um vozeirão. Mas dizem que a dele era incomparável. Não só porque soava tão grave: o ponto é que ele acertava exatamente o tom de cada notícia. Cid Moreira deixou o Jornal Nacional, mas foi referência para uma geração inteira.
“O Cid Moreira nasceu com uma voz maravilhosa, maravilhosa. Um timbre espetacular. Mas ele se aplicou porque tinha talento para isso, e transformou essa voz em um instrumento de trabalho absolutamente inigualável e insubstituível. Eu acho que, para quem trabalha com voz, o Cid será sempre uma referência a ser lembrada e eu diria até cultuada”, afirma William Bonner, editor-chefe e apresentador do Jornal Nacional.
“O ‘boa noite’ do Cid Moreira era ao mesmo tempo uma âncora de segurança, podia ser um alerta, para o qual todo mundo prestava atenção e, ao mesmo tempo, um bálsamo que queria dizer ‘está tudo bem’”, diz Renata Vasconcellos, apresentadora do Jornal Nacional.
“Eu não me esqueço da primeira vez que entrei ao vivo no Jornal Nacional foi ele me chamando, era uma enchente no Rio: ‘De lá fala, ao vivo, a repórter Fátima Bernardes’. Nossa, aquilo foi muito emocionante, tremi muito naquele momento”, conta Fátima Bernardes, jornalista e ex-apresentadora do Jornal Nacional.
Cid Moreira e Sérgio Chapelin
Jornal Nacional/ Reprodução
Sandra Annenberg lembrou da generosidade do colega.
“Ele sempre ensinou o que ele sabia. Ele não retinha absolutamente nada para ele. Agora, aquela voz ninguém teve, ninguém terá jamais”, diz Sandra Annenberg, apresentadora do Globo Repórter.
Patrícia Poeta conta que fazia como muitos de nós: respondia para o Cid.
“Na entrevista que fiz no ano passado na casa dele, que a gente colocou a bancada na sala, eu falei: ‘Cid, quando eu era pequena dava boa noite para você. Assim que você dava boa noite, eu dava boa noite, aí a gente podia seguir, ou ir jantar ou ir dormir’”, lembra Patrícia Poeta, apresentadora do Encontro.
Cid Moreira, ícone do jornalismo da televisão brasileira, morre aos 97 anos
No Fantástico, a seriedade das notícias deu lugar a um Cid que brincava com a voz.
“Ele sempre esteve no meu coração. Sempre que as pessoas me encontram, elas imitam a voz dele. É como perder um parceiro”, afirma Mister M, ilusionista interpretado por Val Valentino.
“Ele era uma pessoa extremamente doce, querida, bem-humorada, crítica. Eu digo para o meu querido Cid Moreira: boa noite eterno, boa noite para sempre, boa noite permanentemente e o agradecimento que eu faço a esse jornalista brilhante que marcou época na televisão brasileira”, diz o empresário José Bonifácio de Oliveira Sobrinho.
Em nota, a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) declarou que Cid exerceu a profissão com ética e compromisso com a verdade dos fatos.
O presidente Lula escreveu: “Com tristeza, o Brasil se despede hoje de uma das personalidades mais conhecidas da história do nosso jornalismo e da televisão. Seu legado sempre será lembrado”.
O presidente do STF – Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, disse também em uma nota: “Jornalista experiente, levou ao Brasil algumas das mais relevantes notícias dos nossos tempos”.
E o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco, escreveu: “Ao longo de décadas, Cid Moreira conquistou o respeito e a admiração de gerações de brasileiros, com sua credibilidade e profissionalismo”.
A crítica de TV Patrícia Kogut diz que Cid é um símbolo da televisão:
“Ele é uma figura muito importante. Ninguém vai falar em televisão brasileira sem mencionar o Cid Moreira. Já é assim, ele já ocupa esse lugar imenso”.
“Tinha uma capacidade sobrenatural na sua interpretação. Mesmo na primeira leitura de um texto, adivinhava a emoção exigida antes mesmo da conclusão da frase. Isso ao vivo. Inexplicável. Algo me diz que Cid vai se surpreender com a repercussão de sua chegada ao céu. Os trovões vão ficar roucos de ciúmes”, diz Pedro Bial.
LEIA TAMBÉM
Bonner e Renata contam como Cid Moreira era nos bastidores do JN: ‘Extremo bom humor’, ‘olhar carinhoso’ e ‘alma leve’
Mulher ficou ao lado de Cid durante os 29 dias de internação e lembra pedido do marido: ‘Estão fazendo as redes sociais para mim?’
Leo Batista diz que Cid Moreira um dia apresentou o JN de bermuda e tênis: ‘Chegou correndo’
Conheça a relação de Cid Moreira com Petrópolis, onde foi homenageado como cidadão e passou os últimos dias de vida

Mais Notícias